quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

UNIR E ALARGAR


Parece evidente, que o actual Governo tem os dias contados!

O fogo-de-artifício lançado a propósito da “ida aos mercados”, não passou disso mesmo e, após esta ilusória fogachada, os portugueses irão verificar que o céu negro em que estão metidos em nada se alterou e que mais e mais sacrifícios lhes vão ser impostos, nos próximos tempos, aumentando, portanto, a sua insatisfação e, consequentemente, o desejo de ver o Governo mudar.
A pressão vai crescer de tal forma que, estou certo, o momento da saída será, inevitavelmente, muito próximo.

Por sua vez o PS sente, igualmente, que a população não está a ser suficientemente motivada pelo seu actual Secretário-Geral ao ponto de o apoiar incondicionalmente, garantindo, assim, uma indiscutível vitória, se, entretanto, houver lugar a eleições legislativas.

Daí, o aparecimento, de forma mais aberta, da figura de António Costa, como putativo candidato a Secretário-Geral, por parecer ter um apoio consensual por parte dos eleitores fora do espaço político do PS.

A disputa que, indiscutivelmente, vai ocorrer dentro do Partido Socialista pode muito bem vir a ser benévola se, algum dos candidatos for capaz de apresentar, de forma clara, um Programa concreto para o país (o que até agora não aconteceu) em que os militantes se revejam e que constitua uma esperança concreta e mobilizadora do eleitorado dentro e fora do Partido.

O Secretário-Geral do Partido Socialista que sair das próximas eleições, como dizia Pedro Adão e Silva, num dos seus comentários na SIC, deverá, desde logo, procurar UNIR todos os Socialistas e, ALARGAR, assim, a sua base de apoio, bem como demonstrar, com propostas concretas, que tem um rumo para o país, a pensar nos portugueses, distinguindo-se, por essa via, do Governo, cujo principal (e quase único) objectivo é satisfazer os credores, "custe o que custar".

O próximo Primeiro-Ministro para poder, com coragem, levar por diante Políticas arrojadas, que, nalguns casos, impliquem a “confrontação” com os credores, tem também de conseguir UNIR  o povo à sua volta, e ALARGAR, para fora do seu Partido, a sua base de apoio.

Tendo em atenção o perfil que cada um de nós julga adequado para o próximo Primeiro-Ministro e, se fosse possível, candidatarem-se, simultaneamente:

                                 - Passos Coelho
                                 - António José Seguro
                                 - António Costa
  •       Em quem é que votava?
  •    Em quem é que lhe parece que os portugueses votariam, maioritariamente?

Daqui a não muito tempo, certamente, verificará se o seu vaticínio foi ou não certeiro.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

A “NOITE DAS FACAS LONGAS”


Com a queda de Sócrates, o PS desencadeou o processo de escolha do novo Secretário-Geral que é suposto dirigir o Partido até novas eleições internas, que terão de ocorrer durante o ano de 2013.

Nessa altura, os Militantes Socialistas terão de reconduzir António José Seguro ou, eventualmente, eleger quem se perfile, como alternativa.
Mas só nessa altura!

Destabilizar o Partido, com a ânsia de ganhar o poder, num momento como o que atravessamos, é crime de “lesa pátria”.

Por este andar, prevejo que, certamente, irá surgir uma versão atenuada da “Noite das facas longas” com gente a correr, de um lado para o outro, procurando ganhar posição na linha de partida.

Como diz um provérbio chinês:

“Quando a árvore cai, os macacos dispersam”

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

IDA AOS MERCADOS - Antecipação

O Governo resolveu antecipar a ida aos mercados, colocando 2,5 mil milhões de euros em Janeiro, quando tal operação estava prevista para Setembro, altura em que tal valor vai ser aplicado, para pagar empréstimos que então se vencem.

Certamente, houve razões que justificam tal decisão, para além do "folclore", porque é sabido que as condições desta operação resultaram, essencialmente, das medidas adoptadas pelo Banco Central Europeu.

