domingo, 17 de fevereiro de 2013

O PAPA E A CONDIÇÃO HUMANA


Ao agir, livremente, renunciando à condição de Papa, Bento XVI revela, em toda a sua plenitude, a sua condição humana.

Há um quadro de René Magratte (surrealista), designado “A Condição Humana”, em que a artista expõe a pintura de uma paisagem, colocando-a num tripé, frente a uma janela.
Ora acontece que, o que pintou, é exactamente igual ao exterior, estabelecendo-se, assim, uma confusão entre a pintura e o original.
A artista procura, por essa via, “questionar a distinção entre a ilusão e a realidade”.

Quando a Igreja Católica decidiu, dogmaticamente, que o Papa é infalível, que goza da assistência sobrenatural do Espírito Santo, que a escolha que é feita pelo Colégio dos Cardeais é inspirada pelo Espírito Santo, e que nas questões espirituais o Papa não pode ser julgado por ninguém, criou uma imagem que, quando confrontada com a realidade resultante do seu natural envelhecimento enquanto humano, revela, de forma bem clara, a distinção entre a ilusão da dimensão que constitui a primeira imagem e a realidade evidente da sua crescente decadência física e não só.

Ao renunciar, o Papa libertou-se das condicionantes divinas que o cercavam para, humildemente, aceitar a sua Condição Humana.



Sem comentários:

Enviar um comentário