sábado, 29 de setembro de 2012

O SABICHÃO


Há pessoas que não lidam bem com a derrota e nunca a aceitam, mesmo que ela seja evidente.
 
António Borges é um deles. 

Perante o fracasso e mesmo o descalabro das políticas que ele defende, acaba, hoje mesmo, de assumir uma postura altaneira, pretensiosa e mesmo ordinária, tendo em vista que a plateia a quem se dirigia era constituída por empresários e, sem pejo, apregoou que:

“os empresários que se pronunciaram contra a alteração à TSU são ignorantes e, que, no curso que ele professa, chumbariam logo no primeiro ano”.

Claro qu,e o que ele disse relativamente aos empresários, se aplica a todos aqueles que se manifestaram contra as medidas anunciadas para a TSU, ou seja, a quase totalidade dos portugueses dos mais diversos escalões etários e de todos os graus de conhecimentos.

Como é possível que António Borges, contra tudo e contra todos, qual sumo pontífice do saber, tenha tal descaramento?

O lourinho deve achar que pertence a uma raça superior e que todos os que não estão de acordo com ele são apenas uma causa de perturbação que, preferencialmente, deveriam ser destruídos ou, vá lá, servir a raça superior que ele, interiormente, desejaria liderar.

Em Janeiro de 1933, na Alemanha, eram estas as ideias de Hitler, quando subiu ao poder.

Mas, claro, que António Borges, nos momentos decisivos, tem-se limitado a dizer, apenas, “umas bocas” e depois esconde-se atrás das sebes.

Bem vistas as coisas, António Borges, ao chamar ignorantes aos empresários, não passa de um reles sabichão ressabiado com a derrota das suas políticas.



sexta-feira, 28 de setembro de 2012

ELE ESTÁ ESPANTADO!!!!


Passos Coelho mostrou-se, agora, espantado com o facto de os empresários não o terem apoiado com o lançamento das medidas relativas à TSU.

Já, anteriormente, manifestou a sua admiração com o aumento, tão expressivo, do desemprego.

Igualmente, disse estar perplexo que tenha havido aumento das poupanças e que a compra de carros tenha diminuído tão drasticamente.

Deve estar pasmado com o facto de não ter conseguido atingir o objectivo do Deficit, que era a razão principal que o levou a avançar para os enormes sacrifícios a que nos sujeitou.

Mas, praticamente, tudo o que foram previsões não foram alcançadas, certamente, com igual espanto do homem.

E os portugueses?
Bem os portugueses, dos mais modestos aos mais bem informados, manifestam igual espanto, por ter sido possível eleger para Primeiro-ministro, esta “ave rara”, cuja manifestação de admiração perante os resultados obtidos revela uma enorme ignorância e um total desconhecimento da realidade do País

Tudo isto pareceria uma anedota, caso as medidas que nos vão sendo impostas não representassem enorme sofrimento para a grande maioria das famílias e, se, as consequências para a economia do país, em termos do presente e do futuro, não fossem tão drásticas.

Estou convencido que a sua maior e última admiração vai ser quando for corrido, achando, então, que tendo ele até ultrapassado o programa da “Troika”, nada deu certo.

Passos Coelho, que diz não ser cego, olha para a economia real do país espantado, como “um boi olha para um palácio”.


quarta-feira, 26 de setembro de 2012

REVOLUÇÃO PACÍFICA


Jeff Goodwin, professor de Sociologia da Universidade de Nova York, refere que:

“revoluções implicam não apenas mobilizações de massa  e mudanças de regime, mas também mais ou menos rápidas e fundamentais mudanças sociais, económicas e culturais , durante ou logo após a luta pelo poder do Estado.”

Há imensos estudos sobre a forma e motivações que têm originado revoluções durante toda a História da Humanidade, sendo certo que, a sua grande maioria, ocasionou mudanças na economia, na cultura e na organização institucional  das sociedades.

