Tanto quanto reza a história, a Quinta
dos Ingleses, cuja origem remonta a meados do séc. XVIII e que situa frente à
Praia de Carcavelos, foi, em tempos, denominada Quinta Nova de Santo António,
em consequência da existência de uma capela dedicada aquele Santo e que se
integrava num notável solar cercado por um belo jardim, decorado com estátuas e
lagos, bem como de um pomar e vinhas e rodeado de um vasto arvoredo de que hoje
ainda existe o pinhal.
Mais tarde, foi vendido a uma empresa
inglesa de comunicações por cabo submarino que, nos princípios do séc. XX, ali
construiu variadíssimas estruturas desportivas para possibilitar actividades de
lazer aos seus funcionários.
Entretanto, em 1932, forma-se o St.
Julian’s School, que acaba por ficar com as instalações da empresa, enquanto
todos os restantes terrenos circundantes são vendidos à Sociedade Imobiliária
Savelos, sendo hoje propriedade da Alves Ribeiro/Savelos.
Esta zona privilegiada tem sido alvo da
apresentação de vários projectos de urbanização que, sistematicamente, têm
vindo a ser “chumbados”, ou por não se enquadrarem no PDM, ou por não
garantirem a preservação do meio ambiente e terem, sobretudo, como objectivo
principal a maximização dos proveitos imobiliários para ali propostos.
Nos últimos anos, o próprio António
Capucho, enquanto Presidente da Câmara de Cascais, nunca deu seguimento às várias
hipóteses apresentadas porque, presume-se, não concordaria com elas.
Pois bem, subitamente, Carlos Carreiras,
actual Presidente/substituto, a menos de 6 meses das eleições autárquicas, tem
um “ataque” de zelo e faz aprovar um projecto (com os votos contra do PS e a
abstenção da CDU) em que se prevê a construção de edifícios de sete andares na
frente ribeirinha, o que constitui não só um atentado urbanístico e paisagístico,
mas também, face à área de construção prevista, um ataque ao meio ambiente
daquela nobre e exclusiva zona da faixa marítima.
De repente, sem mais nem menos (ou
talvez não), Carlos Carreiras, qual Miguel Relvas de Cascais, avança sem que
ninguém o possa travar, procurando, antes das autárquicas, fazer andar o
projecto, “não vá o diabo tecê-las” e ele perder as eleições (como, aliás, irá
acontecer), não podendo, então, concretizar esta sua intenção.
Observe-se a diferença da publicidade
que é feita das deslocações do Presidente/substituto quando vai inaugurar o que
quer que seja, e a informação que foi dada sobre esta tão importante questão!
Quantas pessoas do Concelho de Cascais,
ou a ele ligadas, tiveram conhecimento prévio desta resolução?
Temos de estar atentos, porque o Relvas
desapareceu mas o Carreiras é da mesma escola!
Boas noites,
ResponderEliminarInfelizmente nem tudo o que é parece. Embora Carlos Carreiras seja um alvo a abater, já António Capucho teve de negociar com a empresa Alves Ribeiro em variadíssimas frentes para obter um compromisso que evitasse a acção judicial então entreposta pela Empresa. O Documento agora aprovado já percorreu muitos dos organismos estatais a que está obrigado antes da decisão final pela CCDR. Interessante ainda quando se lê que o PS votou contra, quando dos três eleitos do PS só um votou contra, provavelmente o único voto consciente. Não acredito muito nestas virtualidades de iluminados, mas tenho de deixar aqui as minhas dúvidas. Depois e mais interessante é a nota do Coordenador Concelhio do PS quando vem arrogar-se como paladino dos interesses inerentes aos benefícios e malefícios desta urbanização e neste momento, quando ele próprio como Vereador do Desportyo e Juventude da Câmara Municipal de Cascais viu um projecto para este espaço ser chumbado, por um representante do PS na Assembleia Municipal de Cascais, contra a visão que detinha na altura e que comunicou a muito boa gente como votação positiva confirmada.
O que o tempo nos faz à cabeça.
Meu caro Victor Santos
ResponderEliminarGosto de vê-lo novamente activo mas confesso-lhe que fiquei um bocado admirada com a sua posição.
Como sabe nestas coisas da cidadania temos que separar o que é do interesse comum daquilo que é uma perspectiva particular. Tenho a certeza que o Victor não deixa que o facto de ser presidente do Clube Sportivo de Carcavelos e deste ter uma situação especial na utilização dos terrenos da SAVELOS/Alves Ribeiro o impeça de defender o que é melhor para o conjunto dos carcavelenses e dos cascalenses. Por isso não entendo bem o que quis dizer porquanto aquilo que o Jorde Paulos escreveu é absolutamente verdadeiro e importante..
Claro que este processo tem uma longa história (de cerca de 30 anos)e que ao longo dos tempos foram evoluindo vários projectos. Mas o actual é o pior de todos, prevê prédios de sete andares,reduz a área verde para 15% do terreno, tem um mega centro-comercial, etc etc. É mau e destrói um património ambiental que importa preservar para a requalificação de Carcavelos, para o turismo e para o lazer.
Quanto ao PS, pelo que li na comunicação social, está contra este projecto. Isso é que importa e a questão de saber quantos vereadores votaram nas reuniões não altera o que é fundamental. O PS está contra, ponto final(ainda bem!).
Refere também (confesso que tive alguma dificuldade em perceber) que o coordenador concelhio do PS foi vereador do desporto.Não vejo o mal disso nem entendo para onde pretendeu levar a questão. Já quanto ao que insinua de haver quem mude de opinião acho isso óptimo. Bom seria que todos mudassem as suas opiniões para melhor.
O que interessa é que os carcavelenses estejam unidos em defesa do seu património ambiental e que consequentemente se oponham ao atentado urbanístico que está em curso.É neste campo que sei que nos encontraremos
Uma boa noite
Mariana Soares