sábado, 1 de dezembro de 2012

VELHICE – Reflexões


Quando nos questionamos sobre que tipo de sociedade  queremos construir, deveria ser consensual que um dos grandes objectivos será a de proporcionar, a todos, uma vida em que o inevitável envelhecimento se faça com dignidade e, mesmo, com prazer.
A vida tem de valer a pena e o contributo que cada um dá, com o seu trabalho, para o progresso da sociedade, deverá ter, como contrapartida, no mínimo, a sua protecção na velhice.
O trabalho não é, em si mesmo, um objectivo de vida, mas sim um instrumento que nos proporcione os meios para que estar neste mundo não seja apenas um sacrifício inglório, mas sim um período de satisfação e de desejo de continuarmos vivos.

Nas últimas décadas, foi feito um enorme esforço nesse sentido e, é justo reconhecer, que se realizou uma melhoria considerável, possibilitando não só uma maior longevidade, mas também a diminuição do sofrimento resultante das doenças que, naturalmente, vão chegando.
Os avanços da ciência têm proporcionado soluções medicamentosas (e não só), que evitam a dor e nos deixam chegar até ao fim com muito menos sofrimento.

O que se esperaria, portanto, é que a organização da sociedade mantivesse a evolução nesse sentido, permitindo que a velhice fosse um período em que continuasse a valer a pena viver, com alguma alegria.

Infelizmente, não é isso que está a acontecer.

As gerações actualmente no poder, que não têm a mínima noção de como se vivia há sessenta anos atrás, resolveram adoptar a primazia dos números, de uma maneira completamente desumanizada, tomando medidas cegas que, ao invés de compensarem vidas inteiras de trabalho, cujos resultados estão eles próprios a usufruir, sobrecarregam, de forma inusitada, os que na recta final da vida deveriam poder viver tranquilamente.

Estes tecnocratas e teóricos sem “alma”, estão, inequivocamente, a proporcionar uma clara decadência da velhice.

Afinal, que sociedade querem eles construir?



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