Estas mudanças revolucionárias têm assumido acções relativamente pacíficas, nalguns casos, ou atingido desenvolvimentos violentos noutros, de difícil ou impossível controlo.

Há vários exemplos de revoluções não violentas, em que regimes que aparentam forte solidez, serem derrubados através de manifestações e greves populares, resultantes de alianças espontâneas ou organizadas pelas várias classes sociais, como é, por exemplo, o caso da queda do comunismo, em 1989, ou o 25 de Abril de 1974, ambos sem derramamento de sangue.

Quando na sociedade ocorre, como actualmente acontece, um estado de desequilíbrio grave, ao ponto de uma maioria sentir em risco a sua própria sobrevivência, o caminho para uma Revolução, fica claramente em aberto.

Claro que os poderes instituídos podem sempre tentar evitar tal estado de coisas , recorrendo a reformas ou, ao invés, procurando reprimir, violentamente, tais movimentos.

Mas, atenção, a segunda opção, normalmente, não só tem os dias contados, como acaba mal, para os opressores.

 

REFORMA OU REVOLUÇÃO


Na actual situação europeia, o que, principalmente, parece estar em causa não é propriamente o pagamento das chamadas “dívidas soberanas”, mas sim a impossibilidade absoluta de as economias mais débeis o fazerem, num curto espaço de tempo, e, simultaneamente, estarem sujeitos a excessivos encargos financeiros que lhes são impostos pela especulação praticada pelos seus credores.

Por que razão, por exemplo, não se estabelece uma lei geral que limite juros superiores a 2,5% ou a outro valor semelhante?

Por que razão não se há-de acordar aumentar razoavelmente o período para diminuir o deficit, (tendo em atenção que o mundo não acaba amanhã) de forma a permitir haver meios monetários para financiar investimentos e, assim, relançar a economia e criar riqueza?

Sem crescimento não haverá nunca meios de amortizar a dívida!!! NUNCA….

Se assim é, se estamos perante uma evidente impossibilidade, que resulta do regime vigente, só parece haver dois caminhos possíveis:

a)      Ou se reforma o regime por forma a satisfazer estas condições de sobrevivência;

b)      Ou se avança para uma revolução que deponha o regime e altere as actuais instituições sócio-politicas, criando, assim, as condições para o reequilíbrio da sociedade.

O dilema, portanto,  para garantir a sobrevivência será:

                                                                REFORMA ou REVOLUÇÃO!


DITADURA DISFARÇADA




O Sistema Capitalista ocasiona a acumulação do capital.
Se nada for feito, com o tempo, os meios disponíveis, vão passando para as mãos de uns quantos, que, quanto mais têm mais querem.
Se o Estado não intervier ou, se bem pelo contrário, proteger e até incentivar tal desiderato, a tendência será para alargar o fosso entre os detentores do capital e os que vivem do mero resultado do seu trabalho.

O que aconteceu, nos últimos tempos, no mundo ocidental, com especial incidência na Europa, com a especulação desenfreada, é a prova, irrefutável, disso mesmo.
Defendendo as virtualidades da pobreza, os governantes, via aumento dos impostos, vão “roubando” os escassos recursos das classes médias e dos mais desfavorecidos, pondo mesmo em causa a sua própria sobrevivência.

A Democracia, que, em princípio, permite a escolha dos que nos governam, tem vindo a ser adulterada na medida em que os eleitos não cumprem, minimamente, as promessas eleitorais que fazem nos programas que apresentam aos cidadãos.

Quando tal assim sucede, como é o caso actual, em que as elites políticas fazem o que querem e, sem escrúpulos, protegem os que mais têm, levando o povo a caminho de uma vida miserável, de sofrimento permanente e sem esperança, a Democracia perde eficácia e mesmo legitimidade, tudo funcionando como se se tratasse de uma “DITADURA DISFARÇADA”.

