terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

NOSTALGIA



Uma bela sandes de presunto, acompanhada de um copinho de dois, branco, na Tendinha do Rossio, tinha um sabor e um tal prazer, que, por mais que me esforce, não sou capaz de descrever.
Por isso, fico em silêncio, a sonhar com o meu passado, enquanto vou ouvindo este "faducho".



http://letras.mus.br/amalia-rodrigues/a-tendinha/

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

ANTIDEMOCRÁTICO? – Até quando?




Na Assembleia da República, os Deputados do PSD e do CDS mostraram-se indignados porque Miguel Relvas, no ISCTE, foi interrompido por um conjunto de jovens, que se manifestou, calorosamente, contra as políticas seguidas pela actual maioria.

E desafiaram os restantes Partidos da oposição a manifestarem-se contra o que chamaram de uma atitude antidemocrática, na medida em que se pôs em causa o direito de expressão do ministro.

A hipocrisia destes deputados é gritante!

Como podem os representantes dos portugueses, mostrarem-se tão irritados com esse mesmo Povo que representam, quando nada fizeram para impedir que esse mesmo Povo tenha vindo a ser, sistematicamente, enganado pelo Governo, que nas eleições prometeu uma coisa e, agora, no poder, tem feito, exactamente o seu contrário?

Isso é que é antidemocrático!

O que espera este Governo dos portugueses que todos os dias têm novidades negativas acerca de:

·         DESEMPREGO crescente (jovens, longa duração…);
·         SALÁRIOS diminuídos;
·         SUBSÍDOS DE FÉRIAS E NATAL cortados;
·         REFORMADOS espoliados do que é seu;
·         IMPOSTOS aumentados;
·         SUBSÍDIO DE DESEMPREGO diminuído (tempo e valor)
·         INDEMNIZAÇÃO POR DESPEDIMENTO reduzida;
·         AUMENTO DO CUSTO DE VIDA (IVA);
·         FAMÍLIAS COM FOME, recorrendo à assistência social;
·         ABANDONO ESCOLAR por falta de meios;
·         CASAS ENTREGUES à Banca;
·         EMIGRAÇÃO a disparar;

Já aqui escrevi e repito:

Até quando, perante o desespero, que é mau conselheiro, e que já está implantado, o Cidadão Pacífico o deixará de o ser?
Até quando, perante a arrogante indiferença destes governantes, sem escrúpulos, o Cidadão Pacífico vai resistir, chamando-lhes, por educação, apenas ALDRABÕES, VIGARISTAS e LADRÕES?
Até quando, perante esta permanente provocação governativa e a necessidade diária de sobrevivência, o Cidadão Pacífico se manterá sem avançar para os distúrbios violentos?

A pacificidade tem limites! É bom que se cuidem!

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

AVILTANTE!


A partir de Janeiro passado, o Governo alterou as condições relativas ao direito ao Subsídio de Desemprego, fixando que o tempo máximo passou a ser de 18 meses e que o seu valor mínimo será de 419,22 euros, sendo que este montante sofrerá uma diminuição de 10% no final dos primeiros seis meses.
Depois, como não há emprego…

Pois bem, apesar disso, a OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico, veio, agora, voltar a recomendar ao Governo português a redução das indemnizações por cessação de Contrato de Trabalho.

Esta insensibilidade dos Organismos Internacionais que procuram ajudar o Governo português a conseguir alcançar o grande objectivo de criar uma sociedade empobrecida a qualquer custo é, no mínimo, aviltante, na medida em que nos procuram humilhar através da degradação das condições mínimas de sobrevivência.

Ouvir Passos Coelho dizer que o que está a acontecer está na linha do previsto, é ouvir uma confissão assumida que, afinal, a política traçada por este Governo, visava este desemprego e o empobrecimento em curso.

·         A Taxa de Desemprego continua a subir tendo atingido o record de 16,9%;
·         O número de desempregados é na ordem das 923.200 pessoas;
·         Estão inscritos nos Centros de Emprego cerca de 740.000 trabalhadores;
·         A taxa de desemprego Jovem atingiu 40%, no 4º Trimestre de 2012;
·         Existem 775.000 Jovens desempregados, com menos de 25 anos;
·         Os Desempregados de Longa Duração representam 1/3 do total dos sem emprego;
·         À procura de emprego, há mais de dois anos, são cerca de 280.000 cidadãos.

