segunda-feira, 31 de outubro de 2011

ALVAR(INHO) o manda-chuva

O Ministro da economia, Álvaro Santos Pereira, sempre disse, a propósito da redução anunciada da Taxa Social Única, que tal medida iria contribuir para o aumento da competitividade das empresas e, assim, aumentar as exportações. Durante um largo período, mau grado todas as vozes em contrário, manteve a sua teimosia. Depois, foi o que se viu… Afinal ia ser apenas… mas que não, tinha era de ser significativamente diminuída e, finalmente, foi para esquecer.
Então, em substituição dessa defunta intenção, surgiu o anúncio do aumento de meia hora por dia do horário de trabalho.
Trata-se de uma decisão que, de um momento para o outro, põe em causa as oito horas de trabalho, como tempo máximo, um avanço civilizacional que muito custou a conquistar e que contribui para o equilíbrio da vida familiar.
Se se juntar os também previstos cortes dos feriados, então, aos subsídios de férias e natal que vão deixar de ser pagos, há que adicionar mais um mês de trabalho anual igualmente não pago.
Questionado sobre a situação daí resultante, o Ministro, com enorme desplante, sem querer saber das consequências que tal trará na própria vida familiar dos que trabalham, limitou-se a dizer, do alto da sua cátedra, que:

“o aumento do horário de trabalho é uma lufada de ar fresco para a competitividade, que vai criar mais empregos e mais exportação”
    
Um vendedor de banha-da-cobra, não diria melhor!
Mas o Álvar(inho) disse, está dito…


Este sujeito faz-me lembrar um episódio passado no Quartel de Mafra, no curso de Oficiais Milicianos. Todos os dias, de manhã, a Companhia formava na parada, sendo que, quando estava tempo de chuva, era hábito levarmos um pano de tenda, para nos protegermos, durante a instrução militar.
Naquele dia, chovia copiosamente e os Cadetes lá formaram com o pano de tenda pelas costas.
O Capitão Silva, homem não muito grande, mas sempre de botas de montar, surgiu e o Alferes mais antigo, mandou “sentido” e apresentou a Companhia ao Capitão.
Após um período de silêncio, o capitão ergueu a voz e berrou:
- Os panos de tenda só se usam quando chove. Quem diz se chove ou não é o Comandante da Companhia. E o Comandante sou eu. E eu digo que não está a chover. Alferes, mande destroçar, para os Cadetes, em cinco minutos, irem pôr os panos de tenda nos cacifos. Quem demorar mais fica sem fim-de-semana.

No percurso para a caserna, os comentários foram muitos e variados, mas o que me pareceu mais apropriado, foi o de um cadete que disse:
- Este gajo, além de labrego, não passa de um “manda-chuva”.  

                                                                                                  
                                                                                                                                

domingo, 30 de outubro de 2011

REFLEXÃO

Não tens de ganhar cada discussão.
Deves estar de acordo em não estar de acordo.

                                                                                                            Regina Brett

RELVAS ... PIM!

Miguel Relvas aparece, frequentemente, na televisão, porque gosta de se pôr a jeito e daí ganhar uma importância que de outra forma, certamente, não teria.
Independentemente do que diz e diz muitos disparates, a arrogância com que o faz, num tom de superioridade, como se estivesse a falar para atrasados mentais, é bem marcante da ideologia que professa, em que o desprezo, pelas consequências para os Cidadãos das medidas que tomam, é uma constante.

Mas, afinal, quem é o Relvas? Que provas deu até hoje que lhe permitam falar com tal autoridade, como se as soluções que apresenta fossem únicas e indiscutíveis?
Já repararam como fala da situação a que chegámos e dos sacrifícios que temos de suportar, como se todos fossemos culpados, excepto ele, claro?
E aquele olhar vítreo, focado no horizonte longínquo, enquanto responde, menosprezando as perguntas que lhe fazem?
O Relvas é um arroto…
MORRA O RELVAS, MORRA! PIM!
Sem o comparar, nem de perto, nem de longe, com o Júlio Dantas, parece-me interessante e muito apropriado, substituir o Dantas pelo RELVAS, no Manifesto Anti-Dantas, escrito por Almada Negreiros,

