terça-feira, 27 de dezembro de 2011

MUDAR ALGUMA COISA…


Não há ninguém, minimamente informada, que não saiba que as dificuldades que nos estão a ser impostas, resultam, essencialmente, do actual sistema injusto de redistribuição da riqueza, que permite a apropriação, por uns quantos, da quase totalidade do resultado do trabalho de todos nós.

A desproporção entre os valores dos que mais ganham e dos que auferem menores rendimentos, para já não falar dos que nem sequer emprego têm, é gritante e desumana.

Cinicamente, as classes dirigentes que, de uma maneira geral, usufruem destas situações privilegiadas, nesta quadra, desejam a todos que o próximo ano seja o melhor possível, mas, as decisões que tomam são, exactamente, no sentido contrário, sempre ponderadas em função das posições que ocupam e dos valores que mais lhes convêm.

Existe como que um pacto tácito e, portanto, não expresso, entre as elites de todos os quadrantes que, no fundo, se pode exprimir pela tão conhecida ideia
                                             “mudar alguma coisa, para ficar tudo na mesma”.

Anestesiada com a propaganda do medo expressa na inevitabilidade das medidas que estão a ser adoptadas, porque, caso contrário, ainda pode ser pior, a classe média portuguesa, ainda não se apercebeu de como está a ser empurrada para uma vida penosa, de sacrifícios diários em contrapartida de nada.

Quando se consciencializar (e talvez já não falte muito) que o que lhe está a ser exigido é trabalhar mais, ganhar menos e, se desempregado, emigrar, o Cidadão Pacífico português, vai, certamente, reagir, porque não é possível manter, por muito mais tempo, este rumo de empobrecimento sem esperança.

O medo também tem limites e surge sempre um momento em que percebemos que a melhor forma de o vencer é enfrentando-o.
Oxalá, tal não aconteça por razões de sobrevivência.

5 comentários:

  1. Infelizmente, a nossa realidade social e política está cada vez mais caótica!!! Os que sofrem são sempre os mesmos e, cada dia que passa, tudo piora. Será que os que nos governam nem isso conseguem descortinar??Como é possível que o meu país esteja entregue a tanta incompetência e desumanidade?,

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  2. É essa a grande questão que este governo não descortina.´Foi deixar-nos sem esperança! Nunca se viu tal coisa na nossa segunda republica. E sim, concordo, ou nos revoltamos ou passamos para a classe dos infelizes e medrosos. Sabemos que a crise é internacional, não nacional, mas esta praga de que o que está mal veio do governo anterior é lamentável e só nos acresce em desanimo. Queriamos uma palavra de esperança e o que temos? Desesperança, dedos apontados e alguma incompetência lamentável. Não sei como é que isto poderá parar. Ou eles arrepiam caminho, ou não auguro nada de bom. Abraço

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  3. Primeiro levaram os comunistas,
    Mas eu não me importei
    Porque não era nada comigo.
    Em seguida levaram alguns operários,
    Mas a mim não me afectou
    Porque eu não sou operário.
    Depois prenderam os sindicalistas,
    Mas eu não me incomodei
    Porque nunca fui sindicalista.
    Logo a seguir chegou a vez
    De alguns padres, mas como
    Nunca fui religioso, também não liguei.
    Agora levaram-me a mim
    E quando percebi,
    Já era tarde.
    Bertolt Brecht
    Com um grande abraço
    Paulo Morais

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  4. Comentário provocador:
    Alguém me explica o que é isso da 2.ª república???? Será que o Estado Novo era uma monarquia???? E o Craveiro Lopes foi Rei????
    Ou será que as ditas democracias avançadas como a Suécia, Dinamarca,etc., são Repúblicas??? E já agora, a Coreia do Norte, como a definiremos???
    Assim como há Monarquias que são Democracias, também há Repúblicas que são ditaduras. Portugal desde que é República já viveu em Democracia e em Ditadura. Uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa.

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  5. "Uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa"
    e, entre as duas "coisas"
    foi o período do poema do Bertolt Brecht.

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