quinta-feira, 25 de julho de 2013

VAI À MISSA…



Durante dois anos, o Governo foi anunciando e, logo de seguida, adiando o início do crescimento económico.
O que, porém, fomos verificando é que, mercê das políticas que, teimosamente, foi pondo na prática, o que cresceu não foi o Produto Interno, mas sim, o Deficit, a Despesa Pública, a Dívida e, em consequência, o descalabro da vertiginosa subida do Desemprego.

Esta situação de políticas que nos têm conduzido a uma espiral recessiva, que nos empobrece inevitavelmente, são demasiado evidentes, não sendo preciso qualquer habilitação específica para que a grande maioria dos portugueses, que sofrem os seus efeitos, as constatem e as repudiem.

Mas o que é grave, é que a coligação no Governo, apesar de o Ministro Gaspar, quando da sua demissão, ter proclamado o falhanço dessas políticas, insiste na continuidade do caminho que vem seguindo como ficou bem patente, preto no branco, quando na “tentativa” de acordo com o Partido Socialista, deixou, por escrito, todas as suas intenções.

Só não vê quem não quer ver que todas as novas promessas não passam de palavreado que apenas enganam quem, de facto, quer ser enganado!

E foi exactamente isso que fez o Presidente da República, nesta sua intervenção, num jogo “de faz de conta”, como se não conhecesse a realidade ou estivesse a falar para um país de patetas.

Repare-se:
- Ao rejeitar as eleições antecipadas, que poderiam ocasionar a formação de um novo Governo, que teria muito mais condições de vir a negociar um Acordo de relançamento da economia, entre os dois Partidos mais votados, Cavaco argumentou, exaustivamente, que tal teria custos brutais. Ora, é o mesmo Cavaco, no mesmo discurso, que se propõe marcar eleições “antecipadas” para daqui a um ano, como se em tal momento os custos não fossem os mesmos, com a agravante de agora reforçarmos a incerteza, face a fragilidade de um Governo a prazo, desmotivado por isso mesmo.

- Ao decidir aceitar este Governo remodelado, Cavaco conhecia a sua nova orgânica e, portanto, estava a aceitar Paulo Portas como o novo Primeiro-ministro disfarçado de “vice”, sendo que Passos Coelho, ao delegar nele as suas principais funções, passará, quando muito, a “porta-voz” do Governo, tarefa, aliás, de que tem dado sobejas provas de medíocre desempenho.
Mas o Presidente também sabe muito bem da incompatibilidade das posições públicas assumidas pela actual ministra das Finanças e do empossado ministro da Economia, prevendo-se, facilmente, que após o pó assentar, se irá mais uma vez ver que não é possível dois galos para o mesmo poleiro.

- Ao aceitar manter este Governo, Cavaco Silva não teve presente que Passos Coelho:
ü  Começou por perder Relvas, que era o seu grande apoio, por falta de força anímica;
ü  Gaspar bateu-lhe com a porta, dizendo que as políticas tinham sido um fracasso e que o Governo não tinha liderança;
ü  Paulo Portas demite-se por discordar de Passos e das políticas que estavam por ele a ser seguidas;
ü  Que o próprio Passos Coelho, ao entregar o poder a Paulo Portas, se está a demitir das suas funções;
não reparou, não enxergou que o Primeiro Ministro já não existe e é urgente substituí-lo?
Nada disso, Cavaco sabe muito bem tudo isso, mas montou todo este teatro para disfarçar e perseverar a sua própria imagem. No seu próximo “prefácio” dirá que “ele bem fez todos os possíveis mas os Partidos políticos, blá, blá, blá….”

As imagens, em plena crise, nas Selvagens, ao falar das cagarras que o deixaram dormir e a enviar um bilhete-postal à “esposa” e o encontro com o Jardim, ilustram, muito bem, Cavaco no seu melhor.

 Depois de toda esta “cena macaca” o que me apetece é mandar o Cavaco à missa, porque, à semelhança do que aconteceu nos Jerónimos, aí sempre há os convidados para o aplaudir.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

O LABIRINTO DO CAVACO


Cavaco Silva levou mais de metade do tempo da sua comunicação a procurar demonstrar os efeitos perniciosos e terríficos que resultariam se fossem convocadas eleições antecipadas.
Os mercados, referiu ele, perante as incertezas dos resultados, iriam, certamente, reagir, fazendo subir as taxas dos juros, a cotação bolsista seria igualmente afectada e o país teria de se sujeitar a um novo resgate ainda mais gravoso, etc., etc.