www.triplov.com/almada_negreiros/anti_dantas.htm

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

MEDIDAS PALIATIVAS

Começa a ser evidente e, consequentemente, a ser compreendido por um maior número de Cidadãos, que na génese da crise que atravessamos está, essencialmente, a lógica do Capitalismo em que nos movemos.
Relembremo-nos que o Sistema Capitalista sempre se mostrou hábil na organização da produção, mas não na distribuição da riqueza e, que a tendência natural do seu desenvolvimento vai sempre no sentido da concentração da riqueza. Daí resulta, naturalmente, o aparecimento de grandes grupos económicos e financeiros que tendem a dominar tanto os poderes económicos como os poderes políticos instalados.
Quem tem muito, quer sempre mais!
A consequência é que a riqueza vai passando, na sua totalidade para um dos lados, até que se esgota do outro.
Quando se atinge esse ponto de saturação, começa, inevitavelmente, a desenhar-se um movimento de revolta, cujo desfecho incerto assusta os detentores do capital, que começam, então, a aceitar medidas paliativas, anteriormente impensáveis, procurando, assim, senão apagar na íntegra, pelo menos acalmar o incêndio já à vista.

O que está a acontecer com o apregoado perdão de parte da dívida à Grécia, com a criação de um amplo fundo de resgate e, provavelmente, com o alargamento dos prazos de pagamento das chamadas dívidas soberanas, não é mais do que, por essa via, adiar alterações inevitáveis deste sistema capitalista selvagem, que não olha a meios para voltar de novo a concentrar a riqueza.

Medidas de fundo que alterem o modo como o sistema capitalista procede à distribuição da riqueza, que levem em conta, de forma mais proporcional, o esforço que cada um desenvolve no exercício da sua actividade profissional, não esquecendo, também, que qualquer trabalhador é um ser humano, não se vêem surgir e, pior ainda, é que nem de tal se quer falar.

O que se está, entretanto, a fazer, pode ser importante e evitar, de momento, uma explosão de dimensões incalculáveis, mas não resolve o fundo do problema, porque de facto o que os decisores pretendem é mudar apenas alguma coisa para que tudo fique na mesma… 

sábado, 22 de outubro de 2011

OGE – CORTE NOS SUBSÍDIOS

A razão pela qual o Governo não pode considerar que o não pagamento dos Subsídios de Férias e de Natal à Função Pública, em 2012 e 2013, é uma medida estrutural pelo lado da Despesa, é que, para assim ser, tal corte teria de ser para sempre, o que iria ocasionar, de forma indiscutível, a sua inconstitucionalidade por perder o carácter excepcional e provisório.
Mas, não tenhamos dúvidas, que essa intenção está na cabeça do Governo, ainda que a não revelem.
Na fase em que já vamos, não me parece possível que parte das receitas a arrecadar pelo Estado, em 2012 e 2013, não resultem de cortes destes Subsídios. O que me parece é que deve (tem de) ser negociada esta medida tornando-a, no mínimo, mais equitativa e mais humana.

Aceitando que há diferenças entre as remunerações do Sector Público e do Sector Privado, favorável ao primeiro nos escalões mais baixos e nos intermédios e que a impossibilidade de despedimento ainda existente possa, ainda que, indirectamente, constituir um valor acrescentado às remunerações auferidas, tal não representa uma tão grande diferença que justifique o corte de dois meses àqueles funcionários e aos pensionistas e nada aos trabalhadores do sector privado.
Trata-se de uma medida cega que não tem em consideração os efeitos devastadores naquelas famílias, pelo que se torna indispensável lutar para, pelo menos, suavizar esse enorme sacrifício, estendendo-o ao sector privado.

Certamente que os especialistas poderão encontrar forma de “distribuir o mal pelas aldeias”, tendo em consideração, por exemplo, o seguinte:

1.       O valor que o Governo pretende inscrever no OGE é o que resulta do não pagamento dos subsídios (2 meses) ao Sector Público e Pensionistas;
2.       O corte equivalente no Sector Privado atingiria um valor muito superior aquele;

Então:
Descontar-se-ia apenas um mês ao Sector Público e ½ mês aos Pensionistas, sendo a diferença, para o valor total que está definido, suportado, através de Imposto, pelo Sector privado, o que, certamente, daria, menos de um mês.


