sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Poemas de Dezembro

                 

Poemas de Dezembro
                                   (Carlos Drummond de Andrade)

Fazer da areia, terra e água uma canção
Depois, moldar de vento a flauta
que há-de espalhar esta canção
Por fim tecer de amor lábios e dedos
que a flauta animarão
E a flauta, sem nada mais que puro som
envolverá o sonho da canção
por todo o sempre, neste mundo.

(Dezembro de 1981)


Quem me acode à cabeça e ao coração
neste fim de ano, entre alegria e dor?
Que sonho, que mistério, que oração?
Amor.

(Dezembro de 1985)

EDP – Privatização?

Teoricamente, numa visão liberal, com as privatizações visa-se passar o capital que o Estado detém nas empresas, para o Sector Privado, no pressuposto de que o Sector Público (em Portugal ou em qualquer outro país) gere pior e, portanto, há um ganho de eficiência e a empresa irá funcionar melhor.

No caso da EDP, a venda aos chineses até pode ter sido um bom negócio se daí resultar outros efeitos, nomeadamente, um significativo investimento da China em Portugal, mas, no que se refere à justificação teórica da privatização, tal não é atingida visto que o capital detido pelo Estado português passa, agora, para as mãos do Estado chinês.

Mas, poder-se-á argumentar que o valor obtido com a venda vai permitir, no imediato, diminuir a dívida pública. É verdade, mas é bom não esquecer que estamos perante uma empresa altamente rentável e, que os dividendos, até agora, arrecadados pelo accionista Estado vão deixar de o ser.
Estas contas deveriam ser-nos presentes para se perceber se, de facto, em termos de dinheiros, houve ou não vantagens apreciáveis, que justifiquem a alienação de uma parcela tão significativa daquela empresa estratégica no contexto da economia nacional.

De qualquer forma, é interessante verificar que o foco está a ser posto nos efeitos que se espera venham a acontecer, nos próximos tempos, com os investimentos, que se já se vão dando como certos, por parte dos chineses.

Oxalá se concretizem, caso contrário, subsistirá a dúvida, quanto aos efeitos benéficos desta “privatização”.

Esperemos para ver…



Nota à margem:

Enquanto escrevia este texto, lembrei-me, não sei porquê, de charters cheios de chineses a encher hotéis, restaurantes, museus…

E a propósito, se na assinatura do contrato com os chineses estava presente o Catroga, porque carga de água não convidaram o Futre?

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

REFLEXÃO

A Tirania do Medo 


O nosso mundo vive demasiado sob a tirania do medo e insistir em mostrar-lhe os perigos que o ameaçam só pode conduzi-lo à apatia da desesperança. O contrário é que é preciso: criar motivos racionais de esperança, razões positivas de viver. Precisamos mais de sentimentos afirmativos do que de negativos. Se os afirmativos tomarem toda a amplitude que justifique um exame estritamente objectivo da nossa situação, os negativos desagregar-se-ão, perdendo a sua razão de ser. Mas se insistirmos em demasia nos negativos, nunca sairemos do desespero. 

Bertrand Russell, in 'A Última Oportunidade do Homem'

MUDAR ALGUMA COISA…


Não há ninguém, minimamente informada, que não saiba que as dificuldades que nos estão a ser impostas, resultam, essencialmente, do actual sistema injusto de redistribuição da riqueza, que permite a apropriação, por uns quantos, da quase totalidade do resultado do trabalho de todos nós.

A desproporção entre os valores dos que mais ganham e dos que auferem menores rendimentos, para já não falar dos que nem sequer emprego têm, é gritante e desumana.

Cinicamente, as classes dirigentes que, de uma maneira geral, usufruem destas situações privilegiadas, nesta quadra, desejam a todos que o próximo ano seja o melhor possível, mas, as decisões que tomam são, exactamente, no sentido contrário, sempre ponderadas em função das posições que ocupam e dos valores que mais lhes convêm.

Existe como que um pacto tácito e, portanto, não expresso, entre as elites de todos os quadrantes que, no fundo, se pode exprimir pela tão conhecida ideia
                                             “mudar alguma coisa, para ficar tudo na mesma”.

