sexta-feira, 12 de julho de 2013

O LABIRINTO DO CAVACO


Cavaco Silva levou mais de metade do tempo da sua comunicação a procurar demonstrar os efeitos perniciosos e terríficos que resultariam se fossem convocadas eleições antecipadas.
Os mercados, referiu ele, perante as incertezas dos resultados, iriam, certamente, reagir, fazendo subir as taxas dos juros, a cotação bolsista seria igualmente afectada e o país teria de se sujeitar a um novo resgate ainda mais gravoso, etc., etc.

Mas, se a causa dessa nova situação seria a incerteza, durante três ou quatro meses, até que as eleições se realizassem e voltasse a normalidade governativa, como se justifica que, na solução preconizada pelo Presidente da República, estejam, exactamente, previstas eleições antecipadas para daqui a um ano?
Os efeitos são, obviamente, pelo menos, os mesmos, com a agravante de que a incerteza dos resultados irá durar em vez de três meses, quinze ou dezasseis.

A quase totalidade dos especialistas em análises e comentários políticos referem a falta de clareza da proposta de Cavaco, que se presta às mais diversas interpretações, sem que se vislumbre como é possível satisfazer as condições apontadas, tal a complexidade que representam.

Enfim, Cavaco quis demonstrar que também é capaz de dizer coisas, mesmo que, como é seu costume, procure apagar o fogo com gasolina.

Entrou na sala para falar aos portugueses, todo emproado, “chegou e disse …… e foi-se”, deixando ao país não um caminho, mas um labirinto.

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