Quando se atinge tal estado, a solução que resta é “derrubar” os ditadores, se for preciso pela força e, revolucionar o sistema, tornando-o controlável e mais justo.

Se os dirigentes continuarem apenas a dizer que não são surdos, nem cegos, mas a olharem para o lado e a fazerem ouvidos de mercador, temo bem, que, por este andar, seja esse o caminho que poderemos vir a percorrer …

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

ESGROUVIADOS


              


Depois do que têm vindo a dizer e a desdizer, Passos Coelho, Paulo Portas, ministros, secretários de estado, deputados, antigos e importantes ex-dirigentes dos dois partidos da coligação, a toda a hora e a todo o instante, sem qualquer tento, nem ponderação, acerca do governo e da reconhecida desorientação partidária e, tendo em atenção a espectacular manifestação em todo o país, é impressionante a frieza do Ministro da Administração Interna, cujo comportamento fica bem retratado, na seguinte notícia da SIC Notícias:

O ministro da Administração Interna (MAI),  Miguel Macedo, disse hoje em Campia, Vouzela, que Portugal "não pode ser  um país de muitas cigarras e poucas formigas". ao mesmo tempo que enaltecia  o "esforço do povo" para ultrapassar a crise.” 


E mais à frente:

“O ministro desvalorizou a presença dos manifestantes, cerca de duas  dezenas, considerando que o protesto constitui "um direito das pessoas".
O recado, no entanto, mais forte foi a referência à fábula da formiga,  a trabalhadora, e da cigarra, a preguiçosa, que contextualizou no cenário  de crise que o país atravessa, um cenário que para Miguel Macedo "é muito,  muito difícil”.

No nosso caso, é preciso esclarecer que se as formigas são o Governo e os seus apaniguados, bem como tantos outros que deveriam estar na prisão mas não estão, é verdade que os seus formigueiros estão cheios, mas não à conta do seu eficiente trabalho, mas sim do trabalho dos que eles teimam em chamar de “preguiçosos”.

Isto já não é um Governo, é um bando de ESGROUVIADOS!!!!



sexta-feira, 21 de setembro de 2012

O NOIVADO DO SEPULCRO



No programa de hoje "Quadratura do Círculo" a propósito do destino da coligação no poder e no refazer deste noivado desfeito, Pacheco Pereira citou um poema de Soares de Passos, que me parece interessante reproduzir (parte).

O Noivado do Sepulcro

Balada

Vai alta a lua! na mansão da morte
Já meia-noite com vagar suou;
Que paz tranqüila; dos vaivéns da sorte
Só tem descanso quem ali baixou.

Que paz tranqüila!... mas eis longe, ao longe
Funérea campa com fragor rangeu;
Branco fantasma semelhante a um monge,
Dentre os sepulcros a cabeça ergueu.
……………………………………………………………………………..
Ergueu-se, ergueu-se!... com sombrio espanto
Olhou em roda... não achou ninguém...
Por entre as campas, arrastando o manto,
Com lentos passos caminhou além.

Chegando perto duma cruz alçada,
Que entre os ciprestes alvejava ao fim,
Parou, sentou-se com a voz magoada
Os ecos tristes acordou assim:

"Mulher formosa, que adorei na vida,
E que na tumba não cessei de amar,
Por que atraiçoas, desleal, mentida,
O amor eterno que te ouvi jurar?

Amor! engano que na campa finda,
Que a morte despe da ilusão falaz:
Quem dentre os vivos se lembrara ainda
Do pobre morto que na terra jaz?
………………………………………………………….
"Não, não perdeste meu amor jurado:
Vês este peito? reina a morte aqui...
É já sem forças, ai de mim, gelado,
Mas ainda pulsa com amor por ti
………………………………………………………….

Ó vem! se nunca te cingi ao peito,
Hoje o sepulcro nos reúne enfim...
Quero o repouso do teu frio leito,
Quero-te unido para sempre a mim!"