Anestesiada com a propaganda do medo expressa na inevitabilidade das medidas que estão a ser adoptadas, porque, caso contrário, ainda pode ser pior, a classe média portuguesa, ainda não se apercebeu de como está a ser empurrada para uma vida penosa, de sacrifícios diários em contrapartida de nada.

Quando se consciencializar (e talvez já não falte muito) que o que lhe está a ser exigido é trabalhar mais, ganhar menos e, se desempregado, emigrar, o Cidadão Pacífico português, vai, certamente, reagir, porque não é possível manter, por muito mais tempo, este rumo de empobrecimento sem esperança.

O medo também tem limites e surge sempre um momento em que percebemos que a melhor forma de o vencer é enfrentando-o.
Oxalá, tal não aconteça por razões de sobrevivência.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

CURIOSIDADES GOVERNATIVAS

“CURIOSIDADES”
DAS POLÍTICAS DESTE GOVERNO “LIBERAL”

- Aumentou o IRS
-Aumentou o IVA
- Aumentou a Electricidade
- Aumentou os Transportes
- Aumentou as Portagens

- Cortou ½ Subsídio de Natal em 2011
- Cortou os Subsídios de Férias e de Natal em 2012
- Cortou os Subsídios de Férias e de Natal em 2013
- Congelou os Salários da Função Pública
-Congelou as Pensões
- Suprimiu quatro Feriados
- Vai aumentar o Horário de Trabalho, ½ hora por dia, não remunerada

- Com a TSU é que era, mas talvez menos ou, ou, ou… afinal, é nada

- Na Justiça, agora é que vai ser (do tipo agarrem-me senão eu mato-o) até à vista, nada

- O Desemprego, não pára de aumentar e, medidas para fazer crescer a economia - nada
- Jovens desempregados, o conselho “o melhor é emigrarem”
- Professores desempregados, o conselho “ o melhor é emigrarem”

- As Pensões, de aqui a 20 anos, terão um valor de cerca de metade do actual
- Para se vir a ter uma pensão mais generosa, o conselho “comecem já a poupar” (poupar?)

- Sobre a Europa e as políticas necessárias para nos defendermos dos ataques especulativos dos mercados - é o “sim senhora Merkel”

- Sobre a indispensável renegociação do Acordo com a Troika, talvez, quando já nem “tanga” tivermos

- Não há “almofadas”, agora até há excedentes, mas que não o são, ou seja são mas não são. e, afinal não era, como disseram, indispensável “sacarem-nos” o ½ subsídio de Natal, mas estão-se marimbando, porque não o devolvem

-A RTP vai ser privatizada, mas não se sabe como, nem para que serviu o relatório…

E QUAIS AS POLÍTICAS PARA MELHORAR ESTE ESTADO DAS COISAS?

Como a CULPA é de todos nós, que gastámos mais do que podíamos (nós quem?) então,
-Se queremos ter Pensões generosas temos de POUPAR
- e os Desempregados que EMIGREM

ÚLTIMA HORA:

- Secretamente, o ministro da Economia está a preparar um Plano Estratégico para nos transformar na Florida da Europa e, é por isso, que nada mais se diz ou faz de importante.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

REFLEXÃO:- NATAL 2011

REFLEXÃO:
           

          NATAL 2011

Quando a luz falta, mesmo por escassos momentos, é que nos apercebemos do seu verdadeiro valor.
Afinal, sempre a tivemos, mas não a apreciámos, tanto quanto ela o merecia.

O Nascimento e a Morte são apenas os limites temporais de algo que não sei bem o que é, nem para que serve, a não ser para ser bem aproveitado enquanto existe.

VIVA A FAMÍLIA, VIVAM OS AMIGOS, VIVA A VIDA!

domingo, 18 de dezembro de 2011

POUPAR…

O 1º Ministro, em entrevista ao Diário da Manhã, afirmou que, daqui a 20 anos, as reformas devem cair para cerca de metade dos valores actuais, aproveitando para aconselhar a que todos comecem já a poupar para que, quando lá se chegar, possam ter umas reformas mais generosas.

POUPAR?

Como, Quanto e Quem?

