terça-feira, 8 de novembro de 2011

FAZ O QUE EU DIGO...

Quem adere à religião católica (ou a qualquer outra) tem a obrigação de cumprir os procedimentos e as práticas doutrinárias que o catolicismo impõe.
A ideia de que “sou católico mas não praticante” é uma contradição insanável. Não há religião sem prática efectiva.
A propósito, vejamos o que nos diz, numa entrevista ao “Público”, o Cardeal Tettamanzi, ex-arcebispo de Milão e que, segundo o jornal, foi um dos nomes apontados como possível sucessor de João Paulo II.
Jornal – No seu livro “Não há futuro sem solidariedade” fala da origem da crise como sendo o uso liberal da finança, que caiu sobre a economia e aumentou o desemprego.
Cardeal Uma finança que se vê como um fim em si mesma e que vive como um absoluto, não só rompe a relação que deve haver com a economia e com o desenvolvimento, mas acaba por mortificar ainda mais o desenvolvimento económico.
Deve haver uma aliança entre a finança e a economia real, entre o dinheiro e a sua utilização, que passa através do direito sacrossanto de vários direitos: direito ao trabalho, à educação dos filhos, ao crescimento harmonioso das famílias.

Jornal – São criminosos políticos e governos que não atacam o sistema financeiro?

CardealA política está também condicionada pelo poder financeiro.
O poder político deveria ser aquele que harmoniza as diferentes instâncias da sociedade, mas na realidade é um poder débil, porque quem comanda, de facto, não é a economia real, é a finança.
O sistema financeiro é especulativo, completamente liberal, que pensa ser um absoluto, que não tem de prestar contas a ninguém…

Jornal – Diz que se esqueceu o primado da pessoa em favor do capital e o bem comum em favor do lucro. Estamos verdadeiramente confrontados com uma crise ética?

CardealÉ uma crise Ética porque o primado não é da pessoa, mas das coisas. Se o primado fosse das pessoas, estas teriam uma dignidade tal que não seria comprometida por nenhuma outra coisa, mas seria sempre afirmada e concretizada.

Jornal – Essas ideias são repetidas pelas Igrejas muitas vezes…….. o que falhou para que esta mensagem não passasse mais?

CardealA doutrina social da Igreja é perfeita. Mas os cristãos não podem limitar-se a uma doutrina social perfeita. Têm que sujar as mãos, devem ser coerentes com essa doutrina.


Perante tão sábias palavras, apetece lembrar o ditado popular:

                                                     “Faz o que eu digo, mas não faças o que eu faço”.  


                                                          

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