A
sociedade portuguesa, apesar da enorme evolução cultural (e não só) pós 25 de
Abril, nunca se conseguiu libertar de algumas características marcantes da
época anterior.
As
senhoras da burguesia, de então, eram, normalmente, denominadas de “senhoras de
bem” e, tinham como uma das suas principais preocupações ajudarem os pobrezinhos,
o que lhes valia, muitas vezes, louvores do regime e da Igreja, garantindo,
assim, uma importância, “inter pares” na terra e um provável passaporte para o
céu.
Os
títulos nobiliárquicos eram (e são) um factor de distinção e importância.
Actualmente,
mantendo a mesma pose, as “Senhoras de bem”, foram substituídas pelas “Tias”
que adoptaram um característico acinte na voz, mantendo, todavia, como outrora,
a mesma preocupação quanto à linguagem e à “necessidade” de organizarem grandes
festas e deslumbrantes eventos, cujas receitas fazem reverter para ajudar os
pobrezinhos, com enorme publicidade nas revistas ditas “cor de rosa”.
A BD,
que abaixo se reproduz, ilustra bem esta situação, bem como a “brejeirice” dos
meus tempos de menino que, igualmente, relembro, fazia as delícias do que, sem que
os adultos ouvissem, íamos dizendo uns aos outros:
BREJEIRICE:
“Porra”, disse a marquesa batendo com as mamas em cima da
mesa.
Mas lembrando a esmerada educação recebida na
Suíça,
prontamente, emendou:” porra não,
chiça!!!”
É incrível a quantidade de tiras do Quino (dentro e fora do universo da Mafalda) que ainda hoje estão actuais, incisivas e assim se irão manter!
ResponderEliminarO acto objectivo de o fazerem, de ajudarem, é bom... mas a que custo, a distorcimento de valores... colocando em causa uma sociedade já de si fragilizada e sem nada a que se possa agarrar...!
Porra!!