quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

TRECHOS NATALÍCIOS, No Feminino - T3


                                                                                                               À minha Milinhas
TEUS OLHOS CASTANHOS…

De rabo-de-cavalo ou penteada com “banana”, como então se usava, cabeça sempre levantada, corpo torneado, com especial relevo para as pernas, olhos grandes, castanhos, doces e muito expressivos, com um leve sorriso nos lábios, eis a miúda que, oriunda de Tavira, acabara de chegar ao nosso bairro.
A agitação entre a “malta” era enorme e, quando, de braço dado com a mãe e a irmã, passava na esquina do chafariz, os piropos eram muitos:
“Oh mamã, vai com Deus, que nós ficamos com as tuas filhas!”

Naquele ano de 1963, como habitualmente, fui passar o Carnaval na Sociedade Recreativa lá do sítio, onde ela também estava.
Antes que alguém se antecipasse, aos primeiros acordes da banda, convidei-a para dançar.
Senti que hesitou durante breves momentos, que pareceram uma eternidade, trocou algumas palavras com a irmã e, finalmente, levantou-se.
Rodopiámos, ligeiros, pela sala, em músicas sucessivas.
Trocámos as primeiras palavras, as segundas e as terceiras e já não parámos de falar durante toda a noite.
Entretanto, com enorme pena nossa, chegou a hora do seu regresso a casa.
Despedimo-nos com a promessa de voltarmos no dia seguinte. Passado algum tempo, surpresa das surpresas, ela regressou, desta feita, apenas com a irmã.
Fiquei feliz mas, simultaneamente, muito perturbado.
Senti que era indispensável dizer-lhe algo sobre aquele mágico momento, mas, o nervosismo da situação, impedia-me de alcançar, de forma clara, as palavras certas.
Foi então que me surgiu uma ideia!
No final da dança seguinte, deixei-lhe na mão um saquinho, daqueles que se atiravam uns aos outros, onde, previamente, tinha escrito, “ADORO-A”.
Quando chegou ao lugar e leu, olhou-me com os seus lindos olhos reluzentes e sorriu.
Foi um momento inolvidável!

No dia seguinte, lá estávamos alegres e felizes a dançar e a conversar a noite toda.
No final, a cena repetiu-se, mas dessa vez, no saquinho ia escrito, “Não quer namorar comigo?”.
 
Desde então, esta importante mulher da minha vida, tem-me acompanhado sempre, nos bons e nos menos bons momentos, mantendo inalteráveis os seus lindos e expressivos olhos castanhos e o doce sorriso nos lábios.

                                                                                                                                  Jorge Paulos
                                                                                                                                  Natal 2011

4 comentários:

  1. Que sorte eu tive desse bailarico...nesse dia nasceram uns pais maravilhosos! bjs

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  2. Ainda bem que a Milinhas aceitou namorar contigo!
    Já nesses tempos usavas os SMS, só que na versão de "saquinho de informação".

    Felicidade ao casal que tanta alegria nos passa no dia a dia.
    Bjs,
    carlos

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  3. Ó Avô...
    Não posso acreditar que tu enviaste aquele papelinho à avó com aquilo escrito.
    A avó aceitou logo? Ou só conseguiste à segunda tentativa?
    Beijinhos Leonor

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  4. Não era um papelinho, mas um saquinho de Carnaval.
    A Avó aceitou logo porque estava apaixonada por mim.
    Bjs Avô

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