Mas, se a causa dessa nova situação seria a incerteza, durante três ou quatro meses, até que as eleições se realizassem e voltasse a normalidade governativa, como se justifica que, na solução preconizada pelo Presidente da República, estejam, exactamente, previstas eleições antecipadas para daqui a um ano?
Os efeitos são, obviamente, pelo menos, os mesmos, com a agravante de que a incerteza dos resultados irá durar em vez de três meses, quinze ou dezasseis.

A quase totalidade dos especialistas em análises e comentários políticos referem a falta de clareza da proposta de Cavaco, que se presta às mais diversas interpretações, sem que se vislumbre como é possível satisfazer as condições apontadas, tal a complexidade que representam.

Enfim, Cavaco quis demonstrar que também é capaz de dizer coisas, mesmo que, como é seu costume, procure apagar o fogo com gasolina.

Entrou na sala para falar aos portugueses, todo emproado, “chegou e disse …… e foi-se”, deixando ao país não um caminho, mas um labirinto.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

A CRISE NO GOVERNO

Uma crise é sempre o resultado de algo que está a correr mal.
Quando tudo está bem, não há crise.
Assim sendo, a única forma de a debelar é corrigir (extirpar) o que a originou.
Se temos um furúnculo, não há betadine que o resolva, nem basta lancetá-lo, é mesmo preciso espremê-lo para que todo o pus, que lá se foi depositando, ao longo do tempo, seja expulso e, permita assim, que se criem as condições para a recuperação e cura.

Em Portugal, com o actual Governo, passa-se algo de semelhante.
A sua implosão, com o saltar de Gaspar e Portas, não é suficiente. Se não se tirar de lá a restante massa infectada que, sobretudo, Passos Coelho representa, a infecção não só não desaparece como se espalha pelo corpo todo, tornando impossível a retoma da saúde do país.

Passos Coelho é um inconsciente e, enquanto tal, não irá nunca reconhecer as suas incapacidades para desempenhar as funções de Primeiro-ministro.
No seu discurso, mal-amanhado, que fez na segunda-feira, à noite, em que em desespero de causa, afirmou “não me demito”, fez-me lembrar Vasco Gonçalves, em Almada, em Agosto de 1975, mas, tal comparação é porque ambos estavam no estertor do seu “consulado”, porque Coelho, relativamente a Gonçalves, nem aos calcanhares lhe chega.

Passos pode ser (duvido) muito eficiente noutras tarefas, mas as provas, enquanto governante, estão mais que suficientemente dadas, de que, tal como o Sapateiro, também Passos Coelho não sabe tocar Rabecão.

Como é usual dizer-se, Passos Coelho não faz parte da solução. Ele é agora o verdadeiro problema.

É preciso extirpá-lo!

                                                                        

segunda-feira, 1 de julho de 2013

RESTA O PASSOS…

Portugal não ficou espantado com a saída de Victor Gaspar.
Já de há muito que se sentia que isso iria acontecer, mais dia, menos dia, tal era a situação de crescente isolamento do Ministro, não só por parte da quase totalidade dos portugueses, mas também no seio do próprio Governo.

O que, de facto, causou uma enorme perplexidade foi a nomeação da Secretária de Estado, Maria Luís Albuquerque, para Ministra das Finanças.

 Esta decisão do 1º Ministro revela que, de três, uma, ou Passos Coelho não conseguiu convencer ninguém, devidamente credenciado, para desempenhar aquela função, ou prefere uma simples marionete disposta a seguir a actual política, cujos cordéis ele irá manejar a partir das directrizes da Troika e dos ditames de Berlim, ou ele próprio acha que está a mais, considera-se já na situação de mobilidade especial, e, nessas condições, não se justificando alguém de “peso” para o lugar prefere nomear uma segunda linha.

Do Trio Central Passos/Gaspar/Relvas, resta apenas o primeiro que continuará a andar à volta da nora até que lhe caiam as palas e, finalmente, perceba que o poço está seco e que, portanto, é altura de passar para a fase de requalificação.