Por esta via, o mal seria distribuído por todos, mantendo-se o argumento de ser maior o valor a suportar pelos Funcionários Públicos, face ao privilégio da segurança no emprego.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

ESPERTEZA SALOIA


O “AVISADOR-MOR” do Reino voltou de novo a atacar, criticando as medidas apontadas por Passos Coelho para o Orçamento de 2012. E porquê, se, ainda por cima, se apresenta contra o Governo que ele próprio ajudou a ser eleito?
 À semelhança das outras vezes, o que ele quer, se tudo correr mal, como provavelmente vai acontecer, é, poder vir a dizer, “Eu bem avisei”.
Será que o homem julgará que todos nós somos parvos?
“ESPERTEZA SALOIA” é o que é….

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Subject: Quem pagou os estragos do Hitler? ler mesmo --- Almeida Garret


Recebi este texto que aqui se reproduz pelo interesse e oportunidade de relembrar o passado próximo



MEMÓRIA CURTA ...  Convém relembrar a História....
Artigo muito interessante, numa análise objectiva que vai muito para lá duma possível opinião meramente pessoal...
 Alemanha "raínha das dívidas"
publicado 14:37 21 Junho 2011
 O historiador Albrecht Ritschl evoca hoje em entrevista ao site de Der Spiegel vários momentos na História do século XX em que a Alemanha equilibrou as suas contas à custa de generosas injecções de capital norte-americano ou do cancelamento de dívidas astronómicas, suportadas por países credores, grandes e pequenos.
Ritschl começa por lembrar que a República de Weimar viveu entre 1924 e 1929 a pagar, com empréstimos norte-americanos, as reparações de guerra a que ficara condenada pelo Tratado de Versalhes, após a derrota sofrida na Primeira Grande Guerra. Como a crise de 1931, decorrente do crash bolsista de 1929, impediu o pagamento desses empréstimos, foram os EUA a arcar com os custos das reparações.

A Guerra Fria cancela a dívida alemã
Depois da Segunda Guerra Mundial, os EUA anteciparam-se e impediram que fossem exigidas à Alemanha reparações de guerra tão avultadas como o foram em Versalhes. Quase tudo ficou adiado até ao dia de uma eventual reunificação alemã. E, lembra Ritschl, isso significou que os trabalhadores escravizados pelo nazismo não foram compensados e que a maioria dos países europeus se viu obrigada a renunciar às indemnizações que lhe correspondiam, devido à ocupação alemã.

No caso da Grécia, essa renúncia foi imposta por uma sangrenta guerra civil, ganha pelas forças pró-ocidentais já no contexto da Guerra Fria. Por muito que a Alemanha de Konrad Adenauer e Ludwig Ehrard tivesse recusado pagar indemnizações à Grécia, teria sempre à perna a reivindicação desse pagamento, se não fosse por a esquerda grega ficar silenciada na sequência da guerra civil.

À pergunta do entrevistador, pressupondo a importância da primeira ajuda à Grécia, no valor de 110 mil milhões de euros, e da segunda, em valor semelhante, contrapõe Ritschl a perspectiva histórica: essas somas são peanuts ao lado do incumprimento alemão dos anos 30, apenas comparável aos custos que teve a crise do subprime em 2008, para o EUA. A gravidade da crise grega, acrescenta o especialista em História económica, não reside tanto no volume da ajuda requerida pelo pequeno país, como no risco de contágio a outros países europeus.

Tiram-nos tudo - "até a camisa"
Ritschl lembra também que em 1953 os próprios EUA cancelaram uma parte substancial da dívida alemã - um haircut, segundo a moderna expressão, que reduziu a abundante cabeleira "afro" da potência devedora a uma reluzente careca. E o resultado paradoxal foi exonerar a Alemanha dos custos da guerra que tinha causado, e deixá-los aos países vítimas da ocupação.

E, finalmente, também em 1990 a Alemanha passou um calote aos seus credores, quando o chanceler Helmut Kohl decidiu ignorar o tal acordo que remetia para o dia da reunificação alemã os pagamentos devidos pela guerra. É que isso era fácil de prometer enquanto a reunificação parecia música de um futuro distante, mas difícil de cumprir quando chegasse o dia. E tinha chegado.

Ritschl conclui aconselhando os bancos alemães credores da Grécia a moderarem a sua sofreguidão cobradora, não só porque a Alemanha vive de exportações e uma crise contagiosa arrastá-la-ia igualmente para a ruína, mas também porque o calote da Segunda Guerra Mundial, afirma, vive na memória colectiva do povo grego. Uma atitude de cobrança implacável das dívidas actuais não deixaria, segundo o historiador, de reanimar em retaliação as velhas reivindicações congeladas, da Grécia e doutros países e, nesse caso, "despojar-nos-ão de tudo, até da camisa".
 

