sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

AGENDA ESCONDIDA


A ideia que se quer fazer passar de que, para haver crescimento económico dever-se-á, num primeiro momento, concentrar a riqueza na mão de uma minoria socialmente privilegiada, para, depois, num segundo momento, passar a haver uma redistribuição de que todos beneficiem, não resulta, como é bem visível, neste momento, no mundo ocidental, em geral e no espaço europeu, em particular, porque a própria lógica do capitalismo não controlado possibilita que quem mais tem, mais quer e, como quem mais tem controla o poder, paulatinamente, o capital vai-se concentrando nuns quantos, que se aproveitam da sua posição dominante para explorarem os mais fracos.

Uma sociedade assim desregulada, permite, facilmente, a formação de grupos de interesses de todos os géneros (grandes empresas, ordens profissionais, sindicatos, partidos, grupos parlamentares, autarcas, igrejas, especuladores financeiros, etc.) que, embora se apresentem, teoricamente, como defensores dos mais desprotegidos, agem, essencialmente, na defesa dos seus privilégios, de que não dão mão.

Por sua vez, as elites detentoras do capital não estão dispostas a empreender em países que apresentem alguns riscos, preferindo continuar a especular até que a “teta” seque.

Para combater esta situação seria necessária a existência de Governos dispostos a intervir de forma eficiente, capazes de possibilitar a maximização económica do sistema, em vez de esperar que o mercado, com a ajuda da mãozinha invisível, se auto regule.

Sendo certo que os responsáveis pela governação do país, bem como os representantes da Troika e os seus respectivos chefes e, ainda, a sra. Merkel e os dirigentes dos países mais ricos do Norte não são desprovidos de inteligência, é evidente que têm perfeita consciência dos resultados das políticas que estão a impor aos países do Sul, que os encaminha, decisivamente, para a pobreza, pela via da diminuição acentuada das suas remunerações provenientes do trabalho.

Perante este cenário, questiona-se a razão que levará à manutenção destas políticas que, inevitavelmente, criarão sociedades empobrecidas e de mão-de-obra barata.

A grande dúvida é se, de facto, não é essa, exactamente, a “agenda escondida” dessa gente que, no fundo, pretende explorar agora o trabalho já que o capital destes países está em vias de se esgotar.

Poderá esta ideia parecer destituída de fundamento ou eivada de sentido conspirativo, mas as razões que levaram às grandes guerras nunca foram claramente anunciadas, sendo bom lembrar que o clima social, que então se vivia, bem como os interesses dos bancos dos países capitalistas e os privilégios das classes que detinham o poder têm enormes semelhanças com a situação que se vai espalhando, actualmente, pelos países do Sul da Europa.

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