Mas então aumentam o IRS e o IVA, sacam-nos os subsídios de férias e de Natal, aumentam os transportes e as portagens, congelam os aumentos e a ascensão nas carreiras, prevêem que ainda possa haver mais austeridade, não apontam medidas para o crescimento da economia e aconselham-nos a POUPAR?
E os desempregados também devem Poupar?

Como é que alguém, cuja função é governar, nos vem dizer que, na sua perspectiva, as reformas daqui a 20 anos baixam para metade, quando o que nos devia dizer é o que se propõe fazer para que tal não aconteça.

A descontracção e a ligeireza com que Passos Coelho, em plena época natalícia, nos brinda com tal conselho, só pode ser mesmo por provocação ou, então, não sabe mesmo o que anda a fazer, porque já chega de o considerar ingénuo.

Quem tem de Poupar é ele, nas parvoeiras que nos diz!

sábado, 17 de dezembro de 2011

MARIMBANDO…

Um deputado do PS, num jantar partidário, referiu a hipótese de se ameaçar os nossos credores externos com o não pagamento dos valores em dívida, acrescentando que se estava marimbando para eles, porque, de facto, com a política que está a ser seguida e, sobretudo, com os juros especulativos que estão a ser praticados, o acordo de pagamentos da dívida, não será possível cumprir.

De imediato, o Governo e a coligação PSD/CDS que o suporta, quais virgens ameaçadas, vieram para a praça pública, lançar o deputado na fogueira, por ter apenas enunciado o não cumprimento dos deveres que o país tem para com os seus credores.

Como é possível, que estes senhores venham fazer todo este “chavascal”, esquecendo, totalmente, que foram, exactamente, eles que decidiram, unilateralmente, não cumprir as suas obrigações para com os cidadãos deste país, da função pública e reformados, a quem, sem mais, lhes roubaram (porque nós não consentimos) os subsídios de férias e Natal, pelo menos, dos dois próximos anos, sendo certo, que no caso dos reformados, se trata de dinheiro nosso, acumulado ao longo de anos de trabalho e que o Estado era apenas o seu fiel (?) depositário?

E, nem sequer se tratou de mera enunciação, vão-nos sacar e pronto!!!

Pior que o deputado, são os actuais governantes, subservientes de tudo o que é externo, que não o dizem, mas, na prática, eles é que se estão MARIMBANDO para os direitos dos cidadãos deste país.

Que descaramento !!!!

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

São Mateus 7:15

A predisposição, por parte da Alemanha, para o expansionismo, ficou bem patente entre as principais causas das duas Grandes Guerras.
Tal atitude é, no mínimo, preocupante, porque tal tem subjacente a ideia não só da conquista territorial, mas também o domínio de outros povos ditos “inferiores”.

Ninguém consegue perceber o que tem levado a chanceler Angela Merkel a adiar, sucessivamente, as medidas de fundo que rapidamente poriam fim à desenfreada especulação dos chamados “mercados” e, simultaneamente, a impor mais austeridade, regras punitivas e sanções gravosas que, transformarão, no curto prazo, os estados com economias mais frágeis, em mercados de mão-de-obra barata e, consequentemente, em países de vida empobrecida e sem esperança.

É caso para pensarmos se não estaremos perante uma política deliberada, mas com uma agenda escondida, que tenha como objectivo uma nova tentativa hegemónica por parte da Alemanha mas, desta feita, pela via do domínio económico.

Só, quando a Alemanha invade a Polónia, é que a Europa reage dando-se, então, início à Segunda Guerra Mundial, mas, antes, já aquele país tinha anexado a Áustria e destruído a Checoslováquia, perante a passividade europeia.

Angela Merkel é filha de um pastor luterano e acompanhou o pai na sua ida para a Alemanha Oriental, onde cresceu e viveu até à queda do muro de Berlim, em 1989.

Hitler dizia que, o que estava a fazer tinha intenções pacíficas e, Merkel refere que a Alemanha não quer mandar na Europa.