E ao som dos pios co cantor funéreo,
E à luz da lua de sinistro alvor,
Junto ao cruzeiro, sepulcral mistério
Foi celebrado, d'infeliz amor.

Quando risonho despontava o dia,
Já desse drama nada havia então,
Mais que uma tumba funeral vazia,
Quebrada a lousa por ignota mão.

Porém mais tarde, quando foi volvido
Das sepulturas o gelado pó,
Dois esqueletos, um ao outro unido,
Foram achados num sepulcro só.


Soares de Passos

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

ADEUS TRISTEZA, ATÉ DEPOIS...


Do IOL:
LC: Real Madrid-Manchester City, 3-2

“José Mourinho já tem equipa outra vez.

 Depois de ter estado a perder, por duas vezes, em casa, diante do Manchester City, o Real Madrid reclamou a vitória com dois golos nos últimos instantes da partida, com o «feliz» Cristiano Ronaldo a assinar o golo da preciosa vitória no primeiro jogo no Grupo D da Liga dos Campeões.”

.














Depois desta vitória e da previsível renovação do seu contrato, como sugeria, num e-mail que recebi (MB), RONALDO deve andar a cantar:

“ADEUS TRISTEZA, ATÉ DEPOIS ….”
 do Fernando Tordo

terça-feira, 18 de setembro de 2012

PAULO PORTAS - O Fingidor-mor




  • Na sua Declaração de Domingo, Paulo Portas, entre outros "mimos", referiu, a propósito da TSU:

"Se me perguntam se eu soube, claro que soube.
Se me perguntam se eu tive uma opinião diferente, tive uma opinião diferente.
Se me perguntam se eu alertei, alertei."


  • Discordou da TSU e só a aceitou para 

evitar uma crise no Governo e o chumbo da avaliação da troika.


  • O Presidente do CDS,exigiu uma posição de abertura do Governo para:

"evitar a rotura social e descomprimir a tensão política".


  • Contudo, (cinicamente) Portas desvalorizou as divergências na coligação e reafirmou que:

 o CDS está empenhado em cumprir o contrato de quatro anos.

Paulo Portas, o Fingidor-mor, deu uma "paulada" no Governo e na coligação, mas embrulhou o pau em papel de seda. 

                                                                               O poeta é um fingidor.
                                                                               Finge tão completamente
                                                                               Que chega a fingir que é dor
                                                                               A dor que deveras sente.
                                                                                                  Fernando Pessoa

sábado, 15 de setembro de 2012

CIDADÃO PACÍFICO


ACTUALIDADE:

Jornal “O SOL”
12/09/2012
A apresentação pelo ministro das Finanças das conclusões da 'troika' à quinta avaliação do programa de ajustamento e de novas medidas de austeridade e o adiamento do prazo de cumprimento do défice dominam hoje as capas dos jornais.
O Diário de Notícias destaca, em manchete, uma entrevista ao ministro das Finanças, Vítor Gaspar, na qual afirma que “os portugueses estão dispostos a fazer sacrifícios”


Diário de Notícias
15/09/2012

Milhares contra austeridade nas principais cidades do País
por Lusa, publicado por Helena Tecedeiro
Em Lisboa, milhares de pessoas já estão a caminho da Praça de Espanha e no Porto são também milhares os que desfilam na Avenida dos Aliados contra as medidas de austeridade anunciadas pelo Governo, num protesto que também vai decorrer noutras 40 cidades portuguesas.

NOTA: Estão completamente ceguinhos ou não querem ver!!!

