quinta-feira, 27 de outubro de 2011

MEDIDAS PALIATIVAS

Começa a ser evidente e, consequentemente, a ser compreendido por um maior número de Cidadãos, que na génese da crise que atravessamos está, essencialmente, a lógica do Capitalismo em que nos movemos.
Relembremo-nos que o Sistema Capitalista sempre se mostrou hábil na organização da produção, mas não na distribuição da riqueza e, que a tendência natural do seu desenvolvimento vai sempre no sentido da concentração da riqueza. Daí resulta, naturalmente, o aparecimento de grandes grupos económicos e financeiros que tendem a dominar tanto os poderes económicos como os poderes políticos instalados.
Quem tem muito, quer sempre mais!
A consequência é que a riqueza vai passando, na sua totalidade para um dos lados, até que se esgota do outro.
Quando se atinge esse ponto de saturação, começa, inevitavelmente, a desenhar-se um movimento de revolta, cujo desfecho incerto assusta os detentores do capital, que começam, então, a aceitar medidas paliativas, anteriormente impensáveis, procurando, assim, senão apagar na íntegra, pelo menos acalmar o incêndio já à vista.

O que está a acontecer com o apregoado perdão de parte da dívida à Grécia, com a criação de um amplo fundo de resgate e, provavelmente, com o alargamento dos prazos de pagamento das chamadas dívidas soberanas, não é mais do que, por essa via, adiar alterações inevitáveis deste sistema capitalista selvagem, que não olha a meios para voltar de novo a concentrar a riqueza.

Medidas de fundo que alterem o modo como o sistema capitalista procede à distribuição da riqueza, que levem em conta, de forma mais proporcional, o esforço que cada um desenvolve no exercício da sua actividade profissional, não esquecendo, também, que qualquer trabalhador é um ser humano, não se vêem surgir e, pior ainda, é que nem de tal se quer falar.

O que se está, entretanto, a fazer, pode ser importante e evitar, de momento, uma explosão de dimensões incalculáveis, mas não resolve o fundo do problema, porque de facto o que os decisores pretendem é mudar apenas alguma coisa para que tudo fique na mesma… 

Sem comentários:

Enviar um comentário