A ideia que se quer fazer passar
de que, para haver crescimento económico dever-se-á, num primeiro momento,
concentrar a riqueza na mão de uma minoria socialmente privilegiada, para,
depois, num segundo momento, passar a haver uma redistribuição de que todos
beneficiem, não resulta, como é bem visível, neste momento, no mundo ocidental,
em geral e no espaço europeu, em particular, porque a própria lógica do
capitalismo não controlado possibilita que quem mais tem, mais quer e, como quem
mais tem controla o poder, paulatinamente, o capital vai-se concentrando nuns
quantos, que se aproveitam da sua posição dominante para explorarem os mais
fracos.
Uma sociedade assim desregulada,
permite, facilmente, a formação de grupos de interesses de todos os géneros
(grandes empresas, ordens profissionais, sindicatos, partidos, grupos
parlamentares, autarcas, igrejas, especuladores financeiros, etc.) que, embora
se apresentem, teoricamente, como defensores dos mais desprotegidos, agem,
essencialmente, na defesa dos seus privilégios, de que não dão mão.
Por sua vez, as elites detentoras
do capital não estão dispostas a empreender em países que apresentem alguns
riscos, preferindo continuar a especular até que a “teta” seque.
Para combater esta situação seria
necessária a existência de Governos dispostos a intervir de forma eficiente,
capazes de possibilitar a maximização económica do sistema, em vez de esperar
que o mercado, com a ajuda da mãozinha invisível, se auto regule.
Sendo certo que os responsáveis
pela governação do país, bem como os representantes da Troika e os seus
respectivos chefes e, ainda, a sra. Merkel e os dirigentes dos países mais
ricos do Norte não são desprovidos de inteligência, é evidente que têm perfeita
consciência dos resultados das políticas que estão a impor aos países do Sul,
que os encaminha, decisivamente, para a pobreza, pela via da diminuição
acentuada das suas remunerações provenientes do trabalho.
Perante este cenário,
questiona-se a razão que levará à manutenção destas políticas que,
inevitavelmente, criarão sociedades empobrecidas e de mão-de-obra barata.
A grande dúvida é se, de facto,
não é essa, exactamente, a “agenda
escondida” dessa gente que, no fundo, pretende explorar agora o
trabalho já que o capital destes países está em vias de se esgotar.
Poderá esta ideia parecer
destituída de fundamento ou eivada de sentido conspirativo, mas as razões que
levaram às grandes guerras nunca foram claramente anunciadas, sendo bom lembrar
que o clima social, que então se vivia, bem como os interesses dos bancos dos
países capitalistas e os privilégios das classes que detinham o poder têm
enormes semelhanças com a situação que se vai espalhando, actualmente, pelos
países do Sul da Europa.
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