Em 18
de Setembro de 2012, o Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa,
após a sua Assembleia de Bispos, emitiu uma Nota onde refere uma série de
considerações, como, por exemplo:
“A Igreja sempre defendeu, entre as expressões da liberdade, a
liberdade económica, desde que as suas concretizações se submetam aos
objectivos do bem-comum. Os próprios lucros das pessoas, das empresas e dos
grupos devem orientar-se para o bem- comum de toda a sociedade”
e, mais
à frente:
“Sujeitos a uma dimensão ética de serviço à humanidade, os
mercados não podem separar-se do dinamismo económico, transformando-se em
fontes autónomas de lucro que não reverte, necessariamente, para o bem-comum da
sociedade”
continuando:
“A superação da crise supõe uma
renovação cultural. A Igreja quer contribuir para esta renovação com os valores
que lhe são próprios: a dignidade da pessoa humana, a solidariedade como
vitória sobre os diversos egoísmos, a equidade nas soluções e na distribuição
dos sacrifícios, atendendo aos mais desfavorecidos, a verdade nas afirmações e
análises, a coragem para aceitar que momentos difíceis podem ser a semente de
novas etapas de convivência e de sentido coletivo da vida”
para,
finalmente, terminar com uma mera razão de fé:
“Nós, os crentes, contamos para isso com a força de Deus e
a proteção de Nossa Senhora”.
Que quer tudo isto dizer?
Em que acções concretas tais afirmações se
concretizam por parte dos arautos defensores dos pobres e oprimidos?
É fácil imaginar os Bispos, muito bem comportados, em
plena Assembleia, a apoiarem aquela Nota que, obviamente, é inconsequente,
tanto mais que, entretanto, D. Policarpo se veio assumir
contra os que na rua manifestaram o seu desespero, perante o caminho da
crescente pobreza e, mesmo, da fome de muitas famílias.
Esta Assembleia,
veio-me hoje à memória, ao ouvir/ver, nas Jornadas Parlamentares conjuntas do
PSD e CDS/PP, o Primeiro- Ministro encerrá-las com um discurso de cerca de 40
minutos sem, praticamente, nada dizer, sem um “golpe de asa”, sem algo que,
minimamente, galvanizasse, ao menos, os presentes, seus fiéis apoiantes, ao
ponto de apenas o aplaudirem pouco antes de terminar.
Já nem eles mesmo
acreditam, nem sequer, por mera razão de fé!
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