 
HÁ UM ANO:

O primeiro texto publicado pelo CIDADÃO PACÍFICO foi há um ano, em Setembro de 2011.
Porque o “aviso” ali referido, continua actual, parece interessante reproduzi-lo:


QUARTA-FEIRA, 21 DE SETEMBRO DE 2011
Cidadão Pacífico

Victor Cardinali é empresário circense e, simultaneamente, domador de magníficos tigres que, sujeitos, permanentemente, ao treino com "cenoura" e chicote, se foram habituando a obedecer-lhe pacificamente.
Há dias, porém, segundo o próprio domador, quando treinava um novo número, fê-lo de forma mais intensa ao ponto de um dos "pacíficos" animais não aguentar tanta pressão e reagir mordendo-lhe o braço.
Trata-se de um exemplo que pode muito bem acontecer no reino dos humanos.
Quando os limites são ultrapassados (como está agora a acontecer em Portugal) qualquer Cidadão Pacífico pode, a qualquer momento, deixar de o ser...

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

O PIOLHOSO




“Pior do que tu, só mesmo o Piolhoso”, é uma expressão popular usada para denunciar alguém que teima em defender uma ideia, mesmo depois de estar provado que tal está completamente errada.

Conta-se que um certo indivíduo tinha por alcunha “O Piolhoso” exactamente por ter por hábito ofender todos os que dele discordavam, chamando-lhes “piolhoso”.
Certo dia, um dos visados, deu-lhe um par de socos e avisou-o de que o atirava ao rio se ele o tornasse a ofender.
- “Piolhoso” – foi a resposta, imediata do teimoso.
O ofendido, homem corpulento, não hesitou. Agarrou-o, atou-lhe uma corda `a volta da barriga, prendeu-lhe uma pedra aos pés e jogou-o ao rio.
- E agora? - perguntou-lhe cá de cima.
- Piolhoso,- foi a resposta pronta do outro.
Soltando parte da corda até que a água lhe chegasse ao pescoço, o homem interrogou-o, de novo.
Mas a resposta não se fez esperar.
- Piolhoso…
Irritado, o insultado largou a corda e, quando o viu com a cabeça debaixo de água, em tom vitorioso, insistiu:
- Então, desistes?
O Piolhoso, já sem possibilidades de falar, ergueu os braços e, juntando as unhas dos polegares, imitou o gesto de quem está a matar um piolho…


Nota sobre a actualidade:
Depois da entrevista que hoje deu na televisão, não parece que falte muito para vermos o Passos Coelho a fazer idêntico gesto!



terça-feira, 11 de setembro de 2012

FECHEM AS FRONTEIRAS


O 11 de Setembro é uma data fatídica.
O TERRORISMO INTERNACIONAL ataca, neste dia, nos mais diversos locais e sob os mais diversos disfarces.
Em Portugal, vindos do estrangeiro (Gaspar, Borges e Álvaro) formaram uma célula com Passos e Relvas para espalhar o terror e destruírem milhares de famílias, que vão ficando num estado pior do que a morte, que é o do sofrimento permanente.

Os portugueses, em desespero crescente, mas anestesiados pelo medo, depositavam alguma esperança que o ministro das finanças, qual médico à cabeceira do doente, lhes trouxesse algumas medidas que lhes minorasse as dores.

Nada disso, o que lhes surgiu, foi um padrecas de aldeia, que numa voz pausada lhe deu a extrema –unção, como quem diz “que importa que morras, se no cemitério há flores”.
  
Exactamente, hoje, 11 de Setembro de 2012, foi a vez desse “sacana” do Gaspar (sacana porque surge com ar de virgem cândida) aparecer a destruir-nos com mais uma enorme machadada, sem dó nem piedade, com a ideia fixa apregoada, constantemente, de “quanto pior, melhor”.

A propósito de quê e a soldo de quem é que estes regressados do estrangeiro, a que se juntam esses “troikas”, também vindos lá de fora, nos querem levar ao desespero e, em muitos casos, à fome, generalizada.

Não digam que isto não é terrorismo e do mais refinado.

É precioso, rapidamente, fechar as fronteiras e “expulsar os vendilhões do Templo”.

