Apesar do sol, o vento
cortante faz-me sentir o frio.
Enquanto caminho pelo
paredão, dou comigo a pensar nos anos que passaram e, sinto quão diferente é
este mundo relativamente ao que sempre idealizei que iria ser.
Em vez da riqueza crescente
e do desenvolvimento evidente nos terem conduzido a um patamar de tranquila
felicidade, o que se nos depara é um permanente estado de angústia, é a
interrogação sobre o nosso próximo futuro, é o desespero presente, diria mesmo
diário, de tantos que nos rodeiam sem saberem como sobreviver.
Homens e mulheres, pais
e mães, famílias inteiras desnorteadas sem emprego, a perderem as casas, a
tirarem os filhos da escola, a sentirem a humilhação de terem de recorrer à “esmola”
de um prato de sopa para sobreviverem à fome, sem serem capazes de explicar aos
filhos, porque tal coisa lhes está a acontecer, quando, na grande maioria dos
casos, têm simplesmente, levado a vida a trabalhar.
Que injustiça, Senhor!
Enquanto isso, fortunas
acumuladas à custa do trabalho daqueles que agora estão no desemprego, permitem
que autênticos nababos, levem uma vida escandalosamente aviltante, com aviões
particulares, iates soberbos, palácios sumptuosos, etc, ricaços esses que, com
sobrançaria, dizem que o que têm é fruto do seu trabalho, como se eles sozinhos
…
Que injustiça, Senhor!
Mas, depois, há também
os “merdas secas” que, para garantirem os “poleiros” a que chegaram se vendem,
procurando que a situação não só se mantenha ou, que se degrade ainda mais, como
é o caso do actual Governo, que vê, no empobrecimento, uma indispensável virtude,
afirmando, convictamente (ou não), que “os mercados”, miraculosamente (como se
tem visto), tudo hão-de regular.
IMBECIS!!!
O sol mantem-se, o vento
desapareceu, mas o frio permanece…
Sem comentários:
Enviar um comentário