É, talvez, bom lembrar

(São Mateus 7:15)
“Guardai-vos de falsos profetas. Eles vêm a vós disfarçados de ovelhas, mas por dentro são lobos vorazes”.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

TRECHOS NATALÍCIOS, No Feminino - T4

NATIVIDADE – Memórias           
                                                                                                           À minha Mãe

Adorava contar-me episódios da sua vida, sobretudo a partir da sua chegada à capital, com apenas dezoito anos, vinda de Penedono, pela mão do irmão mais velho, deixando a casa dos pais, à procura de um novo rumo.
Sentados numas cadeiras de lona, que tínhamos no nosso quintal, recordo sempre, com emoção, a narração da sua chegada à Estação do Rossio.

- Estava assustadíssima, dizia-me ela, não via o teu tio no meio de todas aquelas pessoas que saíam apressadamente das carruagens carregadas de malas, cestos, galinhas, garrafões, dando grandes beijos e abraços aos familiares que as esperavam, enquanto todo aquele espaço se enchia de fumo que a máquina do comboio teimava em continuar a lançar no espaço. Finalmente, encontrei-o e, ainda com os olhos cheios de lágrimas, lá fomos para a rua onde os carros pareciam andar a uma velocidade estonteante e os transeuntes, vestidos a rigor, passavam por nós, indiferentes.

Não havia nada do que ela estava a ver que já não tivesse ouvido falar, sobretudo ao pai, professor primário, que várias “lições” lhe dera sobre a vida da cidade, mas, como ela bem acentuava, “a realidade, ultrapassou, em muito, a minha imaginação…”.

Casou cedo, com um jovem do bairro para onde fora morar e que conheceu num bailarico da Sociedade de Recreio local, onde o mano a levava, mas onde podia dançar apenas com quem ele autorizasse.

Com uma enorme capacidade de adaptação e um espírito arguto, sempre disponível para aprender, dedicou os primeiros anos da sua vida de casada à sua filha que, mercê de uma simples apendicite, veio a falecer com apenas cinco anos.
O desgosto foi enorme e, por isso, o filho que nasceu um ano depois, era, como ela dizia, “a luz dos seus olhos”.
Apesar de trabalhar arduamente, ajudando o marido numa pequena tipografia que ele entretanto montara, acompanhava, passo a passo, a vida do filho que, naturalmente, se tornara o centro daquela casa.

Relembro, com muita, muita saudade, aqueles momentos matinais que antecediam a ida para a escola em que, pacientemente, me dava a farinha Amparo, enquanto eu ia dando voltas de triciclo no pátio da casa.
O Alfredo, filho da Maria da Fruta, mais crescido e que tinha a missão de me levar à escola e de me proteger, esperava, com algum nervosismo, a altura em que eu já não queria mais, para rapar, até ao último bocadinho, aquela deliciosa papa achocolatada.

No Verão, íamos, com frequência, passar o Domingo à praia da Cova do Vapor. A Alice, era esse o seu nome, levantava-se de madrugada para preparar o farnel – arroz de tomate, pasteis de bacalhau e “jaquinzinhos” fritos - que o meu pai adorava, mas, à parte, lá iam umas sandochas de chouriço para o seu menino comer a seguir aos banhos.

Quando, já com doze anos, entrei numa peça de teatro no Liceu, a minha mãe organizou um lanche lá em casa para mostrar a toda a família as fotografias do seu filho “artista”.

A nossa conversa era permanente e a cumplicidade era tão forte que, em dada altura, senti que algo não estava a correr bem. Mas foi um enorme choque quando o meu pai me chamou para me dizer que a minha mãe estava muito doente, que tinha de ser operada e tirar um peito, mas que ela não queria que eu soubesse.
- Já tens dezoito anos, tens de saber a verdade e ajudares na sua recuperação. Guarda segredo absoluto – disse-me ele, com uma lágrima ao canto do olho.
E assim fiz.
A minha mãe, de cabeça levantada, sempre com um sorriso naqueles vivos olhos esverdeados, comportava-se como se nada tivesse acontecido, mesmo quando a doença lhe atacou a coluna e lhe impossibilitou os movimentos de um dos braços.