70 ANOS


70 ANOS

(um esboço de agradecimento)

Como que num passe de mágica, a razão treme, o coração oscila e a lágrima escorre-nos pela face.
É algo de semelhante ao sentimento de enorme satisfação, quando, após um difícil exercício de matemática, chegamos à solução e constatamos que corresponde, exactamente, ao resultado esperado.

Rever 70 anos de vida, foi um momento de magia e de prazer surpreendente!!!

Mas não há magia, nem sem mágicos, nem sem truques!

E os mágicos foram a minha mulher, os meus filhos, genro e nora e os meus netos.
E o truque?
Bom, o truque foi o de me rodearem com familiares e amigos, todos eles testemunhas vivas, com quem tenho partilhado todo este meu percurso.

Inolvidável, inolvidável…

Se, como diz o poeta:
 
“por vezes, num segundo se evolam tantos anos”

eu quero acrescentar que, graças a todos vós,

“por vezes, num momento, se sente o valor de tantos anos”.

Assim, vale a pena continuar a viver…
   

E POR VEZES

E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
Nunca mais são os mesmos. E por vezes

Encontramos de nós em poucos meses
O que a vida nos fez em muitos anos
E por vezes fingimos que lembramos
E por vezes lembramos que por vezes

ao tomarmos o gosto aos oceanos
só o sarro das noites não dos meses
lá no fundo dos copos encontramos

E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes ah por vezes
Num segundo se evolam tantos anos

                                    (david mourão-ferreira)

sábado, 8 de setembro de 2012

UMA NOVA ALAMEDA


Conto na minha relação de amizades com militantes e/ou simpatizantes do PSD e do CDS, que se situam no centro direita e na direita, mas que, de uma maneira geral, alinham as suas ideias ou pelos princípios da Democracia cristã ou pelos da Social-democracia.
Nas últimas eleições votaram em Passos Coelho e Miguel Relvas porque lhes parecia (como, aliás, eles bem afirmavam) conhecerem bem a situação e os respectivos dossiers e estarem  preparados para salvarem o país e melhorarem as condições de vida dos portugueses.

Passado cerca de ano e meio sobre as eleições e perante as medidas tomadas e os resultados obtidos, pergunto a esses meus amigos e a quem  votou para que este Governo fosse eleito, se se sentem ou não enganados?

Para os ajudar a responder a esta questão, convido-os a ver/ouvir estas “pérolas” que um sobrinho meu (JP) me fez chegar:


Nada, mas nada mesmo, do que Passos Coelho disse e prometeu corresponde à prática política deste 1º ministro, que, com aquele seu ar de “pão sem sal”, nada sabe da vida, nem se importa, minimamente, com as consequências que as medidas que toma têm sobre as pessoas deste país. E, fazendo do todos nós parvos, passa a vida a desculpar-se com o Sócrates, com o que gastámos mais do que devíamos, com a Troika e agora com o Tribunal Constitucional.
Aliás, Passos Coelho, Relvas e Gaspar tratam-nos com desdém, como se fossemos simples “coisas” que se descartam ao sabor dos objectivos numéricos que esses, sim, constituem a sua “fé”.

Essa é a ideologia destes neoliberais, que fazem do empobrecimento geral da classe média e dos mais desfavorecidos, um objectivo virtuoso, em que o fosso, entre os que mais ganham e os que dificilmente vão sobrevivendo, é cada vez maior.

Não sei o que será pior, se uma sociedade como aquela para que estes “charlatões” nos estão a levar ou a que Vasco Gonçalves nos queria encaminhar.

Nessa altura, como se lembram,  foi indispensável uma “ALAMEDA” e agora?????