Apenas, por curiosidade, façamos uma simples conta para calcularmos quanto nos custa, em juros, tal antecipação:

2,5 mil milhões x 5% /12 x 8 = +-83,5 milhões de euros

Convenhamos que é muito dinheiro e, até ao momento, ninguém nos disse que efeitos, tal operação (antecipada), vai ter na vida real dos portugueses.

Esta jogada, feita à pressa, só pode ser mais uma nuvem de fumo para esconder os efeitos dos 4 mil milhões  de "cortes"que aí vêm e que iremos todos pagar!




sábado, 19 de janeiro de 2013

O “FUINHA” SAPATEIRO



Fuínha - Jardim Zoológico de Lisboa | 05/06/2006
Na sua última presença na Assembleia da República, o Primeiro-Ministro, Passos Coelho, afirmou, com a sua arrogância habitual, que o actual Estado Social, tinha “pés de barro”, para, de seguida, concluir que, as medidas, que ele e o seu Governo estão a tomar, é que irão permitir um Estado Social sustentável.

Como é possível que um “FUINHA”, como é este Primeiro-Ministro que, de forma sistemática, em período de crise, vem desmantelando o Estado Social, tenha o descaramento de produzir tal enormidade?
Passos Coelho passa a vida a dizer “coisas” sem a mais pequena consciência do alcance daquilo que diz (e que faz)!

Este imaturo, impreparado, inconsciente e irresponsável Primeiro-Ministro, personifica, na perfeição, o ditado popular:

“Quem te manda a ti, sapateiro, tocar rabecão"



PESADA FACTURA – a dívida boa e a dívida má


A frequência com que o poder instalado (e não só) refere que os sacrifícios que nos estão a ser impostos se devem à PESADA FACTURA que terá de ser paga pelas novas gerações em consequência de termos gasto mais do que devíamos, convida-nos a pensar em que é que, e porquê, ocorreram tais gastos.
Analisemos, então, alguns dos períodos mais significativos da vida das sucessivas gerações:

Comecemos pelo nascimento:

Há 60 anos atrás, a mulher grávida, chegada a sua hora, apressava-se a chamar a parteira e tinha os filhos em casa, correndo riscos, naturalmente, resultantes da forma empírica como os filhos eram trazidos ao mundo.
Eram tempos difíceis para a ciência em que pouco ou nada se podia fazer se algo desse errado, tanto no parto como nos primeiros momentos da vida dos bebés, quase sempre resultando em morte.

Com a evolução da ciência e a construção de Maternidades devidamente apetrechadas, a probabilidade de tudo correr melhor foi crescendo e, em Portugal, passaram a salvar-se vidas que, nas circunstâncias anteriores, estariam condenadas.
“Segundo a revista científica The Lancet, Portugal possui uma das taxas de mortalidade infantil (até aos cinco anos) mais baixas do mundo: 3,32 mortes por cada mil nados vivos.
Um valor atingido em tempo recorde, já que há duas décadas, morriam 24 crianças em cada mil e, em 2003, foram apenas cinco - uma queda de 79% -, de acordo com dados da Organização Mundial de Saúde. No referido relatório pode ler-se a este propósito: “Em 1965, por cada 1000 crianças nascidas em Portugal, 64,9 morriam a seguir ao nascimento, vinte anos depois, em 1985, esse número tinha baixado para 17, 8. Em 2007 esse número recuou para 3,4”. 
O Pré-escolar:
Há uns anos largos atrás, as mães não trabalhavam e ficavam em casa a cuidar dos filhos. A necessidade do casal trabalhar constituiu uma dificuldade acrescida no que concerne à colocação dos filhos durante o dia. Recorrendo a “amas” ou, muitas vezes, deixando os filhos entregues a si próprios, os pais não tinham forma de lhes proporcionar uma educação e um desenvolvimento adequado às necessidades futuras. Só os mais abastados podiam recorrer a colégios particulares, pondo assim em causa a igualdade de oportunidades que a sociedade tem obrigação de possibilitar a todos.
Em 1997, dá-se uma importante evolução com a criação de uma rede nacional de estabelecimentos de educação pré-escolar (jardins de infância) passando a educação no período anterior à escolaridade a ser também da responsabilidade do Estado. Os “pequeninos” passam a ter aprendizagem de linguagem, de expressão artística e do conhecimento geral do mundo que os rodeia.
O Ensino:
Falar da evolução em Portugal, de forma muito simples, é lembrar que a taxa de analfabetismo era na ordem de 52% em 1940, 47% em 1970 e cerca de 9% no censo de 2001.
A diminuição do analfabetismo resultou, essencialmente, da escolarização sistemática dos jovens, registando o censo de 2001 que 8% da população, com 21 ou mais anos, tinham completado o Ensino superior, contra apenas 4% em 1991.
Para que se tenha conseguido alcançar estes objectivos foi necessário investir na reabilitação e construção de novas escolas e contratar os indispensáveis professores.
Ao alargar a escolaridade obrigatória para doze anos e, ao atribuir bolsas para estudantes com maiores dificuldades económicas, Portugal não só procurou elevar o nível escolar dos seus jovens, como combater o abandono escolar.

