quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

MEDRICAS

A deslocalização da sede fiscal do Grupo Jerónimo Martins não constitui nenhuma excepção.
Não é, por acaso, que mais 18 empresas das 20 do PSI 20, estão também elas, sediadas fora de Portugal.
Aliás, há muitas outras de menor dimensão que fizeram exactamente o mesmo. O que todas elas têm em comum é o de serem empresas lucrativas, que, obviamente, pretendem que os seus accionistas paguem menos impostos.
Claro que é legal, mas será legítimo?

Continuar a fazer de conta que o crescimento das empresas resulta apenas do capital investido e que o risco é apenas dos seus respectivos donos, não passa de um mito. As empresas crescem graças também ao contributo dos que lá trabalham que, como se está a ver, correm o risco de ficarem no desemprego se as empresas não forem rentáveis, sendo certo, que muitas vezes não o são, não por culpa dos colaboradores, mas por má gestão.

Mas nada disto é novidade, e não se entende todo este espalhafato por parte dos entendidos na matéria.
Trata-se, simplesmente, da lógica do sistema capitalista em vigor, cuja ausência de controlo e regulação, por parte do Estado, está na génese da actual “crise”, que permite que quem mais tem, mais queira e o consiga, por força do seu poder económico.

E as elites dirigentes o que fazem para mudar este estado de coisas?
Praticamente, nada, porque não estão interessadas em alterar, o que quer que seja, na medida em que os seus interesses poderiam vir a ser afectados. Hipocritamente, fazem de conta que a situação a que chegámos nada tem a ver com eles, defendendo que a boa medida passa pelo empobrecimento daqueles que, afinal, com o seu trabalho, contribuíram para as benesses (e não são poucas) que eles usufruem.

Os senhores políticos têm que ser capazes de dizer que sociedade justa querem, abordando, decididamente, a questão central da distribuição da riqueza.

Ajam, enfrentem os interesses instalados, sejam corajosos, sejam responsáveis porque, de facto, é essa a vossa obrigação.

Deixem-se de tretas, deixem-se de discursos balofos, deixem de ser medricas.

2 comentários:

  1. Maria Emília Paulos9 de janeiro de 2012 às 16:00

    Se, como é do conhecimento geral, o Grupo Jerónimo Martins nasceu de uma mercearia no Chiado, e alcançou a dimensão actual, como é possível que, o sr. Alexandre Soares dos Santos que se quexa do país, dos governos, do Presidente da República, dos sindicatos, da instabilidade fiscal, apesar disso, tenha conseguido alcançar uma das maiores fortunas de Portugal. De facto, "quem mais tem, mais quer..."

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  2. Tudo isto pode ser verdade...mas todos NÓS quando estamos numa empresa apoiamos (e, participamos...) as estratégias que acreditamos que a fazem crescer...muitas vezes quando estamos de fora já vemos com outros olhos...Alice Paulos Saraiva

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