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

"UM CANHÃO PELO CÚ"

O meu amigo, José Barradas de Sousa, fez chegar ao meu conhecimento este texto que me apraz divulgar:


O seguinte texto foi publicado recentemente no El País, tendo-se tornado absolutamente viral em Espanha. Reflecte sobre o terrorismo financeiro e a captura económica. Chama as coisas pelos seus nomes e faz uma análise sobre o capitalismo actual que está a incendiar não só Espanha como todo o mundo. O título é "Um canhão pelo cú", e é escrito por Juan José Millas.
Um canhão pelo cú

Se percebemos bem - e não é fácil, porque somos um bocado tontos -, a economia financeira é a economia real do senhor feudal sobre o servo, do amo sobre o escravo, da metrópole sobre a colónia, do capitalista manchesteriano sobre o trabalhador explorado. A economia financeira é o inimigo da classe da economia real, com a qual brinca como um porco ocidental com corpo de criança num bordel asiático.

Esse porco filho da puta pode, por exemplo, fazer com que a tua produção de trigo se valorize ou desvalorize dois anos antes de sequer ser semeada. Na verdade, pode comprar-te, sem que tu saibas da operação, uma colheita inexistente e vendê-la a um terceiro, que a venderá a um quarto e este a um quinto, e pode conseguir, de acordo com os seus interesses, que durante esse processo delirante o preço desse trigo quimérico dispare ou se afunde sem que tu ganhes mais caso suba, apesar de te deixar na merda se descer.

Se o preço baixar demasiado, talvez não te compense semear, mas ficarás endividado sem ter o que comer ou beber para o resto da tua vida e podes até ser preso ou condenado à forca por isso, dependendo da região geográfica em que estejas - e não há nenhuma segura. É disso que trata a economia financeira.

Para exemplificar, estamos a falar da colheita de um indivíduo, mas o que o porco filho da puta compra geralmente é um país inteiro e ao preço da chuva, um país com todos os cidadãos dentro, digamos que com gente real que se levanta realmente às seis da manhã e se deita à meia-noite. Um país que, da perspetiva do terrorista financeiro, não é mais do que um jogo de tabuleiro no qual um conjunto de bonecos Playmobil andam de um lado para o outro como se movem os peões no Jogo da Glória.

A primeira operação do terrorista financeiro sobre a sua vítima é a do terrorista convencional: o tiro na nuca. Ou seja, retira-lhe todo o caráter de pessoa, coisifica-a. Uma vez convertida em coisa, pouco importa se tem filhos ou pais, se acordou com febre, se está a divorciar-se ou se não dormiu porque está a preparar-se para uma competição. Nada disso conta para a economia financeira ou para o terrorista económico que acaba de pôr o dedo sobre o mapa, sobre um país - este, por acaso -, e diz "compro" ou "vendo" com a impunidade com que se joga Monopólio e se compra ou vende propriedades imobiliárias a fingir.

Quando o terrorista financeiro compra ou vende, converte em irreal o trabalho genuíno dos milhares ou milhões de pessoas que antes de irem trabalhar deixaram na creche pública - onde estas ainda existem - os filhos, também eles produto de consumo desse exército de cabrões protegidos pelos governos de meio mundo mas sobreprotegidos, desde logo, por essa coisa a que chamamos Europa ou União Europeia ou, mais simplesmente, Alemanha, para cujos cofres estão a ser desviados neste preciso momento, enquanto lê estas linhas, milhares de milhões de euros que estavam nos nossos cofres.
E não são desviados num movimento racional, justo ou legítimo, são-no num movimento especulativo promovido por Merkel com a cumplicidade de todos os governos da chamada zona euro.

Tu e eu, com a nossa febre, os nossos filhos sem creche ou sem trabalho, o nosso pai doente e sem ajudas, com os nossos sofrimentos morais ou as nossas alegrias sentimentais, tu e eu já fomos coisificados por Draghi, por Lagarde, por Merkel, já não temos as qualidades humanas que nos tornam dignos da empatia dos nossos semelhantes. Somos simples mercadoria que pode ser expulsa do lar de idosos, do hospital, da escola pública, tornámo-nos algo desprezível, como esse pobre tipo a quem o terrorista, por antonomásia, está prestes a dar um tiro na nuca em nome de Deus ou da pátria.

