domingo, 11 de novembro de 2012

A CAPA DO SÃO MARTINHO



                      A CAPA DO SÃO MARTINHO
                                                                             (poesia espontânea)

Chovia que Deus a dava
Estava um frio de rachar
Quando o General Martinho
Viu um pobre a tiritar

Parou seu nobre cavalo
E com punhal afiado
Cortou ao meio sua capa
E deu-a àquele desgraçado

Deus, que está lá nas alturas
Ao ver aquele gesto lindo
Transformou a tempestade
No bom Verão de São Martinho

A capa do nosso Santo
É um símbolo a relembrar
E com castanhas e vinho
Costumamos celebrar

No outro dia, encontrei-o
Estava velho e tinha frio
O gesto que tinha feito
Já p’ra nada lhe serviu

Perguntei-lhe pela capa
“Não a tenho” – disse o Santo
“P’ra poder sobreviver,
Fui entregá-la ao Banco”

Que importa a vida que levas
Se há gente com tal frieza
Que nem a capa do pobre

Escapa a tamanha avareza

No Presépio deste ano
Por justiça e por carinho
Vou trocar o rei Gaspar
Pelo nosso São Martinho

                                                                   Jorge Paulos



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