segunda-feira, 31 de outubro de 2011

ALVAR(INHO) o manda-chuva

O Ministro da economia, Álvaro Santos Pereira, sempre disse, a propósito da redução anunciada da Taxa Social Única, que tal medida iria contribuir para o aumento da competitividade das empresas e, assim, aumentar as exportações. Durante um largo período, mau grado todas as vozes em contrário, manteve a sua teimosia. Depois, foi o que se viu… Afinal ia ser apenas… mas que não, tinha era de ser significativamente diminuída e, finalmente, foi para esquecer.
Então, em substituição dessa defunta intenção, surgiu o anúncio do aumento de meia hora por dia do horário de trabalho.
Trata-se de uma decisão que, de um momento para o outro, põe em causa as oito horas de trabalho, como tempo máximo, um avanço civilizacional que muito custou a conquistar e que contribui para o equilíbrio da vida familiar.
Se se juntar os também previstos cortes dos feriados, então, aos subsídios de férias e natal que vão deixar de ser pagos, há que adicionar mais um mês de trabalho anual igualmente não pago.
Questionado sobre a situação daí resultante, o Ministro, com enorme desplante, sem querer saber das consequências que tal trará na própria vida familiar dos que trabalham, limitou-se a dizer, do alto da sua cátedra, que:

“o aumento do horário de trabalho é uma lufada de ar fresco para a competitividade, que vai criar mais empregos e mais exportação”
    
Um vendedor de banha-da-cobra, não diria melhor!
Mas o Álvar(inho) disse, está dito…


Este sujeito faz-me lembrar um episódio passado no Quartel de Mafra, no curso de Oficiais Milicianos. Todos os dias, de manhã, a Companhia formava na parada, sendo que, quando estava tempo de chuva, era hábito levarmos um pano de tenda, para nos protegermos, durante a instrução militar.
Naquele dia, chovia copiosamente e os Cadetes lá formaram com o pano de tenda pelas costas.
O Capitão Silva, homem não muito grande, mas sempre de botas de montar, surgiu e o Alferes mais antigo, mandou “sentido” e apresentou a Companhia ao Capitão.
Após um período de silêncio, o capitão ergueu a voz e berrou:
- Os panos de tenda só se usam quando chove. Quem diz se chove ou não é o Comandante da Companhia. E o Comandante sou eu. E eu digo que não está a chover. Alferes, mande destroçar, para os Cadetes, em cinco minutos, irem pôr os panos de tenda nos cacifos. Quem demorar mais fica sem fim-de-semana.

No percurso para a caserna, os comentários foram muitos e variados, mas o que me pareceu mais apropriado, foi o de um cadete que disse:
- Este gajo, além de labrego, não passa de um “manda-chuva”.  

                                                                                                  
                                                                                                                                

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