É bom referir que, para conseguir que os seus filhos tenham conseguido obter a preparação que lhes permitirá qualificações capazes de os habilitar para o mundo do trabalho, as famílias têm sido obrigadas a um significativo esforço, havendo estudos que revelam que os custos directos na educação, em 2010, representavam 21,9% do orçamento familiar.

O Desenvolvimento Físico

É hoje inquestionável que a actividade curricular deve ser complementada com a prática desportiva, face ao importante significado que a preparação física e cívica representa na formação integral dos nossos filhos.
Os principais motivos que conduzem os jovens à prática desportiva são o gosto que nutrem pelo desporto, o divertimento e ocupação dos tempos livres que este lhes proporciona e a manutenção e melhoria da condição física.

Ao longo dos anos foram sendo proporcionados equipamentos (ginásios, campos de jogos, pistas de atletismo, professores e preparadores físicos, etc.) que permitiram aos nossos jovens serem mais saudáveis e, simultaneamente, ficarem mais aptos a respeitarem os princípios éticos universais.
Através do DESPORTO, pode aliar-se a ocupação dos tempos livres, do bem-estar físico e da saúde à cultura da tolerância e do respeito pelo adversário, valores esses que se pretendem sejam fundamentais no desenvolvimento das sociedades modernas.

A Habitação

“É conhecido o enorme esforço que, durante muitos anos, Lisboa fez para acabar com os feios bairros de lata, que hoje permanecem apenas como uma memória triste da cidade.”
Mas quem fala em Lisboa pode igualmente referir-se a outras zonas do país e comparar a evolução das condições habitacionais que hoje se usufrui e a que se tinha há 50/60 anos atrás. Tanto nas cidades, como no interior do país.

A diferença é indiscritível e só quem viveu nesse tempo é capaz de ter a noção da diferença de comodidades de então, para agora. Mas essa diferença teve de ser paga.
Os jovens, a tal futura geração, não faz a mais pequena ideia do que estou para aqui a dizer.
As casas de então não tinham sequer esgotos!!!

A Saúde

Já lá vai o tempo em que as pessoas receavam ser hospitalizadas face às condições precárias que iam encontrar nos estabelecimentos de saúde.
Os familiares e amigos levavam-lhes comida para minimizar a situação e o tempo de espera, para, por exemplo, ser operado era de tal forma elevado, que muitas vezes o paciente acabava por falecer antes de ser internado.

A evolução que ocorreu nesta área, com a construção de novos hospitais e de postos de atendimento, para além de variadíssimas outras estruturas médicas, veio proporcionar uma resposta actual que fica a “milhas” da que acontecia no tempo das gerações anteriores.