Mas depois, estes “ilustres” liberais que, simultaneamente, aumentam permanentemente os Impostos, vêm, de lágrima de crocodilo ao canto do olho, hipocritamente, elogiar a capacidade de sofrimento dos portugueses que, ordeiramente, vão suportando esses sacrifícios, sem nada fazerem para estancar estes inconscientes, ignorantes, irresponsáveis, “imberbes e loiros” que se instalaram no Governo e que se comportam como estúpidos adolescentes, que, por mera teimosia, querem levar a sua avante, “custe o que custar”, doa a quem doer….

E esta “saga” vai continuar até que os consciencializemos da nossa revolta e do tremendo desejo de os derrubarmos para que se retome um caminho que permita uma vida digna para todos.

               JÁ VAI EM 16,9%

domingo, 17 de fevereiro de 2013

O PAPA E A CONDIÇÃO HUMANA


Ao agir, livremente, renunciando à condição de Papa, Bento XVI revela, em toda a sua plenitude, a sua condição humana.

Há um quadro de René Magratte (surrealista), designado “A Condição Humana”, em que a artista expõe a pintura de uma paisagem, colocando-a num tripé, frente a uma janela.
Ora acontece que, o que pintou, é exactamente igual ao exterior, estabelecendo-se, assim, uma confusão entre a pintura e o original.
A artista procura, por essa via, “questionar a distinção entre a ilusão e a realidade”.

Quando a Igreja Católica decidiu, dogmaticamente, que o Papa é infalível, que goza da assistência sobrenatural do Espírito Santo, que a escolha que é feita pelo Colégio dos Cardeais é inspirada pelo Espírito Santo, e que nas questões espirituais o Papa não pode ser julgado por ninguém, criou uma imagem que, quando confrontada com a realidade resultante do seu natural envelhecimento enquanto humano, revela, de forma bem clara, a distinção entre a ilusão da dimensão que constitui a primeira imagem e a realidade evidente da sua crescente decadência física e não só.

Ao renunciar, o Papa libertou-se das condicionantes divinas que o cercavam para, humildemente, aceitar a sua Condição Humana.



sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

DOENÇAS MENTAIS NA POPULAÇÃO

Transcrição de um artigo de Pedro Afonso, médico psiquiatra, no Hospital Júlio de Matos


Portugal é o país da Europa com a maior prevalência de doenças mentais na população.


Alguns dedicam-se obsessivamente aos números e às estatísticas esquecendo que a sociedade é feita de pessoas.
Recentemente, ficámos a saber, através do primeiro estudo epidemiológico nacional de Saúde Mental, que Portugal é o país da Europa com a maior prevalência de doenças mentais na população. No último ano, um em cada cinco portugueses sofreu de uma doença psiquiátrica (23%) e quase metade (43%) já teve uma destas perturbações durante a vida.
Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque assisto com impotência a uma sociedade perturbada e doente em que violência, urdida nos jogos e na televisão, faz parte da ração diária das crianças e adolescentes. Neste redil de insanidade, vejo jovens infantilizados incapazes de construírem um projecto de vida, escravos dos seus insaciáveis desejos e adulados por pais que satisfazem todos os seus caprichos, expiando uma culpa muitas vezes imaginária. Na escola, estes jovens adquiriram um estatuto de semideus, pois todos terão de fazer um esforço sobrenatural para lhes imprimirem a vontade de adquirir conhecimentos, ainda que estes não o desejem. É natural que assim seja, dado que a actual sociedade os inebria de direitos, criando-lhes a ilusão absurda de que podem ser mestres de si próprios.
Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque, nos últimos quinze anos, o divórcio quintuplicou, alcançando 60 divórcios por cada 100 casamentos (dados de 2008). As crises conjugais são também um reflexo das crises sociais. Se não houver vínculos estáveis entre seres humanos não existe uma sociedade forte, capaz de criar empresas sólidas e fomentar a prosperidade. Enquanto o legislador se entretém maquinalmente a produzir leis que entronizam o divórcio sem culpa, deparo-me com mulheres compungidas, reféns do estado de alma dos ex-cônjuges para lhes garantirem o pagamento da miserável pensão de alimentos.
Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque se torna cada vez mais difícil, para quem tem filhos, conciliar o trabalho e a família. Nas empresas, os directores insanos consideram que a presença prolongada no trabalho é sinónimo de maior compromisso e produtividade. Portanto é fácil perceber que, para quem perde cerca de três horas nas deslocações diárias entre o trabalho, a escola e a casa, seja difícil ter tempo para os filhos. Recordo o rosto de uma mãe marejado de lágrimas e com o coração dilacerado por andar tão cansada que quase se tornou impossível brincar com o seu filho de três anos.
Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque a taxa de desemprego em Portugal afecta mais de meio milhão de cidadãos. Tenho presenciado muitos casos de homens e mulheres que, humilhados pela falta de trabalho, se sentem rendidos e impotentes perante a maldição da pobreza. Observo as suas mãos, calejadas pelo trabalho manual, tornadas inúteis, segurando um papel encardido da Segurança Social.
Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque é difícil aceitar que alguém sobreviva dignamente com pouco mais de 600 euros por mês, enquanto outros, sem mérito e trabalho, se dedicam impunemente à actividade da pilhagem do erário público. Fito com assombro e complacência os olhos de revolta daqueles que estão cansados de escutar repetidamente que é necessário fazer mais sacrifícios quando já  há muito foram dizimados pela praga da miséria.
Finalmente, interessa-me a saúde mental de alguns portugueses com responsabilidades governativas porque se dedicam obsessivamente aos números e às estatísticas esquecendo que a sociedade é feita de pessoas. Entretanto, com a sua displicência e inépcia, construíram um mecanismo oleado que vai inexoravelmente triturando as mentes sãs de um povo, criando condições sociais que favorecem uma decadência neuronal colectiva, multiplicando, deste modo, as doenças mentais.
E hesito em prescrever antidepressivos e ansiolíticos a quem tem o estômago vazio e a cabeça cheia de promessas de uma justiça que se há-de concretizar; e luto contra o demónio do desespero, mas sinto uma inquietação culposa diante destes rostos que me visitam diariamente.
Pedro Afonso


segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

LINCOLN – filme


Lincoln é um filme muito interessante que recomendo, vivamente,  e que deve ser visto pelas diversas gerações, permitindo, por essa via, relembrar a uns e dar a conhecer a outros um momento decisivo da História dos Estados Unidos da América e mesmo da civilização ocidental.

Esta “fita” cinematográfica procura mostrar a parte final da Guerra Civil americana, no ano de 1865, conflito esse que resultou, essencialmente, da revolta do Sul, face à decisão do Presidente eleito querer abolir a escravatura.

Abraham Lincoln consegue evitar a secessão mas, para tanto, morreram cerca de 620.000 cidadãos.

É curioso relembrar como algo que para as gerações actuais é banal (a não existência de escravatura), foi, na altura, tão difícil de alcançar.
Já, então, parte dos votos que permitiram que a 13ª Emenda fosse aprovada, foram comprados.

A dada altura do filme, um dos congressistas do “contra” questiona o plenário:
“O que virá a seguir, negros votando?”
E, de seguida, insiste interrogando:
“E se os negros passarem a votar, o que virá depois? Mulheres votando?”
 De imediato, um coro de recusa e indignação é ouvido em todo o Congresso…

Lincoln veio a morrer assassinado!

Nota à margem:
É bom lembrar, a todos que por aqui andam, que os avanços civilizacionais foram obtidos com muita luta e com o sacrifício das vidas de imensos homens e mulheres.
Andar para trás é uma traição à sua memória e um acto irresponsável de pura irracionalidade.

                                                                  

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

IMBECIS!!!


Apesar do sol, o vento cortante faz-me sentir o frio.

Enquanto caminho pelo paredão, dou comigo a pensar nos anos que passaram e, sinto quão diferente é este mundo relativamente ao que sempre idealizei que iria ser.
Em vez da riqueza crescente e do desenvolvimento evidente nos terem conduzido a um patamar de tranquila felicidade, o que se nos depara é um permanente estado de angústia, é a interrogação sobre o nosso próximo futuro, é o desespero presente, diria mesmo diário, de tantos que nos rodeiam sem saberem como sobreviver.

Homens e mulheres, pais e mães, famílias inteiras desnorteadas sem emprego, a perderem as casas, a tirarem os filhos da escola, a sentirem a humilhação de terem de recorrer à “esmola” de um prato de sopa para sobreviverem à fome, sem serem capazes de explicar aos filhos, porque tal coisa lhes está a acontecer, quando, na grande maioria dos casos, têm simplesmente, levado a vida a trabalhar.

