sábado, 23 de junho de 2012

POMBA BRANCA

Carcavelos, 22 de Junho de 2012

Ao pensar que a Tana hoje nos deixou para sempre e, recordando tudo o que foi a sua vida,  imediatamente, me vem à mente, esta carinhosa poesia:

POMBA BRANCA



Pomba branca, pomba branca
Já perdi o teu voar                                          
Naquela terra distante
Toda coberta p'lo mar
Pomba branca, pomba branca
Já perdi o teu voar
Naquela terra distante
Toda coberta p'lo mar

Fui criança e andei descalço
Porque a terra me aquecia
E eram longos os meus olhos
Quando a noite adormecia
Vinham barcos dos países
E eu sorria a deus, sonhei
Traziam roupas, felizes
As crianças dos países
Nesses barcos a chegar

Pomba branca, pomba branca
... ... ...

Depois mais tarde ao perder-me
Por ruas de outras cidades
Cantei meu amor ao vento
Porque sentia saudades
Saudades do meu lugar
Do primeiro amor da vida
Desse instante a aproximar
Dos campos, do meu lugar
À chegada e à partida

Pomba branca, pomba branca
Já perdi o teu voar
Naquela terra distante
Toda coberta p'lo mar
... ... ...



                                   

quinta-feira, 21 de junho de 2012

“UM PAR DE MURROS NOS CORNOS”


Armindo Silva nasceu há 47 anos numa pequena aldeia de Trás-os-Montes.
Os pais viviam do amanho da terra que pouco mais dava do que para o sustento da família (além dele havia mais um irmão e uma irmã) e tinham também uma meia dúzia de cabras que o próprio Armindo, desde muito novo, levava a pastar pelos montes vizinhos.

Os pais, com enorme sacrifício, lá foram mandando os filhos à escola e o Armindo, aos 15 anos, acabou a quarta classe.
Nessa altura, tinha-se iniciado a construção de uma fábrica nas redondezas e o jovem, que não queria continuar pastor toda a vida, falou com os pais e foi trabalhar para as obras.
Ladino, à medida que ia dando serventia de pedreiro foi aprendendo a profissão e, aos dezoito anos, arrancou para a cidade, à procura de melhor futuro.

Muito dedicado ao trabalho, incapaz de faltar mesmo quando alguma gripe o assolava, rapidamente se tornou alvo do respeito de colegas e patrões e um oficial do serviço muito desejado.

Aos vinte e seis anos entrou para uma empresa de construção civil onde permaneceu até recentemente.

Entretanto, foi pai de um rapaz e de uma rapariga que têm, agora, 17 e 18 anos, respectivamente, ambos a frequentar o 11º ano.

Clara, a mulher, trabalhava numa fábrica de componentes para automóveis, que fechou há cerca de um ano.

Sem qualquer aviso prévio, há seis meses, sem mais, a empresa onde Armindo trabalhava, avançou para um despedimento colectivo e o nosso homem ficou sem emprego.

Armindo e Clara, com a idade que têm, não conseguem qualquer trabalho e os filhos, que eles ambicionavam que continuassem a estudar, não só tiveram de deixar de o fazer, por não haver dinheiro para tal, como, obviamente, não conseguem empregos.

O que aqui quero pôr à vossa reflexão não são tanto as dificuldades materiais que esta e tantas outras famílias como esta estão a passar.
O que gostaria de chamar a vossa atenção é para a aflição psicológica que nós passaríamos se tivéssemos de nos debater com tal situação!
O que fazer? Como resolver o problema? O que dizer aos filhos? Como pagar as contas? Como disfarçar este drama? Como descansar minimamente a nossa cabeça de tal sufoco?

