Supor que a ciência económica se pode incorporar no modelo das ciências exactas e, como tal, aplicá-la, sem mais, é não ter em conta, que a vida política faz parte integrante da vida espiritual do homem, cuja mutação é permanente.
É, aliás, muito interessante verificar que existem muitos modelos matemáticos que procuram estabelecer equações comportamentais da economia e, que só o facto da existência dessa multiplicidade de “respostas”, constitui a garantia da incerteza.
Se todos os modelos são válidos, pergunta-se, como escolher este ou aquele? Os especialistas não o sabem… pelo que, obviamente, é necessário que os decisores tenham grandes reservas relativamente à construção de modelos teóricos de governação.
De facto, a ciência económica não é uma ciência pura como, por exemplo, a física, porque os acontecimentos económicos estão estritamente ligados a acontecimentos sociais que sofrem constantes alterações impossíveis de se fazerem reflectir nos modelos matemáticos.
Não é, portanto, aceitável, que os governantes marquem a definição das políticas a adoptar a partir de modelos ortodoxos, sem terem em linha de conta que os objectivos não são apenas números, mas, sobretudo, a forma de, equilibradamente, se atingir o bem-estar de toda a população.
Tão ou mais importante que definir objectivos, é escolher os caminhos certos para lá chegar, o que implica a impossibilidade de serem tomadas medidas cegas, cortando, pura e simplesmente, a direito.
Nem sempre o caminho mais curto é o mais adequado.
“As cadelas apressadas parem os filhos cegos”.
Que importa ganhar uma batalha, se ficarmos sem o exército para continuar a guerra? A derrota, nessas circunstâncias, é inevitável.
Para que valem todos os sacrifícios que estão a ser exigidos à população se, atingido o objectivo do deficit, não haja economia que nos valha?
É preciso parar um pouco, para dizermos, de forma clara, que tipo de sociedade é que pretendemos construir e avançarmos, então, sem medo.
O Adamastor só foi vencido quando deixámos de navegar à bolina e percebemos que tínhamos capacidades para, aproveitando ventos e correntes, conseguirmos ultrapassá-lo.
Os “Mercados”, que hoje tanto nos assustam, são o “Adamastor” dos nossos tempos.
Temos que destruir esse mito!
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