Transportes

Nos anos 60, uma viagem de carro, por exemplo, entre Lisboa e o Porto, era uma aventura. As estradas estreitas com valetas acentuadas condicionavam as ultrapassagens e, se por acaso, se tinha o azar de apanhar um camião, raramente se conseguia passar, tendo de penar toda a viagem atrás do pesado, levando muitas vezes com terra e pedras que saltavam com a sua passagem. Os comboios andavam à velocidade dos “torresmos” e, quem se deslocava naquele meio de transporte, normalmente, levava um farnel tal era o tempo que durava a viagem.  
Já sem falar na comodidade!
Muito se poderia dizer relativamente à importância que as infraestruturas de transportes representam no desenvolvimento económico e social de um país, mas o que importa aqui realçar é que, ao longo dos últimos anos, se operou um significativo desenvolvimento do sistema de comunicações que vieram garantir o aumento da mobilidade, possibilitando que as populações e os agentes económicos diminuíssem o tempo necessário para atingirem um local de forma mais cómoda e mais segura.
Para tanto, foi necessário reabilitar ou construir estradas, pontes, túneis, vias-férreas, aeroportos, portos marítimos e fluviais, que, obviamente, vão sendo utilizados pelas actuais e futuras gerações.

O Serviço Militar

Em 1961, quando começou a guerra colonial, o serviço militar era obrigatório para todos os portugueses do sexo masculino, por um período de dois anos. Como, porém, o tempo de serviço só era contado a partir da data de embarque para o teatro de operações, houve muitos “mancebos” que estiveram nas fileiras das Forças Armadas cerca de quatro anos, com o consequente atraso na entrada no mundo do trabalho e na organização da sua vida familiar.
A geração de então era constituída, grosso modo, pelos actuais reformados.
O esforço que lhes foi EXIGIDO, implicou, em milhares de casos, o sacrifício da própria vida ou sequelas físicas e mentais para o resto da sua existência.

Felizmente, que foi possível terminar com a guerra, permitindo que a actual geração no activo, bem como as das nossos filhos e netos, por agora, nem sequer estejam sujeitos ao serviço militar obrigatório.





Em jeito de conclusão:

Perante o panorama e a evolução aqui referidos, conviria deixar no ar a questão de saber se as gerações presentes e futuras, que são quem usufruem do património que estão a “herdar”, estariam dispostas a abdicar do avanço civilizacional, que todos estes investimentos feitos lhes proporcionam, tanto hoje, como no futuro.
A dívida que o país tem, resultante destes investimentos, é uma boa dívida e a sua amortização terá de ser, naturalmente, feita ao longo do tempo e paga por todos que vão usufruindo dessas realizações.

Acontece, porém, que a parte má da PESADA FACTURA não resulta do natural desenvolvimento do país, e muito menos de cada um de nós ter gasto mais do que podia, mas sim, como muito bem referiu António Costa, na “Quadratura do Círculo”, do regabofe de parte da classe política, das vigarices e roubos de uns quantos conhecidos que continuam impunes e da continuação da manutenção dos privilégios, enquanto todos os outros estão sujeitos a injustos sacrifícios.

Do que disse António Costa, destaco o seguinte:

“A União Europeia financiou durante muitos anos Portugal para Portugal deixar de produzir; não foi só nas pescas, não foi só na agricultura, foi também na indústria, por ex. no têxtil.
A ideia de que em Portugal houve um conjunto de pessoas que resolveram viver dos subsídios e de não trabalhar e que viveram acima das suas possibilidades é uma mentira inaceitável…

…Nós orientámos os nossos investimentos públicos e privados em função das opções da União Europeia: em função dos fundos comunitários, em função dos subsídios que foram dados e em função do crédito que foi proporcionado. E, portanto, houve um comportamento racional dos agentes económicos em função de uma política induzida pela União Europeia. Portanto, não é aceitável agora dizer que errámos. Eu não aceito que esse erro seja um erro unilateral dos portugueses. Não, esse foi um erro do conjunto da União Europeia e a União Europeia fez essa opção porque entendeu que era altura de acabar com a sua própria indústria e ser simplesmente uma praça financeira. É isso que estamos a pagar!
A ideia de que os portugueses são responsáveis pela crise, porque andaram a viver acima das suas possibilidades, é um enorme embuste.

