quarta-feira, 30 de outubro de 2013

O GUIÃO



Paulo Portas apresentou, finalmente, o tão “desejado” Guião da Reforma do Estado e disse que tal documento era constituído por cerca de 110 páginas úteis.

Esteve 55 minutos a descrever, segundo ele, as questões mais essenciais e, quando chegou ao fim, eu pensava que nem sequer tinha começado, porque tudo o que dissera eram meras repetições das medidas que já vêm a ser tomadas e ou já estão anunciadas e que nada reformam, porque se limitam a cortes inconsequentes no que terá de ser uma verdadeira reforma do Estado.

A Montanha pariu uma lagartixa coxa e o que se pode perguntar é: 
Se aquelas 110 páginas são úteis, são úteis para quê?



domingo, 27 de outubro de 2013

FRANCISCO SANTANA GANHÃO

O Chico Ganhão foi andando à nossa frente.

Onde quer que esteja, rapidamente, vai estar rodeado de amigos.
Quem o conheceu sabe bem como era admirável a sua enorme disponibilidade e a sua dimensão, enquanto homem íntegro, que cultivava a franqueza e a lealdade, numa permanente preocupação com o bem-estar dos outros, qualidades cada vez mais raras.

Ele era amigo de todos, porque a amizade fazia parte da sua própria natureza.

Vamos ter saudades tuas, Chico!


Até um dia…


quarta-feira, 23 de outubro de 2013

O PREGO



O PREGO

Quando decidimos tentar atingir um objectivo, não podemos desistir porque, um qualquer “prego” retorcido, nos fura o pneu.
Na altura, temos uma arrelia, momentânea, mas não passa disso.

Muda-se o pneu e seguimos o nosso caminho, deixando o insignificante “prego” na beira da estrada aguardando uma nova oportunidade de poder furar outro pneu, porque esse tipo de “pregos” não serve para mais nada a não ser para cumprir essa irrelevante missão.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

POBREZINHOS MAS HONRADINHOS…

Nada do que está a acontecer na Europa (e não só) é inesperado.
O capitalismo é um processo contínuo que ocasiona a acumulação de capital, sendo que os que detêm a riqueza vão-se assenhoreando do poder e não permitem a justa redistribuição dos valores obtidos a partir do trabalho de todos.

Vivendo nas suas torres de marfim, os detentores das grandes fortunas, nas suas mais diferentes formas, pagam a peso de ouro às elites (políticas, bancárias, militares, etc.), para não só lhes garantirem o “statu quo”, mas para procurarem aumentar ainda mais as suas riquezas, explorando o trabalho e, mesmo, as dificuldades das populações em geral, com maior incidência na classe média.

A riqueza destes “nababos” pornograficamente ricos e o egoísmo daqueles que, servilmente, lhes lambem as botas tolda-lhes, por completo, a capacidade de raciocínio ao ponto de não me parecer já possível resolver o problema com simples reformas. Aliás, cada vez mais, voltamos a ouvi-los defender as virtudes da pobreza. “Pobrezinhos mas honradinhos”…

A História mostra-nos que estes “canalhas” são insensíveis ao sofrimento de todos os que nem sequer conseguem os meios para alimentarem as famílias e que a única voz que eles entendem é a voz da violência, porque bem podemos apregoar estas verdades, fazer manifestações, comícios, greves, que nada os demove.
Para eles “o cão ladra e a caravana passa triunfalmente”.

Estão mesmo a pedi-las!

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

PORTUGAL PERGUNTA

“Portugal Pergunta”, na RTP 1 é um programa de efeito pernicioso pois permite que o “entrevistado” responda às questões que lhe são postas sem que, de seguida, haja o contraditório que ponha em causa os argumentos apresentados.
Fica, portanto, no ar, a resposta dada, como o raciocínio correcto sem possibilidade de qualquer objecção o que, em última análise, acaba por ser um logro.

Não sei bem porquê, mas à medida que o programa de hoje, com o Primeiro-Ministro, Passos Coelho, se ia desenvolvendo, veio-me à memória as “Conversas em família” de Marcelo Caetano, que procurava convencer-nos que tudo ia bem e que, por tal, ainda lhe devíamos estar agradecidos.


Passos Coelho também tentou fazer o mesmo mas, claro, com uma capacidade a milhas de Marcelo Caetano.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

PARA GRANDES MALES…

A abstenção foi um dos traços mais vincados do comportamento geral dos eleitores portugueses nas últimas eleições autárquicas.
Tal facto, não me parece que signifique um voto de protesto contra os políticos em geral e contra as políticas que estão a ser seguidas, mas sim uma atitude resultante de um forte desalento e /ou de uma forte convicção de que não adianta fazer o que quer que seja porque nada muda.

Há como que a sensação da incapacidade de interferir no processo, criando-se, assim, uma inércia que, aos poucos, nos vai transformando numa sociedade amorfa que, inevitavelmente, vai a caminho de um crescente empobrecimento.
Como, de facto, é esse o objectivo do poder instalado, a sua estratégia passa por anestesiar a população, instalar o medo do desemprego naqueles que ainda têm emprego e, simultaneamente, procurar deslaçar a sociedade atirando empregados contra desempregados, novos contra velhos, pobres contra remediados, transformando-nos num “bando” de invejosos que, cada vez mais, deixamos de nos interessar pelos outros, procurando apenas o interesse pessoal na tentativa, permanente, de conseguirmos simplesmente sobreviver.

Só um clima assim é que permite a inexistência de uma verdadeira revolta não só perante a Troika que, obviamente, não quer saber do país para nada, visto que o seu objectivo é a defesa dos interesses dos credores que passa pela exploração permanente do país e de todos nós, mas, também, perante um Governo que de joelhos lhes obedece, cegamente, e que nos comunica as sucessivas medidas gravosas com total indiferença e brutal crueldade.

Os Governantes que, de facto, não têm nenhuma ideologia, como se viu na última campanha para as Autárquicas em que as medidas que preconizavam eram o contrário dos princípios que dizem defender, não conseguem acertar uma mas, alegremente, têm o descaramento de apregoar que tudo vai bem e que nos esperam risonhas madrugadas, apesar da realidade desmentir tudo o que eles dizem.

Impreparados, inexperientes, desorganizados e inconscientes é o mínimo que se pode dizer deste bando de malfeitores que até desfazem, unilateralmente, os contratos estabelecidos com os que já se foram e que organizaram as suas vidas pensando que podiam morrer descansados, porque tinham deixado a sua reforma para garantir a vida da Família que cá ficava.

Sinceramente, não creio que toda esta questão possa vir a acabar a bem…

A Oposição, e sobretudo o PS, têm de dar um passo em frente e dizer, de forma clara, qual é, no concreto, o seu Programa de Governo, quem são os eventuais protagonistas desse projecto e pô-los a afirmarem-se publicamente, salientando a sua preparação/experiência e, sem receios, puxar pelo orgulho dos portugueses, mostrando-lhes que o país é deles e que, se for preciso saltar para a rua,  para garantir a sobrevivência e a dignidade, o PS estará com eles.


Para grandes males…