domingo, 1 de abril de 2012

HOJE É DOMINGO… - crónica


A manhã nasceu luminosa, mas o céu está pardacento.
Corre uma aragem abafada, mas ainda apetece vestir algo quente.
Tenho alguma fome, mas sinto um desencorajante ardor estomacal.
Está um carro estacionado ao virar da esquina, há mais de seis meses, com os quatro pneus furados.
Um sujeito, já entrado na idade, mas com boa aparência, apanha beatas do chão.
No semáforo, uma “romena”, com lenço na cabeça e uma bebé ao colo, pede esmola.
No Centro comercial, encerrou mais uma loja.
Os noticiários apenas referem dramas e mais dramas e nos jornais pode-se ler que o desemprego continua a crescer.
Nas conversas de café são evidentes as angústias das famílias que, nalguns casos, atingem mesmo o desespero.

Hoje é Domingo, mas não parece…  




                   

2 comentários:

  1. Tio!
    Uma bela "crónica" que em poucas palavras nos leva a pensar em como tanta coisa nos chama a atenção!!!
    Temo por muitos mais Domingos em que tudo começa a ter outro sentido.............tudo está a desmoronar e não vejo como poderá haver novamente sensibilidade e bom senso.
    Um beijinho com ternura,
    Rosinha

    ResponderEliminar
  2. Tio,

    os Domingos são como a maneira de interpretar a questão dos copos de água, meio cheios... meio vazios... prefiro e sinto uma terceira abordagem, metade de água (ou do que for), metade de ar!
    São as coisas más que fazem as boas ter sentido e já que não é possível que tudo seja relativamente positivo, a noção de que as coisas estão mal é meio caminho andado... para dois meios!

    Julgo não me enganar quando recordo aqui Álvaro de Campos (com hortas, quem mais?)que escreveu um dia:

    Haverá sempre alguém nas hortas ao domingo,
    Não no nosso domingo,
    Não no meu domingo,
    Não no domingo...
    Mas sempre haverá outros nas hortas e ao domingo!

    ResponderEliminar