Quem viveu muito acima das suas possibilidades nas últimas décadas foi a classe política e os muitos que se alimentaram da enorme manjedoura que é o orçamento do estado. A administração central e local enxameou-se de milhares de "boys", criaram-se institutos inúteis, fundações fraudulentas e empresas municipais fantasma. A este regabofe juntou-se uma epidemia fatal que é a corrupção…
…E foram as vigarices de Isaltino Morais, que nunca mais é preso. A que se juntam os casos de Duarte Lima, do BPN e do BPP, as parcerias público-privadas 16 e mais um rol interminável de crimes que depauperaram o erário público. Todos estes negócios e privilégios concedidos a um polvo que, com os seus tentáculos, se alimenta do dinheiro do povo têm responsáveis conhecidos. E têm como consequência os sacrifícios por que hoje passamos.
Enquanto isto, os portugueses têm vivido muito abaixo do nível médio  europeu. Não devemos pois, enquanto povo, ter remorsos pelo estado das contas públicas. Devemos antes, exigir a eliminação dos privilégios que nos arruínam. Há que renegociar as parcerias público--privadas, rever os juros da dívida pública, extinguir organismos... Restaure-se um mínimo de seriedade e poupar-se-ão milhões. Sem penalizar os cidadãos.”

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

OS RATOS SÃO OS PRIMEIROS….


Até 2011, Carlos Carreiras foi líder da Comissão Política Distrital de Lisboa do PSD. Actualmente, é Presidente da Câmara de Cascais, face ao abandono do anterior Presidente, e é, também, Presidente do Conselho de Administração do Instituto Francisco Sá Carneiro.

Pois bem, este destacado dirigente do PSD, que apoiou, inequivocamente, o actual Governo, nos seus primórdios, e que é candidato pelo Partido à presidência da Câmara de Cascais, veio ontem, com tom indignado, pedir a demissão do Secretário de Estado, Carlos Moedas, por este ter dito que o relatório do FMI foi “muito bem feito”.

“A Carlos Moedas, depois desta declaração – disse ele no Facebook e na Televisão – só resta uma atitude, abandonar as funções governativas, deixar a política e assumir que aspira a ser consultor técnico”.

Estas inusitadas afirmações na Praça Pública feitas por um “importante” dirigente do PSD parecerão, no mínimo, estranhas ou inadvertidas.
Mas não são!
São pensadas e intencionais!!!
Trata-se, apenas, na linha oportunista que Carlos Carreira nos foi habituando, de aproveitar esta ocasião para se demarcar do Governo, face às eleições autárquicas que já se adivinham e, nas quais, ele se apresenta como candidato à presidência da Câmara de Cascais.
O Governo está na mó debaixo e, Carlos Carreira, receoso do odioso daí resultante, porta-se como os ratos que são sempre os primeiros a abandonar o navio, mal pressentem que este se está a afundar.

Era bom que os habitantes e todos os que, de uma maneira ou de outra, estão ligados ao Concelho de Cascais, tivessem consciência do tipo de carácter deste candidato do PSD à presidência da Câmara.

                                   

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

EVIDÊNCIAS


 
Conforme tem sido evidente, confirmado pela prática, as políticas de austeridade, conduzidas por este Governo, produzem recessão.
Também é evidente que, enquanto houver recessão, não só não vai ser possível pagar a dívida do país, como, crescentemente, nos vão sendo exigidos maiores sacrifícios.

Parece ser consensual, que só o crescimento produz riqueza, mas que tal crescimento implica que haja investimento e, que o consumo interno não seja drasticamente reduzido, como vem a acontecer em consequência da diminuição das remunerações e do excessivo aumento de impostos.

Se, como diz o Ministro da Economia,

«O memorando de entendimento, como originalmente foi concebido, não tem uma componente que é essencial para voltarmos a crescer, que são o estímulo e os apoios ao investimento»

então, também é evidente, que é preciso rever a forma de apoio por parte da Troika a Portugal, renegociando o Acordo existente, como é já reivindicado pela maior parte dos vários sectores da nossa sociedade.
Aliás, é normal tal revisão, tanto mais que as condições, à partida, são muito diferentes das actuais, com especial relevo do pressuposto da proporcionalidade entre o valor da quebra do PIB e o valor do aumento da austeridade, como, recentemente, o FMI reconheceu.