     Os Pobres ( I )

     " ... ó geração de vapor e de pó de pedra, macadamizai estradas, fazei caminhos de ferro, construí passarolas de Ícaro, para andar a qual mais depressa, essas horas contadas de uma vida toda material, massuda e grossa como tendes feito esta que Deus nos deu tão diferente daquela que hoje vivemos. Andai, ganha-pães, andai : reduzi tudo a cifras, todas as considerações deste mundo a equações de interesse corporal, comprai, vendei, agiotai - No fim de tudo isto, o que lucrou a espécie humana ? Que há mais umas poucas dúzias de homens ricos. E eu pergunto aos economistas políticos, aos moralistas, se já calcularam o número de indivíduos que é forçoso condenar à miséria, ao trabalho desproporcionado, à desmoralização, à infâmia, à ignorância crapulosa, à desgraça invencível, à penúria absoluta, para produzir um rico ? [ ... ] cada homem rico, abastado, custa centos de infelizes, de miseráveis. "

                              Almeida Garrett, in " Viagens na Minha Terra ", ( 1843 )                          
    
 


terça-feira, 18 de outubro de 2011

REFLEXÃO

"Todo o santo tem um passado e todo o pecador um futuro"

Frase referida no filme "Uma boa mulher", realizado por Mike Barker, a partir da
adaptação da peça de Oscar Wilde "O leque de Lady Windermere".

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

LEGALIDADE e LEGITIMIDADE

Pedro Marques Lopes, um indefectível e assumido PSD, declarou, num programa da SIC, que votou no PSD e neste Governo, mas não nestas medidas.
Certamente, como ele, muitos portugueses, perplexos com o desenvolvimento da acção governativa, completamente contrária às promessas e aos programas apresentados pelos partidos no poder, sentir-se-ão enganados e, se soubessem o que hoje sabem, ponderariam, certamente, a sua escolha e, muitos, provavelmente, alterariam o sentido do seu voto.
Legalmente, perante o resultado das eleições, é ao PSD (que escolheu coligar-se com o CDS/PP) que compete governar. Mas será legitimo fazê-lo, esquecendo tudo o que disse e prometeu? É que legítimo é estar conforme à lei, mas também à justiça, à razão e às regras estabelecidas.
Aliás, parece cada vez mais clara a diferença abismal entre a intenção, quiçá ingénua, de Passos Coelho, quando prometia um conjunto de acções que iriam, rapidamente, salvar o País e a necessidade que tem tido em engolir grande parte do que então disse, porque, muito provavelmente, a linha ideológica dominante dentro do Governo a tal o tem obrigado.
Ele é que fez as promessas, mas quem acham que, de facto, está a governar? Aos poucos, iremos constatar que o 1º Ministro está a ficar refém dos ortodoxos neoliberais que o cercam.
E, onde estão os sociais-democratas do PSD que negociaram e assinaram o acordo com a Troika? Nada dizem? Abdicaram das suas convicções? Estão de acordo com a linha ideológica seguida pelo Governo?
E, o que é feito do “chefe” do partido da coligação Paulo Portas? Está de férias? Ou, procura não se comprometer para não ficar enlameado, quando tudo isto der um estoiro?
A inexperiência e a teimosia destes teóricos académicos, que não têm em conta a vida real deste País, porque a desconhecem, vai nos custar muito caro. Mas é bom que, então, juntem à intenção, que estão a manifestar de criminalizar os culpados da situação em que estamos, todos aqueles que estão a determinar a situação que iremos ter.

domingo, 16 de outubro de 2011

SACRIFÍCIOS / REGENERAÇÃO / INQUISIÇÃO

Começa a ser unânime a ideia de que, se o prazo de tempo necessário para se atingir um deficit de 3% fosse alargado, os sacrifícios que nos são exigidos poderiam ser mais leves porque diluídos no tempo, e, por outro lado, haveria também algum dinheiro para injectar na economia, possibilitando-lhe condições para que, mais rapidamente, pudesse começar a crescer.

