Quando
nos questionamos sobre que tipo de sociedade queremos construir, deveria ser consensual que
um dos grandes objectivos será a de proporcionar, a todos, uma vida em que o
inevitável envelhecimento se faça com dignidade e, mesmo, com prazer.
A vida
tem de valer a pena e o contributo que cada um dá, com o seu trabalho, para o
progresso da sociedade, deverá ter, como contrapartida, no mínimo, a sua
protecção na velhice.
O
trabalho não é, em si mesmo, um objectivo de vida, mas sim um instrumento que
nos proporcione os meios para que estar neste mundo não seja apenas um
sacrifício inglório, mas sim um período de satisfação e de desejo de
continuarmos vivos.
Nas
últimas décadas, foi feito um enorme esforço nesse sentido e, é justo reconhecer, que se realizou uma melhoria considerável, possibilitando não só uma maior
longevidade, mas também a diminuição do sofrimento resultante das doenças que,
naturalmente, vão chegando.
Os
avanços da ciência têm proporcionado soluções medicamentosas (e não só), que
evitam a dor e nos deixam chegar até ao fim com muito menos sofrimento.
O que
se esperaria, portanto, é que a organização da sociedade mantivesse a evolução nesse sentido, permitindo que a velhice fosse um período em que continuasse a
valer a pena viver, com alguma alegria.
Infelizmente,
não é isso que está a acontecer.
As
gerações actualmente no poder, que não têm a mínima noção de como se vivia há
sessenta anos atrás, resolveram adoptar a primazia dos números, de uma maneira
completamente desumanizada, tomando medidas cegas que, ao invés de compensarem
vidas inteiras de trabalho, cujos resultados estão eles próprios a usufruir,
sobrecarregam, de forma inusitada, os que na recta final da vida deveriam poder
viver tranquilamente.
Estes
tecnocratas e teóricos sem “alma”, estão, inequivocamente, a proporcionar uma
clara decadência da velhice.
Afinal,
que sociedade querem eles construir?
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