Acontece, porém, que o Governo e aqueles que por dever o têm de apoiar, têm-se manifestado, sistematicamente, contra esse pedido de revisão.

E aqui põe-se a seguinte questão, também ela evidente:
Embora seja imperativo renegociar as condições do Memorando, o que é facto é que não estando o Governo de acordo com tal desiderato, não poderá ser ele a fazê-lo sob pena de conseguir um Acordo ainda mais penalizador para todos nós.

E então?
Vamos andar aqui sujeitos à teimosia desta “rapaziada” que chegou ao poder sem experiência de qualquer espécie, sem créditos governativos firmados, sem conhecimento da vida real, sem “estaleca” para, com a força da razão, se confrontarem, de cabeça erguida, sem subserviências e conseguirem, com êxito, “levar a carta a Garcia”?

Continuo sem perceber porque é que a mudança de governantes, sem ou com eleições, é um mal pior do que a situação, cada vez mais agravada, que estamos a viver.

Crise política é estarmos a ser governados “à vista” sem rumo ou, pior ainda, com um rumo que leva Portugal e os portugueses direitinhos ao empobrecimento e ao retrocesso civilizacional.

É evidente que a solução para o país não passa por Passos, Gaspar e Relvas, sem esquecer o Portas, que também tem culpas no cartório, face ao seu cúmplice silêncio.

Se o Presidente da República diz que é preciso acabar com o “ciclo vicioso” que está a ocorrer na nossa economia e com a “espiral recessiva”, pergunta-se – de que está ele à espera? (chega de paninhos quentes!)

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

CITAÇÕES


Em 05 de Janeiro de 2013, o “EXPRESSO” publicou o exemplar comemorativo do seu 40º aniversário com um diversificado conjunto de entrevistas e outras colaborações.
Aproveitemos a enorme e variada riqueza de conteúdos para compilar algumas citações:

- Marcelo Rebelo de Sousa

  • “O ano que finda, que o Governo chegou a apontar como de despontar de crescimento, acaba por revelar continuidade e mesmo agravamento da situação económica e financeira, com sinais de emigração, de contestação social e política e preocupações quanto ao novo modelo económico para a recuperação, quanto aos seus efeitos no tecido social e ao tempo de execução”.
  • “A situação económica e financeira de 2012 não corresponde às expectativas do poder. Maior recessão. Maior défice. Maiores sacrifícios. Mais lento processo de recuperação produtiva. A exigir adiamento das metas para 2013”.
  • “A democracia faz-se todos os dias. E não apenas de quatro em quatro anos. Saber fazê-la, em permanência, é outro dos desígnios de 2013… Para que nunca mais tenha de ser reposta de novo a partir do nada”.


- Ricardo Costa

  • “O Governo não governa por causa da Constituição. A oposição não apresenta alternativas lógicas por causa da Constituição. O FMI fica triste por causa da Constituição. Não há investimentos por causa da Constituição. E talvez chova para a semana por causa da Constituição”.
  • “Portugal ganhava em ter uma Constituição mais adaptada aos tempos que vivemos. Mas é errado achar que é a origem e o fim dos nossos males. E, acima de tudo, uma desculpa que dá imenso jeito”.


- Cavaco Silva

  • “É missão do Tribunal Constitucional verificar a conformidade das normas jurídicas com a Constituição da República. A Constituição não está suspensa”


- Miguel Sousa Tavares

  • “Este “capitalismo financeiro desregulado e egoísta” que apenas pensa em mais dinheiro e mais lucro e que “aposta num crescimento feito à custa dos direitos e deveres sociais” (conforme o definiu o Papa na sua mensagem de Ano Novo), foi o que nos lançou na crise que agora vivemos”.
  • "Décadas de doutrinação liberal convenceram muitos que só afastando o poder regulador do Estado a economia poderia ser rentável. O resultado está à vista: o jogo tornou-se desleal, a honra nos negócios foi substituída pelo triunfo social, o dinheiro apagou a vergonha e comprou as consciências e os remorsos e já faltou mais para que o sinistro grito de “salve-se quem puder!” anuncie o final trágico de um sistema e de uma ideologia que, entregue a si próprios, apenas conseguiram revelar o pior da natureza humana”.