Isto parece tão racional, que não se consegue perceber que tal cenário ainda não tenha sido apresentado à Troika, tornando o acordo mais realista e, consequentemente, mais exequível.
E, tal deveria ter sido feito antes do Orçamento, podendo mesmo ficar, esse alargamento de prazo, condicionado ao cumprimento efectivo do objectivo que está estabelecido para 2011, o que constituiria um bom motivo justificativo dos desmesurados sacrifícios porque vamos ter de passar.

Os portugueses não podem ter de dar tudo em troca de nada e, no mínimo, tem todo o direito a tomar conhecimento:

a)      Se o Governo acha ou não que seria melhor um prazo mais alargado para se atingir o objectivo dos 3%;
b)      Em caso afirmativo, se já propôs esse ajustamento à Troika;
c)       Se não o fez, quais as razões;
d)      Se o propôs, qual foi a resposta da Troika.

Ficaríamos, assim, a saber, quem não quer e porquê, que o prazo seja alargado, para bem de todos nós.

É essencial que esta questão seja clarificada, porque, cá por mim, ando desconfiado, face às ideias ortodoxas de alguns dos nossos governantes, que não sejam eles próprios a acharem que estas violentas medidas têm mesmo de ser tomadas, porque elas contribuem para a regeneração do povo.
Francamente, cheira-me bastante a Inquisição.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

FEUDALISMO ENCAPOTADO

Está a ser genericamente aceite, pela maioria dos intervenientes políticos, que atingir o objectivo de 3% do PIB para o deficit, em 2013, é praticamente impossível por acarretar sacrifícios desproporcionados e, nalguns casos, mesmo desumanos. Acresce ainda, que as medidas de austeridade são de tal ordem que, nessa altura, a economia estará de tal forma destroçada que ninguém se atreve a dizer como então se processará a sua necessária recuperação.
Assim sendo, porque razão, os responsáveis políticos não assumem uma atitude clara e transparente no sentido de ser alterada essa premissa, tornando o acordo com a Troika mais realista e, consequentemente, exequível?

Tenho para mim, porém, que esse consenso não é assim tão generalizado como tem parecido.
O Governo, por exemplo, não se define, de forma clara sobre esta matéria, referindo até que não é conveniente a reestruturação da dívida. Aliás, estou mesmo convencido que o seu principal mentor, que neste momento é o Ministro das Finanças, não está de acordo com tal alteração.
Vitor Gaspar, que nos aparece com ar de quem não mata uma mosca, mas que de cândido só tem mesmo o ar, tem-se mostrado irredutível relativamente ao seu modelo teórico, cujo desenvolvimento está a levar por diante, custe o que custar, esquecendo por um lado as pessoas e por outro que cada país tem as suas características próprias e que as “receitas” não podem ser aplicadas tipo “chapa 3”.
Temos de pagar sim, mas de forma adequada!

Não consigo perceber toda esta cobardia, este pôr de cócoras perante os países ditos mais fortes da União Europeia, como se tivéssemos roubado alguma coisa ou eles não tivessem nada a ver com a situação criada.
De um momento para o outro passámos a não valer nada?
Não temos o direito a procurar salvaguardar o nosso futuro?
Claro que continuamos a ter imenso valor e não só temos o direito como o dever de nos defendermos, sendo certo, que os poderosos não são parvos e sabem muito bem que se nós cairmos, eles virão atrás, restando saber quem é que é mais afectado. E isso, de certeza, eles não querem!

Não podemos continuar a aparecer perante a comunidade internacional como um país aprazível, como um povo de coluna dobrada, aparentemente pacífico, com salários dos mais baixos da Comunidade, com um enorme desemprego e com uma distribuição de rendimentos das mais injustas, dispostos a ceder, a qualquer preço, o resto da nossa soberania a troco de uns investimentos, que, rapidamente, se vão logo que surja uma outra qualquer oportunidade para eles de ganhar mais, seja o que for e onde quer que seja.
Chega de rastejar… É preciso ter consciência que eles não estão assim tão melhores do que nós!

Chegados aqui, conviria ter em atenção que o que se está a passar se enquadra na lógica do Sistema.
De facto, o Capitalismo sempre se mostrou hábil na organização da produção, mas não na distribuição da riqueza.
A tendência natural do seu desenvolvimento vai sempre no sentido de concentrar a riqueza, formando-se grandes grupos económicos que, com a sua “força”, dominam os poderes económico e político. Aliás, a apregoada Globalização foi o momento áureo de tal desígnio.

