Teoricamente, numa visão liberal, com as privatizações visa-se passar o capital que o Estado detém nas empresas, para o Sector Privado, no pressuposto de que o Sector Público (em Portugal ou em qualquer outro país) gere pior e, portanto, há um ganho de eficiência e a empresa irá funcionar melhor.
No caso da EDP, a venda aos chineses até pode ter sido um bom negócio se daí resultar outros efeitos, nomeadamente, um significativo investimento da China em Portugal, mas, no que se refere à justificação teórica da privatização, tal não é atingida visto que o capital detido pelo Estado português passa, agora, para as mãos do Estado chinês.
Mas, poder-se-á argumentar que o valor obtido com a venda vai permitir, no imediato, diminuir a dívida pública. É verdade, mas é bom não esquecer que estamos perante uma empresa altamente rentável e, que os dividendos, até agora, arrecadados pelo accionista Estado vão deixar de o ser.
Estas contas deveriam ser-nos presentes para se perceber se, de facto, em termos de dinheiros, houve ou não vantagens apreciáveis, que justifiquem a alienação de uma parcela tão significativa daquela empresa estratégica no contexto da economia nacional.
De qualquer forma, é interessante verificar que o foco está a ser posto nos efeitos que se espera venham a acontecer, nos próximos tempos, com os investimentos, que se já se vão dando como certos, por parte dos chineses.
Oxalá se concretizem, caso contrário, subsistirá a dúvida, quanto aos efeitos benéficos desta “privatização”.
Esperemos para ver…
Nota à margem:
Enquanto escrevia este texto, lembrei-me, não sei porquê, de charters cheios de chineses a encher hotéis, restaurantes, museus…
E a propósito, se na assinatura do contrato com os chineses estava presente o Catroga, porque carga de água não convidaram o Futre?
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