quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

TRECHOS NATALÍCIOS, No Feminino - T2

                                  À minha filha Alifófó
ALEGRE GARGALHADA

Cena I – Fotografia

Não sei, ao certo, se existe, efectivamente, uma fotografia assim, mas quando relembro a tua meninice, o que retenho na minha memória é uma imagem à volta dos teus três anos, cabelo curtinho, vestido branco com pequenos “bordados” rosa, sapatos pretos de verniz e, em pleno centro de Tavira, aos saltinhos, repetindo:
“Se não fossem os animais, as pessoas morriam”.
E todos paravam para te ver, já então, uma menina muito alegre e bem-disposta.

Cena II – Artista de Teatro

Talvez com quatro/cinco anos, não sei precisar, à borda da piscina do Hotel do Luso, quando ainda tinhas algum receio da água, foste abordada por uma senhora, já de certa idade, que te perguntou:
- A menina sabe nadar?
- Sei, sei – respondeste, sem hesitar – e logo de seguida – mas agora não me apetece.
E todos sorriam com as tuas, já então, respostas sempre prontas.

Cena III – Um pequeno filme

Quando, com 15 anos, acabaste o 9º ano, um de nós bateu à porta de casa e mandou-te dizer que estava alguém lá fora que te queria falar.
Vieste a correr e, de repente, deparaste com uma Casal –Boss que tanto ambicionavas.
Espantada, choraste convulsivamente de emoção, abraçando, um a um, todos os presentes.
E todos se emocionaram também, por te verem feliz com a merecida recompensa pelos êxitos que, já então, alcançavas.

Cena IV – Uma aventura

Sempre pronta para novas aventuras, aos 22 anos, foste “estagiar” para um hotel, em Inglaterra.
No primeiro dia, a encarregada, chamou-te para te perguntar se tinhas carta de condução. “Que sim” – disseste tu.
“Nesse caso”-disse ela – “pegue neste carrinho e pode começar o seu trabalho”.
Telefonaste-me, meia chorosa, dizendo que não sabias se ias aguentar, porque te tinham posto com um carrinho a limpar os quartos.
E todos nós pensámos que não ias desistir, porque, já então, era teu hábito, cerrar os dentes e vencer a adversidade.

Cena V – Um Quadro

Se eu fosse pintor e quisesse retratar-te, preencheria toda uma tela com tinta de óleo, bem espessa, em vários tons de rosa, matizada com três ou quatro riscas grossas de azul forte e, a ocupar dois terços de todo aquele espaço, pintava uma bola vermelha de sol nascente.
A um canto, três pontos verdes e um cãozito, completavam a imagem.
E todos paravam para lerem na legenda, “Alice - Alegre gargalhada”.

                                                                                                                           Jorge Paulos                                         
                                                                                                                            Natal de 2011

3 comentários:

  1. Lindo! Não tenho palavras para descrever o que senti ao ler os 3 textos e o poema...pelo menos neste momento em que a emoção não me deixa pensar...! Muitos beijinhos PAI, ADORO-TE! Filha Alifófo

    ResponderEliminar
  2. Permite-me acrescentar uma frase dedicado à Alice, sempre pronta para novas aventuras:

    -"Aqueles que nada fazem e esperam algum tipo de vitória estão enganados, pois a vitória é dos que lutam, dos que agem, dos que sonham.
    A vitória é dos que se arriscam para alcançar o alto da montanha..."

    Bjs,
    Carlos

    ResponderEliminar
  3. Avô,
    Gostei muito das palavras que escreveste sobre a tia.
    Beijinhos Leonor

    ResponderEliminar