Mas o que é curioso é que toda a classe dirigente procura, com os mais variados argumentos, anestesiar a população, justificando os sacrifícios que nos querem impor, com a ideia de que
“ gastámos acima das nossas possibilidades e agora temos de pagar”.
É preciso desmitificar esta generalização e, para tal, podemos perguntar quem é que gastou acima das suas posses. “Eu não fui. E você, foi? E você? E você?..... Cada um, por si, responderá, invariavelmente, “Eu também não”.
Então afinal quem foi?
Generalizar é uma forma de branqueamento!  
Porque não procurar entre aqueles a quem esse endividamento mais proveitos trouxeram como são, por exemplo, os grandes empreiteiros, os donos das terras, os grandes grupos económicos e os bancos? Mas também as classes dirigentes que querem impor à força essas cegas medidas porque querem manter os seus privilégios, não alterando, significativamente as suas regalias, mas aparecendo com um paternalismo serôdio para os mais desfavorecidos.
Tal atitude leva-me mesmo a pensar que caminhamos, de novo, para um Feudalismo encapotado, com vestes neoliberais.

Não parece possível conseguir uma verdadeira mudança estrutural sem ter, de antemão, em atenção, que a divisão dos rendimentos entre ricos e pobres está a atingir o ponto de saturação e que a estrutura actual, mais tarde ou mais cedo se irá alterar, a bem ou a mal, conforme as classes dirigentes se mantenham ou não intransigentes quanto ao modelo de distribuição da riqueza.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

JOVENS / Prevenir…


Agora que a escola recomeçou, recordo-me de ter lido, há algum tempo, que uma professora de Leiria fez um estudo sobre o peso das mochilas que os alunos levam para a escola e concluiu que, sobretudo, a partir do 5º ano, tal equivale, na maioria dos casos, a mais de um quarto do peso do próprio corpo.
Esta prática causa efeitos muito nefastos nos discos da coluna vertebral, ocasionando dores nas costas e outras perturbações físicas que, normalmente, só se manifestam na adolescência ou mesmo já quando adultos.

Preocupados com o desempenho escolar dos nossos jovens, muitas vezes descuramos a sua saúde física, não nos apercebendo que ambas são essenciais para que atinjam, no futuro, um bem-estar pleno.

Um contributo importante para que tal objectivo seja conseguido é a actividade física, onde se aliam o prazer lúdico e o desenvolvimento harmonioso do corpo.

Eis, pois, uma boa razão, não só para deixarmos que os nossos jovens pratiquem o desporto que mais preferem, mas também para os incentivar, com redobrado entusiasmo, contribuindo, assim, para que as próximas gerações sejam constituídas por saudáveis e alegres vencedores.

domingo, 9 de outubro de 2011

REFLEXÃO - ARTES

FUTEBOL

A selecção portuguesa, longe de nos brindar com boas exibições, está, contudo, de parabéns, porque conseguiu recuperar e está apenas a um ponto de se qualificar para a fase final.
Os habituais arautos da desgraça andam, agora, escondidos atrás das sebes, à espera de um deslize para, de novo, aparecerem a dizer que tinham razão quando avisaram, blá…blá…blá…

Afinal, somos tão bons ou melhores do que outros grandes países, sendo certo que o Futebol, quando jogado a preceito, é, certamente, uma Arte.
 Os nossos intérpretes, jogadores e treinadores, são, reconhecidamente, do melhor que há no nosso planeta, sendo bom, não esquecer, que se trata de uma das maiores indústrias do mundo.

Vamos apoiar Portugal…

CINEMA

(Re)visitar Paris, através do magnífico filme de Woody Allen, Meia Noite em Paris, é deixarmo-nos envolver numa atmosfera única dos anos 20, em que tudo parece que se liga e interliga, numa “conspiração” permanente, para nos conduzir à sedução e ao amor.

A dada altura do filme “ela” diz-lhe:
                                                                 - Apaixona-te por uma fantasia

Façam isso…


TEATRO

Na interpretação de Maria do Céu Guerra, na peça em cena no Cinearte, D. MARIA, A LOUCA, não sei o que é mais admirável,
se, durante cerca de hora e meia, em monólogo, transmitir todo o exigente texto de forma “eloquente” ,
ou, nesse enorme espaço de tempo, conseguir prender a atenção da plateia que, naturalmente, rendida aquela esplêndida interpretação, no final, a aplaude, longamente, de pé.