A ti e a mim, estão a pôr nos carris do comboio uma bomba diária chamada prémio de risco, por exemplo, ou juros a sete anos, em nome da economia financeira. Avançamos com ruturas diárias, massacres diários, e há autores materiais desses atentados e responsáveis intelectuais dessas ações terroristas que passam impunes entre outras razões porque os terroristas vão a eleições e até ganham, e porque há atrás deles importantes grupos mediáticos que legitimam os movimentos especulativos de que somos vítimas.

A economia financeira, se começamos a perceber, significa que quem te comprou aquela colheita inexistente era um cabrão com os documentos certos. Terias tu liberdade para não vender? De forma alguma. Tê-la-ia comprado ao teu vizinho ou ao vizinho deste. A atividade principal da economia financeira consiste em alterar o preço das coisas, crime proibido quando acontece em pequena escala, mas encorajado pelas autoridades quando os valores são tamanhos que transbordam dos gráficos.

Aqui se modifica o preço das nossas vidas todos os dias sem que ninguém resolva o problema, ou mais, enviando as autoridades para cima de quem tenta fazê-lo. E, por Deus, as autoridades empenham-se a fundo para proteger esse filho da puta que te vendeu, recorrendo a um esquema legalmente permitido, um produto financeiro, ou seja, um objeto irreal no qual tu investiste, na melhor das hipóteses, toda a poupança real da tua vida. Vendeu fumaça, o grande porco, apoiado pelas leis do Estado que são as leis da economia financeira, já que estão ao seu serviço.

Na economia real, para que uma alface nasça, há que semeá-la e cuidar dela e dar-lhe o tempo necessário para se desenvolver. Depois, há que a colher, claro, e embalar e distribuir e faturar a 30, 60 ou 90 dias. Uma quantidade imensa de tempo e de energia para obter uns cêntimos que terás de dividir com o Estado, através dos impostos, para pagar os serviços comuns que agora nos são retirados porque a economia financeira tropeçou e há que tirá-la do buraco. A economia financeira não se contenta com a mais-valia do capitalismo clássico, precisa também do nosso sangue e está nele, por isso brinca com a nossa saúde pública e com a nossa educação e com a nossa justiça da mesma forma que um terrorista doentio, passo a redundância, brinca enfiando o cano da sua pistola no rabo do sequestrado.

Há já quatro anos que nos metem esse cano pelo rabo. E com a cumplicidade dos nossos.

Juan José Millas


notícia dinheiro vivo

terça-feira, 4 de setembro de 2012

A CRISE ETERNA…


O Sol há muito que nascera, mas a noite persistia…
Era terrível ver o esforço que o astro-rei fazia para romper toda aquela escuridão, sem sucesso.
As ondas do mar galgavam as rochas, batendo-lhes com inabitual violência, fazendo rolar enormes pedregulhos que se desfaziam, com fragor, no fundo das escarpas.
O vento assobiava, cortante, levando na sua esteira, enormes nuvens escuras, que se movimentavam em círculo, a uma velocidade estonteante.
Foi, então, que chegou a trovoada, na sua “melhor” forma…
Com os clarões dos relâmpagos tudo iluminava, para, logo de seguida, fazer estremecer mar e terra com os seus horrendos trovões, lançando, simultaneamente, faíscas serpenteantes, que cortavam os céus em todas as direcções.
Mas o Sol não desistira e, às tantas, conseguiu lançar alguns dos seus raios, furando toda aquela escuridão.
O vento amainou, a tempestade foi serenando e o mar tornou-se manso.

Aos poucos, os animais foram saindo dos seus abrigos, recomeçando a sua rotina, tranquilamente.

O equilíbrio, que gere a vida, vencera, de novo, a crise eterna…