Então na tropa, quando ao fim de semana regressava de Mafra, já então muito débil, contava-me as esperanças que o médico lhe dava, esperando a minha reacção para aceitar ou não tudo o que lhe diziam. Nos fins-de-semana cabia-me a mim ficar de noite a fazer-lhe companhia. Era um enorme tormento pensar que, de um momento para o outro, ela podia acabar sem que eu pudesse fazer o que quer que fosse.
Fazia que dormia e ela, cheia de dores, não se mexia, nem sequer dava um ai, para não incomodar o seu menino.
Quando regressava a Mafra e me despedia, dizia-me sempre “ conversámos pouco, sexta-feira vê se vens cedo pois tenho imenso para falar”.
Como gostava de a poder ouvir agora, de novo, a contar-me a sua chegada à Estação do Rossio.                                                                                                                
                                                                                                             Jorge Paulos
                                                                                                             Natal de 2011

TRECHOS NATALÍCIOS, No Feminino - T3


                                                                                                               À minha Milinhas
TEUS OLHOS CASTANHOS…

De rabo-de-cavalo ou penteada com “banana”, como então se usava, cabeça sempre levantada, corpo torneado, com especial relevo para as pernas, olhos grandes, castanhos, doces e muito expressivos, com um leve sorriso nos lábios, eis a miúda que, oriunda de Tavira, acabara de chegar ao nosso bairro.
A agitação entre a “malta” era enorme e, quando, de braço dado com a mãe e a irmã, passava na esquina do chafariz, os piropos eram muitos:
“Oh mamã, vai com Deus, que nós ficamos com as tuas filhas!”

Naquele ano de 1963, como habitualmente, fui passar o Carnaval na Sociedade Recreativa lá do sítio, onde ela também estava.
Antes que alguém se antecipasse, aos primeiros acordes da banda, convidei-a para dançar.
Senti que hesitou durante breves momentos, que pareceram uma eternidade, trocou algumas palavras com a irmã e, finalmente, levantou-se.
Rodopiámos, ligeiros, pela sala, em músicas sucessivas.
Trocámos as primeiras palavras, as segundas e as terceiras e já não parámos de falar durante toda a noite.
Entretanto, com enorme pena nossa, chegou a hora do seu regresso a casa.
Despedimo-nos com a promessa de voltarmos no dia seguinte. Passado algum tempo, surpresa das surpresas, ela regressou, desta feita, apenas com a irmã.
Fiquei feliz mas, simultaneamente, muito perturbado.
Senti que era indispensável dizer-lhe algo sobre aquele mágico momento, mas, o nervosismo da situação, impedia-me de alcançar, de forma clara, as palavras certas.
Foi então que me surgiu uma ideia!
No final da dança seguinte, deixei-lhe na mão um saquinho, daqueles que se atiravam uns aos outros, onde, previamente, tinha escrito, “ADORO-A”.
Quando chegou ao lugar e leu, olhou-me com os seus lindos olhos reluzentes e sorriu.
Foi um momento inolvidável!

No dia seguinte, lá estávamos alegres e felizes a dançar e a conversar a noite toda.
No final, a cena repetiu-se, mas dessa vez, no saquinho ia escrito, “Não quer namorar comigo?”.
 
Desde então, esta importante mulher da minha vida, tem-me acompanhado sempre, nos bons e nos menos bons momentos, mantendo inalteráveis os seus lindos e expressivos olhos castanhos e o doce sorriso nos lábios.

                                                                                                                                  Jorge Paulos
                                                                                                                                  Natal 2011

TRECHOS NATALÍCIOS, No Feminino - T2

                                  À minha filha Alifófó
ALEGRE GARGALHADA

Cena I – Fotografia

Não sei, ao certo, se existe, efectivamente, uma fotografia assim, mas quando relembro a tua meninice, o que retenho na minha memória é uma imagem à volta dos teus três anos, cabelo curtinho, vestido branco com pequenos “bordados” rosa, sapatos pretos de verniz e, em pleno centro de Tavira, aos saltinhos, repetindo:
“Se não fossem os animais, as pessoas morriam”.
E todos paravam para te ver, já então, uma menina muito alegre e bem-disposta.