Vão ver…

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

5 de OUTUBRO - O DISCURSO DO PRESIDENTE

Sempre abominei os falsos conselheiros que, perante uma decisão que vamos tomar, nos referem que não lhes parece ser esse o melhor caminho, sem acrescentarem, em contrapartida, qualquer alternativa.
Quando tudo corre bem, calam-se que nem um rato, se, porém, algo não corre como se previa, aí estão eles a dizer “eu bem avisei”.

O Presidente da República é um desses ilustres “avisadores” que adoptou, no discurso do 5 de Outubro, uma nova forma de avisar. Agora, de uma forma mais abrangente, avança dois avisos, em simultâneo, que tem de haver austeridade “digna” e crescimento económico. E di-lo, com firmeza, dando assim a ideia de que está a referir algo de importante. Mas é preciso desmistificar essa percepção, porque, mais uma vez, o seu discurso foi vazio de conteúdo, não passou de um blá blá, onde nada se refere de como fazer, permitindo-lhe, por isso, em qualquer altura, sacudir a água do capote e, mais uma vez, poder dizer “eu bem avisei”.

O PR anunciou que no dia 5 de Outubro iria falar ao povo, criando assim, alguma expectativa.
Mas que foi que ele disse de novo, e que alguém seja capaz de referir como importante? Nada.
A montanha pariu, mais uma vez, um rato.

Numa situação como a que atravessamos, o mais alto magistrado da Nação, que, ainda por cima, é apontado como um economista de alto gabarito, aos autos disse nada, à semelhança do que tem feito em outras ocasiões, pelo que é preciso que todos percebamos que afinal “o Presidente vai nu”.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

O CONTRATO, O CAVALO DO INGLÊS e OS BURROS

De uma forma simples, pode-se dizer que um Contrato é um acordo entre duas partes sobre objecto lícito e possível, em que os contratantes, reciprocamente, ou, um deles, assume a obrigação de dar, fazer ou não fazer alguma coisa.
Acontece, porém, que sempre que surge qualquer facto extraordinário e imprevisível, tornando o seu cumprimento excessivamente oneroso para uma das partes, pode, o “prejudicado”, pedir a rescisão do acordo ou, pelo menos, a sua revisão.

O Acordo que o Estado Português firmou com a Troika, à semelhança do que está a acontecer na Grécia, tem vindo a mostrar-se impossível de ser concretizado não só pelos valores em causa, como pelo escasso período de tempo previsto, visto ocasionar sacrifícios de tal ordem que, nalguns casos, se tornam desumanos. Aliás, as condições das negociações possibilitaram a assinatura de um verdadeiro contrato leonino * que favorece, abusivamente, uma das partes em prejuízo da outra.
Note-se que, de facto, as verdadeiras partes não são a troika e os partidos portugueses que o assinaram, mas os credores e a população portuguesa sobre quem recaem os efeitos.

Pois bem, assim sendo e, quando já se começam a ouvir vozes por essa Europa, que confirmam a necessidade do perdão de parte da dívida, que razões levam os nossos governantes, os economistas e analistas de sempre e os bem-falantes de serviço a insistirem que Portugal não quer ver reestruturada a sua dívida e alargado o prazo para atingir os 3% de deficit?
Quando é que se compenetram que não vai ser possível pagar a dívida com medidas restritivas que levam à completa destruição da economia, tornando inglórios os sacrifícios a que estamos a ser obrigados?
O cavalo do inglês morreu quando já estava a começar a habituar-se a trabalhar sem comer.
Mas os portugueses, os gregos e os que adiante se verão, a quem, em breve, também irá faltar a comida, talvez, antes de morrer, desatem aos “coices” e depois veremos como é que os param.
Não me parece que as elites governantes sejam burras, mas que são teimosas, não haja dúvida, com os custos que essa atitude acarreta…
Como diria Scolari, eles não querem dar a mão à palmatória e os burros somos nós!


* Contrato leonino – Designação resultante da fábula de Esopo, em que o leão, rei dos animais, evocava essa condição, para exigir sempre a melhor parte.

sábado, 1 de outubro de 2011

SENSIBILIDADE

Quando sentimos que as palavras são insuficientes para exprimirem os nossos sentimentos, é melhor ficarmos calados.
Vejam e comovam-se...
http://www.youtube.com/watch?v=Bpv48BOKSUk&feature=player_embedded