Completamente impotentes, estas famílias ouvem essas elites, que nos governaram e nos governam em Portugal e na Europa, a dizerem que “gastamos mais do que devíamos”, “que todos temos de fazer sacrifícios”, “que temos de pagar o que devemos, custe o que custar”
O Armindo, a Clara e tantos outros Armindos e Claras que toda a vida trabalharam, que lutaram e se sacrificaram para puderem ajudar os filhos, que em nada contribuíram para a situação actual, ainda têm de ouvir tudo isto, com ENORME FRIEZA, destas elites que continuam no poleiro, com a mesma pose de sempre, falarem-lhes de austeridade, protegendo os especuladores e os detentores do capital, porque, é preciso que se diga, que essa é a forma que os “senhores do poder” têm de garantir a manutenção dos seus actuais privilégios.

Se lhes falarem do caso do Armindo e da Clara e do sofrimento porque passam todas estas famílias, continuarão, impávidos e serenos, de cimeira em cimeira, (a pressa não é deles) a adiar a questão até que um dia o “balão” rebente e lhes dêem “um par de murros nos cornos”. 

quarta-feira, 20 de junho de 2012

PLATINI E O POLVO

O polvo Paul já morreu.
Em sua substituição surge agora Platini, que veio dizer que a final do "EURO" vai ser entre a Espanha e a Alemanha!

PLATINI


  • Como Jogador foi Grande;
  • Como Treinador foi Mediocre (apenas classificou a selecção francesa para a Eurocopa 1992, caindo logo na primeira fase);
  • Agora, como Adivinho, tem muitos braços como o polvo, mas, pelos vistos, não tem a mesma cabeça...
   
    SE MANTIVERMOS AMBIÇÃO, TEMOS FORTES PROBABILIDADES DE GANHAR.
    VAMOS A ELES!!! 


SOLSTÍCIO


Hoje é o “maior dia” do ano, ou seja, o dia com maior número de horas de luz, porque o Sol permanece mais tempo no nosso horizonte visual.
Há povos, por todo o mundo, que festejam este dia, agradecendo (solicitando) ao sol a sua influência nas colheitas, que desejam abundantes.
Muitos outros, porém, que também habitam este planeta, não dão qualquer importância ao facto, ou talvez, mesmo a maioria, não dê por tal acontecimento. E, todavia, ele ocorre todos os anos.

Realmente, este fenómeno não passa de um mero pormenor quando comparado com a grandeza “daquilo” a que chamamos Universo e que se formou há milhões de anos, não se sabe como, nem porquê, nem para quê.
O que fomos descobrindo sobre este espaço sem fim (sem fim?), apenas nos dá a ideia de que tudo isto é algo em pleno movimento perpétuo (perpétuo?), numa constante procura de equilíbrios que recomponham os desequilíbrios, que também eles vão ocorrendo a todo o momento.

A questão da “existência”, que parece ter, mais tarde, ocasionado o aparecimento da vida que, posteriormente, deu origem à humanidade, continua sem explicação, mau grado todas as tentativas especulativas, em que as várias crenças mais ou menos religiosas, contêm contradições tão primárias, que, na sua maioria só se justifica a sua aceitação, por mero receio do após morte (vale mais prevenir do que remediar).

“Cogito ergo sum”, “penso logo existo”, disse Descartes e porque existimos pensamos, temos a capacidade de poder duvidar de tudo o que, à primeira vista, parece correcto e verdadeiro, para além da nossa própria existência.
Mas essa nossa existência, em si mesma, como ele, aliás, também defendia, constituiu, desde sempre, a razão de surgir o desejo pelo conhecimento humano, mas em bases sólidas e seguras.

Durante todos estes milhares de anos que por ”aqui” andamos, pouco ou nada conseguimos perceber sobre este fenómeno universal, pelo que, vale a pena olharmos os pequenos factos do dia-a-dia que nos rodeiam e, para disfarçar a angústia dessa nossa incapacidade de ver mais longe, festejemos o Solstício, desejando que o sol continue a alumiar este Planetazinho onde, não se sabe porquê, tudo o que acontece de bom são dádivas da providência divina, enquanto o mau (muito mau), são circunstâncias sem autor.