quinta-feira, 22 de março de 2012

TEMPO DE POESIA

Em TEMPO DE POESIA, "ouçamos" CAMÕES:


Amor é fogo que arde sem se ver

Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

                           Luís de Camões


OS LUSÍADAS
Canto IX

83

Ó que famintos beijos na floresta, 
E que mimoso choro que soava! 

Que afagos tão suaves, que ira honesta, 
Que em risinhos alegres se 
tornava! 
O que mais passam na manhã, e na sesta, 
Que Vénus com prazeres 
inflamava, 
Melhor é experimentá-lo que julgá-lo, 
Mas julgue-o quem não 
pode experimentá-lo. 
Lusíadas

1 comentário:

  1. Meu sacana de versos! Meu vadio.
    Fazes falta ao Rossio. Falta ao Nicola.
    Lisboa é uma sarjeta. E um vazio.
    E é raro o poeta que entre nós faz escola.

    Mastigam ruminando o desafio.
    São uns merdosos que nos pedem esmola.
    Aos vinte anos cheiram a bafio
    têm joanetes culturais na tola.

    Que diria Camões, nosso padrinho
    ou o Primo Fernando que acarinho
    como Pessoa viva à cabeceira?

    O que me vale é que não estou sozinho
    ainda se encontram alguns pés de linho
    crescendo não sei como na estrumeira!
    Ary dos Santos — em Lisboa.

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