Oriundo de uma modesta família,
frequentou o Curso Industrial e foi tipógrafo.
Rapidamente, progrediu na profissão,
passando de aprendiz a meio-oficial, depois a oficial, atingindo, muito novo, a
categoria de Encarregado numa então grande gráfica de Lisboa.
Daí a ser convidado para Gerente de uma
tipografia na Baixa pombalina foi um instante.
O patrão prometeu-lhe sociedade, se
fossem atingidos determinados objectivos mas, no final do ano, apesar do
resultado alcançado ter sido bem melhor do que o previsto, roeu a corda e adiou
a entrada para a sociedade para o ano seguinte.
Homem de palavra e indignado com esta
atitude, não só não aceitou tal decisão, como saiu porta fora, avançando para a
instalação de uma pequeníssima tipografia, numa casa que tínhamos no fundo do
quintal.
Paralelamente, à sua vida profissional,
o meu Pai lia imenso e frequentava, assiduamente, o Clube Recreativo do bairro,
onde era Director.
Teatro amador, torneios de cartas,
ping-pong, ou os bailaricos de sábado à noite tinham sempre a sua “mãozinha” e
a sua permanente presença.
As naturais dificuldades no início da
sua “oficina”, eram colmatadas com intenso trabalho, de tal ordem que se viu na
necessidade de deixar de ser dirigente do Clube, cujas traseiras davam,
exactamente, para o quintal onde montara a tipografia.
Recordo, que ele me contou, que no
primeiro sábado em que não pode ir ao bailarico, porque foi preciso fazer
serão, ia trabalhando e ouvindo a Banda tocar, ao mesmo tempo, dizia ele, que
algumas lágrimas lhe rolavam pelo rosto.
No princípio, as dificuldades foram
grandes, mas ele, que se fosse vivo, faria hoje cem anos, nunca desistiu e,
graças à sua capacidade de luta, ao seu espírito empreendedor e à sua
perseverança, nunca desistiu e venceu.
É, pois, com gratidão, que recordo, aqui
e agora, o seu exemplo.
Carcavelos, 18 de Março de 2013
Parabéns Avô!
ResponderEliminarSem dúvida que ês uma grande referência para mim. A convivência contigo (e também qualquer "coisinha" que corre no sangue e vai passando de geração em geração...) foram determinantes para o que sou hoje.
Tenho saudades!
bjs ao meu Avô e ao meu Pai
Alice
Quero prestar homenagem a um grande Homem, que se fosse vivo faria hoje 100 anos, pelo grande exemplo que sempre deu, durante toda a sua vida: Uma pessoa que se interessava por tudo o que girava à sua volta,amante da leitura e da escrita, detentor de grandes convicções e valores, não abdicando de lutar por tudo aquilo em que acreditava, como a Liberdade.
ResponderEliminarPor isso, hoje, dedico-lhe o poema " LIBERDADE " de Armindo Rodrigues ( Lx, 1904-1993 ), também ele, um grande anti-fascista e um grande defensor dos " Direitos do Homem ".
Ser livre é querer ir e ter um rumo
e ir sem medo,
mesmo que sejam vãos os passos.
É pensar e logo
transformar o fumo
do pensamento em braços.
É não ter pão nem vinho,
só ver portas fechadas e pessoas hostis
e arrancar teimosamente do caminho
sonhos de sol
com fúrias de raiz.
É estar atado, amordaçado, em sangue, exausto
e, mesmo assim,
só de pensar gritar
gritar
e só de pensar ir
ir e chegar ao fim.
Armindo Rodrigues
Quero também homenagear os 100 anos do nascimento do Avô.
ResponderEliminarUm Grande exemplo de que o Sonho comanda a vida. O seu sonho continua em nós.
Bjs Pai
Carlos
Acabo de ler e fiquei comovido. Trata-se de uma figura tutelar da minha meninice, meu tio avô e padrinho, com quem tanto aprendi.
ResponderEliminarLá, onde quer que esteja, receba um beijo.
Lá
«Lá onde o sol descansa
Amarra sua luz no vento que balança
No veio do horizonte o meio que arredonda
Um caminho de paz
Lá onde a dor não vinga
Nem mesmo a solidão extensa da restinga
Até aonde a vista alcança é alegria
Um mundo de paz
Lá onde os pés fincaram alma
Lá onde os deuses quiseram morar
Lá o desejo lá nossa casa lá
Lá onde não se perde
A calma e o silêncio nada se parece
Nem ouro , nem cobiça, nem religião
Um templo de paz
Lá onde o fim termina
Descontinua o tempo o tempo que ainda
Herança que deixamos do nosso lugar
Um canto de paz»
Ceumar