- Fernando Madrinha

  • “O Presidente tem razão quando diz, supondo que se refere ao governo, que não basta ter a confiança dos credores e é preciso “recuperar a confiança dos portugueses”


- Maria Filomena Mónica

  • “ A actual relutância em debater o papel dos mercados retirou do discurso político a energia cívica que, noutros momentos, lhes dera vitalidade”


- Felipe González

  • “Não se podem esperar melhorias se prosseguirmos com estas políticas europeias e nacionais. A recessão vai continuar, com a queda do consumo, a redução do crédito e os ajustamentos. O desemprego vai continuar a subir e será impossível reduzir o défice ao ritmo exigido”.
  • “Penso que os nossos países, embora as origens das suas crises sejam diferentes, têm de se esforçar para mudar as políticas europeias impostas pela Alemanha ou por qualquer outro parceiro”.


- Daniel Oliveira

  • “…Tudo isto disse o Presidente da República para concluir…. “Temos urgentemente de pôr cobro a esta espiral recessiva, em que a redução drástica da procura leva ao encerramento de empresas e ao agravamento do desemprego”. É o que fará o Orçamento do estado para 2013?”.


- Martim Avillez Figueiredo

  • “Cavaco não foi diferente de Gaspar nesta matéria – também ele chutou para outros, não eleitos, uma responsabilidade que é sua”.


- Pedro Adão e Silva

  • “naquilo que é o cenário mais provável, se, quando o acórdão do TC for conhecido, o Governo optar por procurar compensar os mil milhões “inconstitucionais” com mais um pacote de austeridade, o limite do bom senso será definitivamente ultrapassado”.
  • "Se o bom senso imperar, a decisão do TC será um bom pretexto para exigirmos novas condições à troika, em lugar de prosseguir este caminho insensato e devastador no qual o Governo tem insistido”.


- Henrique Monteiro

  • “Se a escolha era entre o estertor e a morte súbita, Cavaco preferiu o primeiro; o lume brando a fim de queimar definitivamente um Governo que, autoisolando-se, ficou sem argumentos, sem apoios e, o que é pior, sem reformas acabadas”.
  • “Mas temo que, passados quase dois anos de sacrifícios e enorme desgaste, se conclua que nada mudou e nada valeu a pena”.


À CONSIDERAÇÃO DO GOVERNO E DOS SEUS SEGUIDORES (que são cada vez menos)!

domingo, 6 de janeiro de 2013

ABASTARDAMENTO



A propósito do envio do Orçamento de Estado para o Tribunal Constitucional, o Governo, pela voz do seu Secretário de Estado do Orçamento, Luis Morais Sarmento, veio-nos dizer que o possível chumbo pode pôr em causa a ajuda internacional.
Em entrevista à Rádio Renascença, este “ilustre” Secretário de Estado avisa “que Portugal pode deixar de receber dinheiros da Troika”.

Como é possível, um governante ter a desvergonha de procurar, por este meio, tentar exercer pressão sobre a população, em geral, e sobre os Juízes do TC, em particular?
Mas, bem pior do que isso, o que se conclui do que é dito por este “senhor”, é que o Governo entende que mesmo que haja inconstitucionalidades no Orçamento, tal não deveria ser posto em causa e, portanto, “que se lixe a Constituição”.

Para eles, não é o Governo que tem de fazer um Orçamento sem inconstitucionalidades, ou corrigi-lo, se for esse o caso, o Tribunal Constitucional é que não deveria ser consultado.
Para eles, acima do Estado de Direito, está a “obediência” à Troika ou, simplesmente, a imposição das políticas deste Governo, “custe o que custar”.

É o total ABASTARDAMENTO da nossa Democracia.

É impossível que esta governação dure muito mais tempo!

Ou se acaba com este Governo ou este Governo acaba com todos nós…