Cena II – Artista de Teatro

Talvez com quatro/cinco anos, não sei precisar, à borda da piscina do Hotel do Luso, quando ainda tinhas algum receio da água, foste abordada por uma senhora, já de certa idade, que te perguntou:
- A menina sabe nadar?
- Sei, sei – respondeste, sem hesitar – e logo de seguida – mas agora não me apetece.
E todos sorriam com as tuas, já então, respostas sempre prontas.

Cena III – Um pequeno filme

Quando, com 15 anos, acabaste o 9º ano, um de nós bateu à porta de casa e mandou-te dizer que estava alguém lá fora que te queria falar.
Vieste a correr e, de repente, deparaste com uma Casal –Boss que tanto ambicionavas.
Espantada, choraste convulsivamente de emoção, abraçando, um a um, todos os presentes.
E todos se emocionaram também, por te verem feliz com a merecida recompensa pelos êxitos que, já então, alcançavas.

Cena IV – Uma aventura

Sempre pronta para novas aventuras, aos 22 anos, foste “estagiar” para um hotel, em Inglaterra.
No primeiro dia, a encarregada, chamou-te para te perguntar se tinhas carta de condução. “Que sim” – disseste tu.
“Nesse caso”-disse ela – “pegue neste carrinho e pode começar o seu trabalho”.
Telefonaste-me, meia chorosa, dizendo que não sabias se ias aguentar, porque te tinham posto com um carrinho a limpar os quartos.
E todos nós pensámos que não ias desistir, porque, já então, era teu hábito, cerrar os dentes e vencer a adversidade.

Cena V – Um Quadro

Se eu fosse pintor e quisesse retratar-te, preencheria toda uma tela com tinta de óleo, bem espessa, em vários tons de rosa, matizada com três ou quatro riscas grossas de azul forte e, a ocupar dois terços de todo aquele espaço, pintava uma bola vermelha de sol nascente.
A um canto, três pontos verdes e um cãozito, completavam a imagem.
E todos paravam para lerem na legenda, “Alice - Alegre gargalhada”.

                                                                                                                           Jorge Paulos                                         
                                                                                                                            Natal de 2011

TRECHOS NATALÍCIOS, No Feminino - T1

                                                                              À minha neta Leonor
          PEDRINHA REDONDA


Pedrinha redonda,
Rolando, rolando.
Com a nossa ajuda,
Lá vais caminhando.


C’ o vento soprando,
E o Sol a brilhar,
É maravilhoso
Ver-te caminhar.


Pedrinha redonda,
Rolando, rolando.
Já andas na escola
E lá vais estudando.


Quer estejas parada
Quer vás a correr,
É muito bonito
Sentir-te crescer.
Pedrinha redonda,
Rolando, rolando.
Mulher hás-de ser.

                                                                                                             Jorge Paulos
                                                     Natal 2011  

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

REFLEXÃO

 De que serve ao homem produzir cada vez mais, se não sabe partilhar o que produz?
                                                                  (R. Etchegaray)

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

MENTIROSOS OU INCOMPETENTES



Quando o actual 1º Ministro e o seu ministro das Finanças nos informaram que, para se atingir o objectivo firmado com a Troika de 5,9% para o deficit no corrente ano, era indispensável retirarem-nos metade do subsídio de Natal, também sabiam, muito bem, que sem a transferência do Fundo de Pensões da Banca, esse valor não seria conseguido.
Portanto, as contas, na altura, estavam feitas.

Sabe-se, agora, (mais dia, menos dia, tinha de se saber), que, afinal, vai haver um excedente de mais de 2 mil milhões de euros e que, consequentemente, não era indispensável “sacarem-nos” o nosso dinheiro.

Ou, na altura, não nos disseram a verdade e então, são mentirosos ou, não souberam fazer as contas e, nesse caso, são incompetentes.

De qualquer forma, na prática, o dinheiro do nosso subsídio, parece que vai ser utilizado para pagar dívidas do Estado.

Assim sendo, se não nos pagam esse dinheiro, ao menos deveria ser equiparado a um qualquer empréstimo, recebendo nós um título dessa dívida, que nos seria paga, nem que fosse em prestações, mesmo sem juros(?), mas com a mesma preocupação do cumprimento que manifestamos para os credores especulativos.