Que injustiça, Senhor!

Enquanto isso, fortunas acumuladas à custa do trabalho daqueles que agora estão no desemprego, permitem que autênticos nababos, levem uma vida escandalosamente aviltante, com aviões particulares, iates soberbos, palácios sumptuosos, etc, ricaços esses que, com sobrançaria, dizem que o que têm é fruto do seu trabalho, como se eles sozinhos …

Que injustiça, Senhor!

Mas, depois, há também os “merdas secas” que, para garantirem os “poleiros” a que chegaram se vendem, procurando que a situação não só se mantenha ou, que se degrade ainda mais, como é o caso do actual Governo, que vê, no empobrecimento, uma indispensável virtude, afirmando, convictamente (ou não), que “os mercados”, miraculosamente (como se tem visto), tudo hão-de regular.

IMBECIS!!!  

O sol mantem-se, o vento desapareceu, mas o frio permanece…




segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Franquelim Alves


Quantos de nós conheciam ou simplesmente tinham ouvido falar de Franquelim Alves?

De facto, trata-se apenas de um simples “peão de brega” dessa elite “superior”, que é paga (ou é comprada) a peso de ouro, e que tudo faz para satisfazer os que realmente mandam no mundo e, por essa via, protegem os seus próprios interesses e os daqueles que a ela estão ligados.

Franquelim Alves foi administrador de SLN (holding que controlava o BPN) e, quando questionado na Assembleia da República, na Comissão Parlamentar de Inquérito, afirmou que tinha conhecimento das irregularidades praticadas pelo BPN, mas preferiu não as denunciar ao Banco de Portugal, como, aliás, era seu dever.
Curiosamente, do seu currículo foi retirada a referência à sua actividade como Administrador da SLN.

Pois apesar de tal confissão, o Ministro da Economia propõe-no para Secretário de Estado, o Primeiro-Ministro nomeia-o e o Presidente da República dá-lhe posse.

Entretanto,

- O CDS diz que “não teve nem tinha de ter intervenção na escolha do Secretário de Estado”
- O Ministro da Economia considera ser “chegada a hora de dizer basta com insinuações e suspeitas…” e que as nomeações de secretários de Estado “são sujeitas a um processo de escrutínio e de ponderação muito profundo…”
- O Primeiro-Ministro afirma que “está tranquilo quanto à seriedade de FA, que agiu sempre de forma correcta nos locais onde trabalhou e, que é uma boa escolha e uma boa ajuda para o governo…”

E o Presidente da República?
Bom, esse, devia estar, certamente, distraído a comer mais uma fatia de bolo-rei!

Enfim,

“PALAVRAS PARA QUÊ? É UM ARTISTA PORTUGUÊS!

                                           

domingo, 3 de fevereiro de 2013

O LOBISOMEM


Fernando Ulrich, mais uma vez, teve a desfaçatez de provocar a maioria dos portugueses referindo, de uma forma arrogante, que qualquer um, incluindo ele próprio, pode passar a ser um sem-abrigo e, se esses desgraçados têm aguentado, então, também nós temos de aguentar.

Fernando Ulrich ao exprimir o seu pensamento não nos devia causar grande admiração.
De facto, ele representa aquela elite dirigente que tudo faz para manter os seus privilégios, “custe o que custar”, “trabalhando”, arduamente, para os detentores do capital, que lhes pagam, principescamente, para sugarem o mais que puderem a todos aqueles que trabalham toda uma vida para conseguirem que as suas famílias vão sobrevivendo.

Ao vermos e ouvirmos este homem, que, obviamente, sabe muito bem que nunca passará pelo angústia horrorosa do desempregado que não consegue meios para sustentar a família, quanto mais vir a ser um sem-abrigo, a transmitir-nos a mensagem que todos os que trabalham se devem sentir muito agradecidos por não terem de viver debaixo da ponte, sentimos que estamos perante um indivíduo feroz, insensível, arrogante, capaz de destruir tudo o que se oponha à realização dos seus interesses.

Fernando Ulrich é a personificação do LOBISOMEM,  que, como refere o etnógrafo Alexandre Parafita, “conjuga a ferocidade maléfica do lobo com as emoções, ora angustiosas, ora igualmente maléficas, do homem”.