domingo, 29 de janeiro de 2012

A DITADURA DOS INTERESSES


Durante anos, o grande debate mundial andava à volta das virtudes e dos contras da economia de mercado versus economia planificada.
Por força dessa “luta”, estivemos, por diversas vezes, à beira de uma guerra, cujas consequências, seriam incalculáveis.

As provas obtidas, junto dos países onde imperou o comunismo, vieram demonstrar que a economia planificada que lhe está subjacente, proporcionou que as classes dirigentes se apoderassem das rédeas do poder e, rapidamente, se tenham estabelecido ditaduras que limitaram ou mesmo excluíram os mais elementares direitos das populações, nos quais, se inclui, obviamente, a liberdade.
Impondo a sua vontade, os ditadores prenderam, deportaram ou mesmo eliminaram todos os cidadãos que se permitiram discordar das suas ideias.
Para se manterem no poder e não abrir mão das regalias que foram obtendo, as classes dirigentes desses países, foram impondo restrições, de toda a ordem, àqueles povos que foram empobrecendo até chegarem, em muitos casos, à miséria.
A queda dessas ditaduras acabou por ser inevitável e, a vitória da economia de mercado sobre a economia planificada, foi evidente.

Mas, após a simbólica queda do muro de Berlim, o que vem acontecendo na Europa capitalista que, naturalmente, optou pela economia de mercado?

Libertos dessa rivalidade que os tinha oposto à sociedade comunista, os detentores do capital e uma parte significativa das classes dirigentes da Europa Ocidental começam a impor a ideia, dita liberal, de que o mercado tudo regula e que a presença do Estado deve ser reduzida à mais elementar insignificância.

O resultado já está à vista!

Na lógica do capitalismo, quem mais tem, mais quer, a distribuição da riqueza desproporcionou-se e o fosso entre os mais ricos e os mais pobres cresceu desmesuradamente, não só entre as populações, mas também entre os próprios países.
As classes dirigentes, instaladas no seu bem-estar, tudo fazem para manter os seus privilégios e, a economia de mercado está hoje transformada na economia dos interesses.
Em termos globais, essa tendência, à semelhança dos países comunistas, mas de forma mais sofisticada, vai proporcionando autênticas ditaduras dos poderes instalados para quem os programas votados para os eleger são autêntica letra morta, parecendo evidente que a Alemanha, aos poucos, com uma agenda obscura, tenta, tal como fez a União Soviética, transformar os países à sua volta em meros satélites na sua dependência económica. O controlo que está a tentar impor agora à Grécia e amanhã a Portugal e por aí adiante, é um bom exemplo do caminho perigoso que está a ser percorrido.

Só uma última questão:
Que pensará o Governo português de tudo isto?
Alguém sabe?
Mas será que eles têm alguma visão sobre este assunto?
Ou, pior ainda, será que eles próprios concordam com o caminho que está a ser seguido?
E onde está a voz “forte” da oposição a obrigá-los a definirem-se?

A mãozinha que tudo regula pode ser invisível, mas os donos dela estão bem à vista, procurando utilizar a economia de mercado para estabelecer a ditadura dos interesses.

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