Mas assim não vai ser, porque esse duo “Coelho/Gaspar”, que tem como obrigação, perante a Troika, atingir 5,9% de deficit, está-se a preparar para fechar o ano com uma percentagem substancialmente menor (4%?), à nossa conta, com uma olímpica indiferença acerca dos sacrifícios escusados, que tal rapinagem representa para uma grande parte das famílias portuguesas.  

É preciso perceber, de uma vez, que esta e outras medidas, que têm sido tomadas, não são resultado de uma mera postura tecnocrata, mas sim, de uma política que acha que o empobrecimento é uma virtude.

 
 





domingo, 4 de dezembro de 2011

A HISTÓRIA NÃO SE REPETE, MAS…

Tem sido evidente, que, sistematicamente, se tem vindo a adiar as soluções para a chamada “crise”, com enormes prejuízos, sobretudo, para os países com menor capacidade de reacção, ou porque são mais pobres e, portanto, mais vulneráveis à especulação dos mercados financeiros ou porque o seu sistema produtivo foi oportunistamente desmantelado por razões da política estratégica definida pela União Europeia.
A Alemanha, que comanda esse processo de adiamento, não o está a fazer por acaso, mas bem pelo contrário, parece prosseguir uma estratégia bem definida, mas não divulgada, que acabará, se tal for consentido, a possibilitar o seu controlo, sobre todos os outros países comunitários, primeiro do espaço Euro e depois sobre os restantes da Comunidade.

A História não se repete, mas vale sempre a pena lembrar certos factos do passado recente, de forma simples, como meros apontamentos para reflexão.

A 2ª Guerra Mundial, cujo fim ocorreu apenas há cerca de 67 anos, resultou, em grande medida:
a.        de um forte sentimento nacionalista, por parte dos alemães, no pós derrota da 1ª Guerra Mundial;
b.      por outro lado, como defendia Adolfo Hitler, da “necessidade” que a Alemanha tinha de se expandir - “precisava de mais espaço vital” dizia ele;
c.       e ainda, dos efeitos da Grande Depressão, que ocasionou a ascensão dos regimes de extrema-direita, como foi o caso dos nazis, na Alemanha.

Curioso notar que Hitler, que era Austríaco, natural de uma aldeia próxima da fronteira alemã, e filho de um simples funcionário das alfândegas, gostaria de se ter dedicado à pintura e à arquitectura e, só depois de ter ido para Viena, onde viveu com dificuldades, é que se começou a interessar pela política, adquirindo então a crença “na superioridade da Raça Ariana”.
Nasceu em 1889 e vem a auto-intitular-se Fuher (líder) da Alemanha em 1934.

Pois bem, Hitler, que, inicialmente, manifesta os seus objectivos como pacíficos, começa por remilitarizar a Renânia, anexa a Áustria e incorpora os Sudetos, destruindo a Checoslováquia.
Só quando avança sobre a Polónia é que franceses e ingleses resolvem fazer-lhe frente, iniciando-se assim a 2ª Guerra Mundial.
Esses “objectivos pacíficos” de Adolfo Hitler e dos nazis, ocasionaram a morte de cerca de 60 milhões de pessoas, dos quais 20 milhões eram soldados e 40 milhões eram civis, sendo que 80% dos mortos eram do lado dos Aliados.
Para além da matança de cerca de 6 milhões de judeus, foram, igualmente abatidos 5 milhões de outros considerados “indignos de viver” (incluindo deficientes, doentes mentais, homossexuais, maçons, testemunhas de Jeová e ciganos) como parte de um programa de extermínio deliberado.

Pois bem, a senhora Merkel, continua a afirmar que a Alemanha não quer mandar na Europa, nem quer a sua divisão, nem o fim do Euro, mas a verdade é que aparece agora com a ideia peregrina da União Orçamental, revelando, assim, aos poucos, as suas intenções de impor regras que, se avançarem, implicarão a hegemonia, por parte da Alemanha, sobre a soberania dos restantes países da Comunidade.

E tudo isto está a acontecer pacificamente…